Eleição no TJ teria 4 candidatos, mas a disputa mesmo é entre 2
Coluna Levi Vasconcelos deste domingo, 16

No livro Memórias do Judiciário, o desembargador Mário Albiani diz que eleição no TJ da Bahia se decide na véspera. Que pena Albiani tenha nos deixado em julho de 2021. Se ainda estivesse entre nós teria que fazer um acréscimo: ou no dia.
É exatamente esse cenário que está delineado na eleição do sucessor da desembargadora Cynthia Resende na presidência do Tribunal de Justiça da Bahia, que vai acontecer quarta-feira.
Quatro desembargadores se inscreveram como candidatos, Jatahy Fonseca Jr., José Edivaldo Rotandano, Ivone Bessa e Balthazar Miranda. Mas a disputa está trincada mesmo é entre Jatahy e Rotandano. É aí que entra o reparo de Albiani apontar um franco favorito.
DeSfalque –O TJ da Bahia ainda sofre sequelas da Operação Faroeste. Dos 70 desembargadores, 10 foram afastados pela investigação, deflagrada em 2029 acusando-os de venda de sentenças envolvendo terras em Formosa do Rio Preto. Nove já foram aposentados, a maioria compulsoriamente. Resta Maria do Socorro Santiago, afastada, mas ainda na ativa.
Dessa forma, o colégio eleitoral tem hoje 63 eleitores aptos, mas só 61 vão votar. Maria do Socorro está fora e Aliomar Brito completa 75 anos exatamente na terça-feira, véspera da eleição, quando ele já estará automaticamente aposentado.
Ganha a eleição quem obtiver 31 votos, e é aí que a conta não fecha. Rotandano, Jatahy e Ivone dizem que vão ganhar a eleição. Brincam lá: se fosse verdade, o TJ teria que ter 93 desembargadores, só para empatar.
Seja como for, o fato é que a civilidade está imperando. Antes se dizia, por exemplo, que os desembargadores egressos do 5º Constitucional da OAB e do Ministério Público tinham um déficit de legitimidade. Isso acabou. Lourival Trindade e Nilson Castelo Branco, os antecessores de Cynthia, vieram da OAB.
Hoje, Rotandono é originário do Ministério Público e os outros três da magistratura, mas isso não conta. Ivone Bessa não está bem articulada, Balthazar é quase só e o jogo fica mesmo entre Jatahy e Rotandano. Quem vai ganhar? Só se saberá no ida. Viu, Dr. Albiani?
Clima tranquilo –No atacado, o clima é de absoluta tranquilidade. Os candidatos se cumprimentam, confraternizam e se dão bem entre si. Nem por isso deixa de correr as picuinhas. Falam, por exemplo, que Rotandano perdeu gás com a aposentadoria do ministro Luis Roberto Barroso, no STF, de quem era muito amigo.
Mas outros dizem que isso é pouco significativo, já que Kássio Nunes Marques e Dias Tóffoli são presenças constantes em Salvador, o que é muito bom que o vencedor tenha boas conexões federais.
POLÍTICA COM VATAPÁ
Amigo e deputado
E eis que um dia Ewerton Almeida, o Ton Legal, vereador em Jequié e duas vezes deputado estadual (falecido esta semana), vai a Ipiaú, terra natal dele, e encontra o amigo Zé da Padaria, que estava com três meses de negócio aberto, uma padaria, cobrando o pão bem abaixo da concorrência. Chamou ele no canto:
– Zé, tem 60 dias que eu estive aqui e o seu pão continua mais barato. Pode ajustar o preço que a padaria já embalou.
– Não, eu prefiro assim. Tá a clientela satisfeita e eu me dando bem.
Calou, na hora do comício, do alto palanque, soltou:
– Tenho aqui o meu amigo Zé da Padaria, que mantém o preço do pão mais baixo sem dar ouvidos aos amigos malfazejos que o aconselham a subir o preço. É isso aí, Zé! Manda Satanás andar!
Desceu do palanque, um amigo falou:
– Mas deputado, o Satanás que aconselhou Zé a aumentar o pão foi o senhor...
– Meu querido, não misture as coisas. Quem falou para o Zé foi o amigo e quem estava no palanque era o deputado. Você já viu deputado pedir para subir preço de pão?
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