Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > colunistas > KÁTIA NAJARA
COLUNA

Kátia Najara

Por Katia Najara

ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 09 de fevereiro de 2017 às 10:38 h | Autor: Katia Najara

Afrodisíaco é psicológico

Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

Eu tenho pra mim que esse negócio de comida afrodisíaca é mais lenda do que qualquer outra coisa, o que não deve diminuir a sua reputação, ao contrário.

Até acredito que alguns alimentos sejam capazes de apurar os sentidos e provocar sensações de prazer que associamos, convenientemente, ao tesão.

Frutas vermelhas “da cor da paixão” e do coração; cheiro de especiarias que levam para dentro das páginas do Kama Sutra; bananas, pepinos e cenouras tão fálicas (peço licença para acrescentar um churro com glande de doce de leite prestes a receber uma lambida); a visão de uma ostra úmida, figos e pêssegos tão vaginais quando partidos ao meio; o fatídico aumento dos batimentos cardíacos e o calor provocado por uma pimenta muito vermelha.

Catuaba, amendoim, canela, chocolate, cravo, gengibre, ginseng, mamão, mel, noz-moscada, romã e especiarias, são apenas alguns dos muitos alimentos considerados afrodisíacos, mas ainda que possuam de fato substâncias que estimulem a libido a esse nível (e parece não haver muitas provas concretas), quantos aspargos, por exemplo, é preciso comer “para atingir os níveis sanguíneos de histamina” capazes de proporcionar um orgasmo? Uma bacia? E com a barriga cheia de aspargo, ainda tem jogo? Por mais que ajudem na produção de hormônios da libidinagem, quantas lambretas precisarão ser comidas para um efeito imediato?

Vem pra cá, deusa do amor!

A etimologia do nome vem de Afrodite, a deusa do amor na mitologia grega, e passou a ser usada para designar algo que provoca, estimula ou restaura o desejo sexual, como comidas, bebidas, cheiros, ervas e outras substâncias que incrementam a libido, e que eu ampliaria para qualquer coisa capaz de estimula-la através dos sentidos, e para além deles, quando permeia, além dos seis, também o imaginário, e claro, o subconsciente.

Mas voltando aos alimentos, o camarão, por exemplo – que nem é top 10 na lista de alimentos afrodisíacos –, eu particularmente acho o pistola uma coisa obscena, e confesso que sinto coisas só de vê-lo, mais ainda ao comê-lo.

Da mesma forma o vinho tinto, mas esse já é chapa branca, e a depender do contexto, da ambiência, pode ter o seu apelo afrodisíaco elevado a algumas potências, porque tudo é uma unha vermelha segurando uma taça, uma boca que sorve, uma gota que escorre... a cena, a meia-luz, a música... tudo pode ser afrodisíaco, até porque incontestavelmente afrodisíaca é a mente.

Esta sim. Mais do que os princípios ativos desses alimentos, nela eu acredito. Para o bem e para o mal. Tanto que também acho improvável que até mesmo o mais obsceno dos chocolates consiga dar uma turbinada, um vrrru, na libido de uma mulher com a cabeça cheia de demandas e problemas e com a estima no pé, assim, como num passe de mágica.

Afrodisíaco mesmo é o amor-próprio

As portas precisam estar abertas. Predisposição, entrega, autoestima. Portanto, afrodisíaco mesmo é estar bem consigo. É habitar um corpo saudável e uma mente livre, desobstruída, e livre de preconceitos e valores determinados pela sociedade cafona lá fora.

É sentir-se seduzida por si mesma. Olhar no espelho e gostar de si, ainda que o que se veja não seja um corpo de tevê, mas o corpo de sua própria história e existência, que precisa ser amado, primeiro por si, que o resto é consequência. Só assim a pílula afrodisíaca é capaz de fazer efeito.

Da mesma forma tem os anti-afrodisíacos que podem transformar o filme erótico em cinema catástrofe. Nada de repolho, cebola demais, leguminosas que fermentam loucamente ou bafos d’alho, é sabido. Salvem o romance!

No frigir dos ovos (também na lista dos anti-afrodisíacos, aliás), acho esse lance de afrodisíacos e seus joguetes de amor superválido e divertido, mas no fundo eu acho mesmo é que o afrodisíaco é psicológico.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Assine a newsletter e receba conteúdos da coluna O Carrasco