E a ponte está andando, por debaixo d’água, por enquanto. Em 2025 sobe
Confira a coluna deste domingo, 21
Xi Jinping, presidente da China, deve vir ao Brasil em novembro para a reunião da cúpula do G20, que vai acontecer no Rio de Janeiro, dias 18 e 19 de novembro. Se ele vem a Salvador não se cogitou, mas com certeza absoluta a ponte Salvador-Itaparica estará na pauta dos encontros bilaterais entre ele e Lula.
Vão fazer os ajustes finais, as pendências ainda geradas pela pandemia, essas que deixam Jerônimo ‘irritado’, como diz o próprio, para selar de vez o projeto. Mas uma ressalva: cá na Baía de Todos-os-Santos, o palco da ponte, a obra já começou a andar. É por baixo d’água, por enquanto, mas com largas braçadas.
A sondagem em terra e nas profundezas da BTS vai exigir 102 furos, dois em terra, já feitos, 22 em águas rasas e 78 em águas profundas. Este trabalho, o das profundezas, com 60 metros de água mais 20 de areia, até bater na rocha, já começou. Só aí são 300 empregos, de 20 empresas contratadas, 17 delas baianas.
>>> A Bahia agora destrava? A Fiol é o ruído da vez
Primeiro pilar — Hoje a obra anda numa balsa ancorada no meio da BTS. Já foram feitos dez furos. O material coletado é pilotado pelo geólogo Daniel Gabriel, que examina amostras como do folhelo, ‘a lama que vai virar rocha ou a rocha que está virando lama’.
Diz Cláudio Vilas Boas, o Ceo do Consórcio da Ponte Salvador-Itaparica, que em meados de agosto chegam mais duas balsas para acelerar o processo, com conclusão prevista para meados de 2025, quando estará tudo no ponto para erguer o primeiro de 160 pilares.
— É a hora que o povo vai ver para valer. Esse trabalho aqui vai custar R$ 120 milhões, que totaliza investimentos de R$ 300 milhões
Noutras palavras, ninguém joga essa grana fora.
Canteiros — Segundo Cláudio, quando o primeiro pilar for fincado, três canteiros, um em Salvador, outro em Bom Despacho e outro em São Roque do Paraguaçu, Maragogipe, onde serão construídos os pilares, estarão montados.
— Serão 7500 trabalhadores. Estamos treinando o pessoal em parceria com o Senai-Cimatec. Queremos aproveitar o máximo possível o pessoal local.
Hoje, a balsa trabalha 24 horas por dia, com 60 trabalhadores, 20 para cada período de 8 horas. E no meio deles surge a primeira boa notícia da ponte. Quem comanda a segurança de tudo isso é uma mulher, Rená Porto Pisetta, capixaba, engenheira de segurança.
— Me sinto honrada de participar de obra tão importante. Tô adorando.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Osório e o povo
Osório Vilas Boas, o homem que marcou época como presidente do Bahia, ganhou fama em 1959, quando o tricolor baiano conquistou a Taça Brasil, tida como o primeiro campeonato brasileiro, ganhando a final do Santos do Rei Pelé.
No embalo da popularidade, candidatou-se a prefeito de Salvador em 1962 com o slogan: ‘Osório e o povo contra o resto’. Perdeu para Virgildásio Sena (que acabaria cassado após o golpe militar de 1964).
Amargava a melancolia que afeta os derrotados nos primeiros dias após a eleição, quando chegou na casa dele um eleitor:
— Sêo Osório, eu moro num barraco lá no Corta Braço (hoje Pero Vaz), estou querendo sair da madeira e ir para o tijolo, vim lhe pedir uma ajuda.
— Meu filho, a eleição já passou e eu perdi.
— Mas o senhor não disse que acontecesse o que acontecesse seria sempre ‘Osório e o povo contra o resto’?
— Eu disse, mas a vida não é como a gente quer, é como é. Agora é ‘Osório e o resto contra o povo’.