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"A cultura não pode ficar à mercê dos políticos", diz subsecretária

Subsecretaria do Ministério explica como o Sistema Nacional de Cultura se assemelha a outros sistemas

Publicado quinta-feira, 07 de março de 2024 às 16:50 h | Atualizado em 07/03/2024, 17:16 | Autor: Matheus Calmon
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"A cultura brasileira não pode ficar à mercê dos políticos que saem e dos que voltam". A declaração de Letícia Schwarz, subsecretária de Gestão Estratégica do Ministério da Cultura explica a necessidade da aprovação e consequente regulamentação do Sistema Nacional de Cultura.

Em conversa com o Portal A TARDE, Schwarz avalia que assim como saúde e educação não podem ter a execução e eficácia dependendo do governo atual, a cultura também não pode, e este é uma das vertentes do Sistema aprovado no Senado.

"Quando você estabelece um Sistema Nacional de Cultura, e por isso a gente faz essa comparação muito forte com o SUS, sempre, não interessa quem é o governador, quem é o prefeito, quem é o secretário de cultura ou de saúde, mas você sabe quais são os serviços, os direitos culturais ou de saúde que você tem", conta Letícia.

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Com o Sistema, fazedores e fazedoras de cultura, além do público em geral, terão embasamento para reivindicar o acesso à Cultura.

"É essa a ideia do Sistema Nacional de Cultura e por isso ele é muito importante para os fazedores e para a população brasileira, para a gente não ficar dependendo da ideia boa ou ruim de um político específico".

A subsecretária pontua que o ano de 2023, o primeiro do governo Lula e primeiro do renascimento da Cultura como Ministério, foi desafiador devido à necessidade de reconstrução e administração.

Ela considera que um dos principais pontos neste processo foi que o desinvestimento nos sistemas de informação. Atualmente ela reforça que a falta de informações sobre os fazedores de Cultura é um desafio a mais para a gestão.

"A gente encontrou um cenário muito destruído, muito destruído. Hoje a gente tem pouquíssimas informações sobre onde estão os servidores de cultura, quem eles são, como eles acessam, que tipo de anseio eles têm, que tipo de produto eles estão entregando ou estão fazendo. Pouquíssimas informações. Isso é péssimo para quem está fazendo política pública, para quem está gerindo política pública. A gente tem dificuldade de localizar onde estão os vazios, onde tem menos equipamento, quais são os principais problemas de uma biblioteca, de um centro, de um espaço cultural, de um coletivo, de um coletivo de capoeira, por exemplo".

A subsecretária aponta ainda que esta reconexão é uma das metas da pasta. "A gente perdeu muito da nossa capacidade de fazer formação, de gerar capacitação em gestão cultural, em produção, em realização, em implementação de políticas públicas pelos entes federados".

Por fim, Letícia conta que a Bahia, devido sua forma de fazer e gerir cultura, e devidoo sua cultura específica, tem muito a contribuir com o Ministério.

Ela lembrou que o estado foi o primeiro com adesão total dos municípios á Lei Paulo Gustavo, o que demonstra a força da cultura.

"A Bahia é muito especial, a Bahia tem um lugar muito especial no coração do Ministério da Cultura. Boa parte dos estudos hoje sobre a economia da cultura, por exemplo, nascem da Bahia. Como a Bahia gera e cria, a economia da cultura gera emprego, gera renda, a partir de uma cultura que é muito específica. A gente tem muita coisa para aprender com a Bahia".

*Repórter viajou à convite do Ministério da Cultura

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