Atores prometem continuar briga de Zé Celso e Silvio Santos; entenda

Após a morte do dramaturgo Zé Celso, os atores do Teatro Oficina prometeram dar sequência à briga que o ator enfrentou com o dono do SBT, Silvio Santos, por mais de 40 anos.

“Silvio Santos tinha um inimigo. Agora, ele tem vários inimigos”, disse, segundo a Folha de S.Paulo, o ator Ricardo Bittencourt, que morava com o Zé e o marido, Marcelo Drummond.

A disputa refere-se a um terreno localizado entre as ruas Jaceguai, Abolição, Japurá e Santo Amaro, no Bexiga, na região central de São Paulo. Há 40 anos, a região pertence a Silvio Santos, que queria construir três torres residenciais de até cem metros cada.

Entretanto, sucessivos tombamento do teatro impediram a ideia de ir adiante. O Teatro Oficina, atualmente em funcionamento, foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi em 1992 e inaugurado em 1993.

José Celso argumentava que a construção dos prédios prejudicaria as atividades culturais do Teatro e alteraria o projeto original de Lina Bo Bardi. O Teatro foi oficialmente tombado como patrimônio histórico no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo das Belas Artes pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 24 de junho de 2010.

O tombamento estabelece padrões para a preservação das características do espaço e define uma área de proteção visual em frente ao Viaduto Júlio de Mesquita Filho. Ao longo dos anos, José Celso e Silvio Santos realizaram diversas reuniões na tentativa de resolver o impasse relacionado ao terreno.

Em 2018, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, vinculado ao Ministério da Cultura, emitiu um parecer favorável para que o Grupo Silvio Santos construísse prédios residenciais ao redor do Teatro. No entanto, no ano passado, a Justiça vetou a liberação, levando o Grupo Silvio Santos a recorrer em instância superior.

Paralelamente à disputa judicial, tramitou na Câmara dos Vereadores um projeto para a criação do Parque do Bixiga, que envolveria uma permuta de terrenos com Silvio Santos. Embora tenha sido aprovado em duas votações, o projeto foi vetado em 2020 pelo prefeito em exercício, Eduardo Tuma.