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Vilson Caetano

Por [email protected]

ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 03 de novembro de 2016 às 12:33 h | Autor: [email protected]

Os caminhos da comida na Feira de São Joaquim

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A Feira de São Joaquim é dividida em ruas e quadras que, antes de serem conhecidas por seus números, são chamadas, ora pelo nome do vendedor mais antigo, ora pelo nome de seus produtos. Tem-se assim a rua da carne, a rua do tempero, rua do camarão, rua da bomboniere, rua das frutas, rua da carne salgada, rua do tempero seco, rua do alho, rua da carimã, rua dos cereais, rua da banana, rua da pimenta, o mercado de peixe e assim por diante. 
Dos 26.903 associados no Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Ambulantes da cidade do Salvador, estima-se que 7 mil estejam na Feira de São Joaquim, embora se saiba que este número deixa de fora algumas pessoas que transitam esporadicamente na feira. 
A Feira de São Joaquim abriga aqueles que não vão embora, os que resistem ir para a casa no final do expediente, “o pessoal da madrugada”,  formado pelos caminhoneiros e grossistas,  e por fim, feirantes e ambulantes que iniciam seus trabalhos a partir das  5 horas da manhã. 
Esta “cidade que não dorme”, formada por várias feiras, é atendida por aproximadamente 200 bares e restaurantes. Trata-se de instalações, a maioria, onde se  trabalha não mais que 4 pessoas e a distância entre o balcão de atendimento e a cozinha fica a menos de 1 metro separada por uma cortina. 
Não há comida dormida na feira, nos conta a secretária do Sindicado dos Feirantes, pois “não dá tempo”. Além de tudo ser adquirido no próprio local, a comida é preparada na hora e no mesmo dia. Comida na feira não sobra e além de porções generosas, há bares que dão a opção do cliente montar o seu prato. 
Por volta  das 2 horas da manhã, pode-se assistir  ao desfile dos carros de cafezinho. De freguesia certa, a bebida pode ser adquirida por preços que variam de R$ 0,25 a R$ 1. A partir das 5 horas, alguns bares servem  um café da manhã. Café preto, ou café com leite onde o carro chefe é o pirão de aipim e o cuscuz de milho, acompanhados com carne do sol, carne de sertão ou ovos.  Encontra-se também o feijão. O valor varia de R$ 8 a R$ 12. 
A partir das 7 horas, moças passam com um caderno “tirando os pedidos.” O cardápio em linhas gerais já é conhecido por todos. Pode-se comer: ensopado de frango com verduras, assado de boi, ensopado de boi, galinha assada, acompanhados de feijão, arroz, macarrão e uma salada de pepino, tomate e cebola ou de salada vinagrete. 
Há dias reservados a certas comidas. Na segunda-feira, os poucos bares que funcionam,  preparam  ensopado de boi. Uma exceção é o bar de Silvia, que serve moqueca e rabada neste dia. Seu restaurante fica  no primeiro andar da área requalificada, que chega a abrigar um total de aproximadamente 90 restaurantes. Na terça feira, além do ensopado de boi, se oferece a galinha ao molho pardo e a galinha assada, mas come-se também um omelete no bar de Dinho, que na quarta feira prepara uma  concorrida moqueca de fato na rua da bomboniere, conhecida também como  rua do fumo. 
Além das frutas
Na quinta-feira, o prato principal é o cozido com pirão, mas pode-se encontrar também o assado de boi como uma opção para quem não gosta de comer verduras e bife ao molho. Sexta feira é comida baiana na feira inteira.  Varia-se com moqueca de peixe ou xinxim de galinha. 
No restaurante  Valenciano, onde o dono é conhecido pelo nome do peixe vermelho, pode-se pedir para montar o prato com peixe, chumbinho, camarão ou outros frutos do mar. Este restaurante fica na rua da linha da máquina. Os preços variam de R$ 18 a R$ 60 de acordo com o tamanho da moqueca. 
Sábado é o dia da feijoada, da rabada e do sarapatel. Na área requalificada ou  feira nova, o restaurante São Jorge, ou bar de Gago, é tido como referência  para estes pratos. Este bar tem também como especialidade  a agulhinha frita. Domingo é o dia do mocotó. A referência do mocotó é o Bar dos amigos, ou o restaurante de Massaranduba. Ele fica na rua da carimã. 
Há bares que ficaram famosos por pratos servidos todos os dias, como o de Seu Jacó, onde se pode encontrar um churrasco composto de  carne de boi, frango e calabresa acompanhados de salada vinagrete, feijão tropeiro e arroz.  O valor depende da quantidade, variando de R$ 12 a 15. Outro restaurante afamado é o de Dadá, situado à rua Mário Murici ou rua da pimenta. O Cantinho da Dadá mantém a fama pelo feijão, a rabada e o sarapatel,  oferecidos aos sábados. Outra curiosidade é que a dona do restaurante encanta os fregueses pela rapidez com que risca  e soma a conta no balcão.  Há restaurantes que atendem 24 horas. 
A comida da feira é boa. Sempre que sobra tempo, a saboreio.  Pena que faltam incentivos para que as pessoas que visitam a nossa cidade percorram estes caminhos. O  que poderia ser um turismo gastronômico tem-se reduzido à experiência de provar  algumas frutas.
 Muitos de nós ainda resistimos  comer na feira, a sentir outros cheiros e sabores. Espero que este texto desperte  curiosidade e sirva de motivação ao menos para percorrermos alguns destes caminhos na certeza de que a comida pode ser um bom motivo para irmos à feira de São Joaquim.   Bom apetite!

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