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Arautos da hipocrisia, o mal maior do Brasil

Publicado domingo, 12 de julho de 2015 às 13:42 h | Autor: Com Luiz Fernando Lima
Funil, ilustração, trânsito
Funil, ilustração, trânsito -

É comum na política os políticos usarem princípios nobres para autopromoção e simultâneamente para desqualificar adversários.

Exemplo: expor à exaustão mazelas políticas de quem está no poder, pertinentes, superdimensionadas ou inventadas para proclamar-se salvador da pátria.

Quase sempre resulta que o arauto da moralidade na real é arauto da hipocrisia.

O grande exemplo dos tempos modernos é o PT. Projetou-se posando de dono da moralidade pública e, quando chegou ao poder, entrou de sola no esquemão.

Ironia do destino: o PT, representado por Dilma, agora paga com a mesma moeda.

Enfraquecida, a presidenta se vê refém de um Congresso de credibilidade pífia.

Sem falar de Renan Calheiros (PMDB-Al), presidente do Senado, todo enroscado com a Justiça, e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, acusado até de morar em casa paga por um doleiro, que, para emparedar Dilma, aprovam atos como as legítimas aspirações dos aposentados por reajustes dignos nos seus proventos, o que jamais fariam se no governo estivessem.

E se Dilma cair, quem virá? Outro arauto, ora bolas. Ainda está longe o tempo em que a sinceridade será valor fundamental.

Fora de foco

O governo brasileiro festeja o bloqueio, em Washington, da posse de uma pedra de 380 quilos extraída em Pindobaçu, chamada Esmeralda Bahia, alvo de disputa nos EUA, mas o deputado Adolfo Menezes (PSD), que é de Campo Formoso e vendedor de esmeraldas, diz que o governo está completamente fora de foco na questão das pedras preciosas, a começar por um fato significativo:

— A pedra em apreço não é esmeralda. Chamamos de ganga, que é baixo valor. Aliás, a maior esmeralda do mundo está no museu de Teerã e tem 6 gramas.

Evasão — Segundo Adolfo, esmeraldas, como turmalinas e outras pedras preciosas, existem de várias qualidades, mais ou menos puras, quanto mais puras, mais caras.

— A questão é que o governo não tem avaliadores e todo mundo carrega pedras valiosas pelo preço das mais baratas. O Brasil perde muito e agora festeja o nada.

"Não vou ficar esperando o violino tocar ali em cima para afundar com o Titanic"

Walter Pinheiro, senador, respondendo a pergunta de ouvinte 'se ele iria afundar com o Titanic', referindo-se ao PT, durante entrevista a Mário Kertész, na Metrópole (mas não disse que sairá do partido).

"Só vai ser eleitoquem for muito rico, pastor que temigreja ou policial que tem corporação"

Júlio Delgado (PSB-MG), criticando o texto da reforma política aprovado na Câmara.

PM não gostou

O comando da PM não gostou nem um pouco da cobrança pública de ACM Neto para que a SSP providenciasse o policiamento nos chamados 'corujões' (ônibus que vão trafegar durante a madrugada em Salvador). A questão: é obrigação da PM fazer isso.

Em tradução livre: cheira a demagogia chamar a PM para fazer sua obrigação, o que bem ou mal ela já faz.

De mal a pior

Os hotéis de Salvador tiveram em junho passado o pior desempenho dos últimos quatro anos. A taxa de ocupação média foi de 43,58% e a diária média, de R$ 206,88.

Comparando com maio, um mês 'morto' em termos turísticos, também foi pior.

A hotelaria está com as mãos na cabeça.

Carga dupla — Manolo Garrido, presidente da seção baiana da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA) credita o insucesso a dois fatores, o fechamento do Centro de Convenções e a falta de organização no São João.

No gatilho — Nelson Pelegrino, secretário de Turismo, diz esperar iniciar em 15 dias as obras emergenciais do Centro de Convenções. A pretensão é colocá-lo funcionando até o final deste ano. Hoje, o Centro está interditado. Pela Sucom.

Destino incerto

Henrique Carballal e J. Carlos Filho, vereadores eleitos pelo PT e expulsos do partido, devem ir respectivamente para o PV e o PDT. Já Duda Sanches e seu pai, o deputado Alan Sanches, que são do PSD, mas romperam com o governo, ainda estão com destinos indefinidos.

O certo é que Alan já passou pelo PSDB e o PMDB e os dois não o querem de volta.

Gargalo ampliado

Responsável pelos gigantescos engarrafamentos matinais na Paralela, sentido centro, o gargalo em frente à Madeireira Brotas vai piorar com as obras do metrô.

É simples. Na área, as vias exclusivas para ônibus, bem em frente, serão por onde o metrô vai passar. O que quer dizer que os buzus voltarão para a pista principal.

Haverá algumas intervenções para ampliar o espaço, mas ACM Neto avisa:

— É só para mitigar. Os problemas no local serão inevitáveis.

problemaço — Fábio Mota, o secretário da Mobilidade, diz que o ideal seria a construção de vias subterrâneas na área, com túneis. Mas a ideia esbarra num probleminha. Aliás, problemaço: a falta de dinheiro.

POUCAS & BOAS

A partir de terça, o Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro, inaugura uma exp0sição de sanfonas. O evento marca a abertura do III Festival Internacional da Sanfona, que é promovido pelo sanfoneiro Targino Gondim e vai reunir artistas de todo o planeta.

POLÍTICA COM VATAPÁ

Último pedido

Enquanto viveu, Ladislau Reis de Souza, o Coronel Santinho, deu as cartas na política de Mata de São João. Mandou 35 anos. Foi prefeito três vezes, sempre fazendo o sucessor e sempre tendo como adversário José Carlos Corrêa, Zezeca.

Perto de morrer, em 1985, manifestou um dos seus últimos desejos: queria ver Zezeca, o seu arquiadversário.

Zezeca aceitou o convite, os dois cara a cara, o Coronel falou:

— Zezeca, estou no leito da morte. E lhe chamei aqui porque eu não morreria tranquilo sem lhe dizer uma coisa: eu sei que você será o próximo prefeito de Mata.

— Por que, Coronel? O senhor vai me apoiar?

— Eu jamais lhe apoiaria! Você vai ganhar porque eu vou morrer. Nunca venceu antes porque eu não deixei!

Bateu. Santinho morreu, Zezeca ganhou. Derrotou Ladislau Filho.

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