Com Bolsonaro lá e Rui cá, a Bahia vai ser perseguida? Eis a questão
Conforme o previsto, Jair Bolsonaro aniquilou os tucanos no primeiro turno e bateu o PT no segundo, vitória que suscita uma série de interrogações. A principal delas, para os baianos, é sobre a governança.
Se Rui Costa, o governador reeleito, foi arauto da campanha de Haddad, retaliar a Bahia ou vai adotar a política da boa vizinhança em nome da governabilidade?
Na Bahia, no primeiro turno Haddad teve 60,28% dos votos contra 23,41% de Bolsonaro. No segundo, os dois cresceram, mas Haddad pulou para 72,50%, ou 12 pontos a mais, enquanto Bolsonaro foi para 27,50%, quatro pontos a mais.
Fiol e ponte
Rui já tinha preparado dois planos para tocar a vida, o A e o B. O A com Haddad lá, o dos sonhos, o B com a derrota, que aconteceu. Vai ter que tocar o B, focado principalmente na conclusão das obras já em andamento.
Fora o varejo, que tem muita importância no conjunto, as duas grandes demandas baianas são a conclusão da Fiol, que Bolsonaro em campanha prometeu, e a ponte Salvador-Itaparica, que precisa da participação federal em quase R$ 1 bi.
Após a vitória Bolsonaro, em tom conciliador, disse que seria presidente do Brasil ‘de norte a sul’. Haddad, em seu pronunciamento, afirmou que faria uma oposição colocando os interesses do País acima de tudo. Claro que há muito a conferir. O resto é o que importa, a margem de erro.
Voto rápido, a baiana perdeu
Juzi Cláudia, baiana do acarajé, moradora de São Marcos, aproveitou o dia ontem, como fez no primeiro turno, para matar dois coelhos de uma só cajadada: votar e vender acarajé.
No primeiro turno, com a demora da votação, a venda foi boa, tão boa que a animou a repetir a dose. Mas ontem, com a votação rápida, ela admite que o tabuleiro sentiu o baque:
— Deu para levar, mas assim, com boa vontade...
Isaac cai, Leur fica, de novo
O caso de Isaac Carvalho (PCdoB), ex-prefeito de Juazeiro que teve mais de 100 mil votos para deputado federal, mas está impugnado, teve nova reviravolta.
O ministro Joel Ilan Paciornik, do STJ, manteve a condenação imposta pelo TJ baiano e com isso Isaac se complica no processo do TSE que o impugnou.
Se a decisão for mantida, Leur Lomanto (DEM) fica com a vaga. O caso está virando novela.
Buerarema repete a dose
As disputas mais acirradas do segundo turno aconteceram em Itabuna e Vitória da Conquista. Haddad ganhou nos dois, mas apertado. Em Itabuna de 51,38% contra 48,69% e em Conquista de 55,95% contra 44,05%.
Buerarema, que é vizinha de Itabuna, onde há forte conflito entre supostos índios e fazendeiros, manteve a escrita: Bolsonaro ganhou no primeiro turno de 46,46% contra 36,71% e no segundo 55,26% contra 44,64%.
Tempero baiano no mix da Câmara dos Deputados
Fim de campanha, agora é ver no que dá a representação que emergiu das urnas de outubro. Dizem nos meios políticos, por exemplo, que a Câmara dos Deputados, em Brasília, terá uma miscelânia democrática que promete dar o que falar.
O top da lista é Aécio Neves (PSDB-MG), agora deputado federal, com o caso Joesley Batista no calo, mais Alexandre Frota (PSL-SP), um ator pornô, mais Jean Willys (PSOL-RJ).
O tempero baiano: na geleia vem Igor Kanário (PHS-Ba), que sempre trombou com a PM num cenário em que as forças de segurança, com as quais ele briga, apoiaram Bolsonaro e, completando, o Sargento Isidório (Avante-Ba). Vai dar um bom caldo.