Cimatec, inteligência que falta tirar leite de pedra. Mas está quase
Confira a coluna Levi Vasconcelos deste domingo
O Cimatec do Sertão, o projeto de parceria entre o Senai-Cimatec e a Shell, que pretende transformar o sertão onde a seca é mais forte num celeiro de boas novas, como energia limpa, adubo, remédios e afins a partir do sisal, está todo no gatilho. Só falta o governo desapropriar a área para começar.
Se os baianos como um todo pudessem mensurar as imensas expectativas que o projeto causa entenderiam o que é bom tom. E não é para menos. A área, a partir de Con ceição do Coité, região de Serrinha, é das mais sofridas, pela aridez climática. Dizem lá que se o Senai-Cimatec só fizesse isso na vida, já justificaria a sua existência.
Mas as iniciativas na ponta de lança científica se dão por outras vias, além do Cimatec Sertão, também o Cimatec Mar e o Cimatec Digital que totalizam 44 competências, inclusive uma estrela em ascensão, um remédio cicatrizante a partir do licuri, uma palmeira típica do sertão.
Seleção —O Senai-Cimatec, ligado ao Sistema S via Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) tem apenas 20 anos de existência, e é um caso único no Brasil.
Quem pilota o barco é Leone Andrade, diretor de inovação, com outros auxiliares como Luis Bredas, diretor de operações, e Walter Pinheiro, ex-senador que deixou a vida pública e lá virou diretor de relações corporativas e governamentais, além do cientista Roberto Badaró, o homem que vai fazer o remédio do licuri e também a produção de vacinas, além de um arsenal para combater bactérias.
Pinheiro conta que como deputado e senador direcionou muitas emendas para lá:
— Diziam que isso não dava voto. Na primeira vez que fui deputado federal, em 1994, tive 19 mil votos, na última, em 2006, 12 anos depois, eu tive 200 mil votos.
Seleção —Pinheiro diz que quando decidiu deixar a vida pública era secretário de Planejamento e juntou o bom do governo com o Cimatec.
As competências do Cimatec invadem também as profundezas do oceano, sem falar no monitoramento total das atividades no pré-sal sete dias por semana, 24 horas por dia. Mas Pinheiro se diz satisfeito.
— Tô feliz em colaborar com tudo isso.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Lei do mais forte
Honra e glória da ciência na Bahia, o professor Roberto Badaró, uma das maiores autoridades em infectologia do planeta, hoje tocando pesquisas no Senai-Cimatec, passou grande parte dos seus 71 anos de vida nos EUA.
No seu vasto currículo de cientista foi pesquisador e professor associado da Universidade de Cornell em Nova York, EUA, também da Harvard School of Public Health, Boston, EUA, consultor científico do Infectious Diseases Research Institute Seattle e da Organização Mundial de Saúde.
Banzo é a doença que batia no negro escravizado e foi isso que aconteceu com ele, segundo o próprio, quando decidiu voltar. Conta ele que lá um dia estava em Las Vegas, quando foi informado: os hotéis estavam todos lotados, só tinha vaga naqueles que promoviam lutas de boxe, algo não muito recomendável para quem queria tranquilidade. Topou.
Noite fria, vestiu o capote, o protetor de ouvidos, saiu na rua, lá veio um bandido:
— É um assalto!
Com seus quase dois metros de altura, rodou o braço e bradou:
— E eu sou do MMA!
Até hoje o bandido corre.