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Ataque a aplicativo causa transtorno para acessar serviços e viajar

Como alternativa, Ministério da Saúde destaca app de vacinação da prefeitura de Salvador

Publicado sexta-feira, 10 de dezembro de 2021 às 21:03 h | Autor: Rodrigo Aguiar

Um ataque hacker ao aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, causou transtornos nesta sexta-feira, 9, a quem viu desaparecer o comprovante de vacinação ou sequer conseguiu acessar a plataforma. Na Bahia, houve dificuldades para acessar serviços públicos ou mesmo para viajar - ontem foi o primeiro dia da exigência do comprovante de vacinação para utilizar o transporte intermunicipal.

Sem conseguir exibir o Certificado Nacional de Vacinação contra a covid-19 no app, a saída de quem não carregava no bolso a carteira de vacinação foi apelar para a família. "Muita gente pediu a familiares que mandassem foto da carteira com as informações. O pessoal que está fiscalizando é das empresas [de transporte] e nós estamos dando um apoio", relata Celso Cerqueira, funcionário da Agerba que atua na Rodoviária de Salvador.

Já no SAC, por exemplo, muita gente com horário agendado voltou para casa sem ser atendida, porque não tinha o documento impresso e não conseguiu usar o aplicativo. "SAC da Bahia solicitando comprovação de vacinação através do Conecte-SUS para acessar a unidade e utilizar seus serviços. Beleza! Mas o sistema do SUS foi hackeado e os dados desapareceram. E agora? Vou ficar sem meu documento?", reclamou um usuário do serviço, nas redes sociais.

Em Vitória da Conquista, por causa da instabilidade no aplicativo, a Secretaria Municipal de Saúde suspendeu, temporariamente, a atualização dos dados de vacinação contra a covid-19. A pasta lança no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) as informações dos cidadãos já vacinados.

Coordenador do Núcleo de Tecnologia da Informação da Secretaria Municipal de Saúde da capital, Ariovaldo Borges Júnior aconselha que os soteropolitanos façam adesão também ao aplicativo Passaporte da Vacina, lançado pela prefeitura de Salvador, disponível para plataformas iOS e Android. Até então, foram realizados aproximadamente 300 mil downloads do app. "O uso desse serviço poderá ser exigido para acessar eventos, restaurantes e estabelecimentos. Para evitar transtornos, é recomendado que os soteropolitanos façam a adesão para circular livremente nos espaços. Nessa ferramenta é possível checar se o cidadão já tomou a vacina contra o vírus e comprovar em qual das doses está imunizado”, afirma.  

Também é possível acessar a plataforma no site e emitir um QR Code em PDF ou imprimir a carteira de vacinação. 

O Ministério da Saúde criou um hotsite para orientar quem precisa comprovar a vacinação. A pasta destaca, inclusive, a existência do aplicativo de vacinação da prefeitura de Salvador.

Em coletiva, o secretário executivo do ministério, Rodrigo Cruz, explicou que, além da versão física do cartão de vacinação, a segunda via do documento pode ser solicitada na unidade de saúde onde a pessoa se vacinou.

O secretário executivo informou que o Ministério das Relações Exteriores enviará aos países que solicitam o certificado pedido para que aceitem o cartão de vacinação.

Devido ao ataque ao aplicativo, a portaria que estabelecia a apresentação do certificado de vacinação ou quarentena para entrada no Brasil, que entraria em vigor hoje, foi adiada por uma semana.

Já o governo da Bahia estabelece que a comprovação da imunização deve ser feita através do ConecteSUS ou apresentação do documento fornecido no momento da vacinação.

Para evitar novos problemas, quando o ConecteSUS voltar ao ar, é recomendado aos usuários fotografar a tela das vacinas e deixar nos “favoritos” do celular.

O Estado já condiciona o acesso a seus órgãos e unidades administrativas à apresentação de comprovante de vacinação. Conforme decreto, isso também se aplica a parques públicos estaduais, zoológicos e escolas da rede estadual de ensino. 

Além disso, termina na próxima terça-feira, 14, o prazo para comprovação de vacinação por servidores e empregados públicos estaduais. Os servidores devem preencher uma autodeclaração e anexar o comprovante da imunização no RH Bahia.

A regra é válida para servidores estaduais, civis e militares; integrantes dos órgãos e entidades da administração pública do Poder Executivo Estadual que compõem a administração direta, autárquica e fundacional; estagiários e integrantes do Programa Primeiro Emprego. Quem não seguir a norma pode responder de acordo com o previsto em decreto.

Como alternativa, a Rede SAC informou aceitar o cartão de vacinação físico ou até mesmo a foto do documento, que pode ser apresentada no próprio celular. "Na impossibilidade de acessar o aplicativo do SUS, o SAC lembra que o cidadão também pode fazer consulta ao site da SMS, através da qual pode obter o status de sua vacinação para fins de comprovação", disse, por nota.

Ataque

Ao comentar o ataque hacker ao aplicativo e ao site do Ministério da Saúde, o titular da pasta, Marcelo Queiroga, afirmou que os dados da população "não serão perdidos" e chamou o episódio de "atitude criminosa".

"Esses dados não serão perdidos, o Ministério da Saúde tem todos os dados, é só uma questão de resgatar esses dados e colocá-los à disposição da sociedade", declarou o ministro.

A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o ataque. Serão apurados três crimes: invasão de dispositivo informático, interrupção ou perturbação de serviço informático, telemático ou de informação pública, e associação criminosa. Segundo a PF, os bancos de dados de sistemas do Ministério da Saúde não foram criptografados. Os hackers dizem ter obtido 50 terabytes de informações.

Nas redes sociais, opositores do governo Bolsonaro especularam sobre o ataque. "Num dia Bolsonaro e Queiroga atacam o passaporte sanitário. No outro o ConecteSUS, uma plataforma do Ministério da Saúde, é hackeado e os comprovantes de vacinação são apagados. É preciso investigar quem são os responsáveis por esse crime", afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da minoria na Câmara. "A quem interessa a sabotagem ao ConecteSUS e a alteração de dados de pessoas com visibilidade? A sociedade tem direito de saber de onde partiram os ataques hackers, quem são os responsáveis e quando o sistema voltará ao normal", disse a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP).

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