LITERATURA
Autor desvenda morte de Edgar Allan Poe: "Horror"
Escritor de clássicos do terror como “O Corvo” e “A Queda da Casa Usher” morreu de forma misteriosa
Se outubro é o mês do Halloween, dedicado às bruxas, sustos e ao sobrenatural, é fácil, então, entrar no clima com um bom livro de terror. E disso Edgar Allan Poe entendia muito bem. O escritor, pai de histórias famosas como “O Corvo” e “A Queda da Casa Usher” é tido como um verdadeiro mestre do horror e da melancolia.
Nascido em Boston, em 1809, Poe teve uma vida pessoal turbulenta e trágica. Órfão aos três anos, enfrentou dificuldades financeiras e problemas de saúde que o perseguiram até seus últimos dias. A perda de familiares e o abuso de álcool foram temas que marcaram não só sua biografia, mas também suas obras, tornando-se fontes de inspiração para o tom melancólico e sombrio de seus escritos.
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Mas se a vida dele não começou de forma fácil, assim também foi a sua morte, que mais parece ter saído de um dos seus sucessos literários. Poe faleceu em 1849, aos 40 anos, em Baltimore, após ter sido encontrado semi-inconsciente em uma sarjeta. O que mais surpreendeu os que o encontraram foi sua aparência: ele não usava o terno de lã preta habitual, mas estava vestido com roupas esfarrapadas, muito largas e visivelmente desgastadas – algo completamente fora de seu estilo. Teria sido envenenamento, cooping (um tipo de sequestro forçado para votos fraudulentos), ou efeitos de doenças como a raiva ou a meningite?
A charada é tema da biografia ”O Mistério dos Mistérios – a Morte e a Vida de Edgar Allan Poe” (Cultrix, 344 pág., R$94,00, capa dura), de Mark Dawidziak. Para montar o quebra-cabeça, ele consultou acadêmicos, cientistas, médicos, historiadores, arqueólogos, patologistas forenses e agentes do FBI. "Não acredite em nada do que você ouve, e só em metade do que vê", garante Mark, que falou sobre o livro em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE.
“Pode-se dizer que estou pesquisando e me preparando para este livro desde que comecei a ler as histórias e os poemas de Poe, por volta dos 12 anos. Mas passei pouco mais de um ano realmente escrevendo o livro”, diz ele, que é escritor, ator, jornalista e professor universitário.
Mark contou ainda que seu maior desafio no processo foi escrever um livro “envolvente e bem pesquisado”. “Assumi dois grandes riscos com este livro: primeiro, usei uma linha do tempo dupla, alternando capítulos sobre os últimos meses da vida de Poe com capítulos que narravam cronologicamente toda a sua vida, até que as duas linhas do tempo se encontrassem no último capítulo. O outro grande risco foi fazer entrevistas. Não se deve fazer entrevistas para uma biografia de alguém que morreu em 1849. Não há ninguém vivo que conheceu Edgar Allan Poe. Não há ninguém vivo que conheceu alguém que conheceu Edgar Allan Poe. Mas eu não sou acadêmico e essa não seria uma biografia acadêmica. Sempre foi destinada a ser uma biografia popular”.
A morte que prolongou a vida
Para Mark, a morte do norte-americano representou a “maior saída de cena literária da história”, tornando-o até uma espécie de ser imortal em sua própria mitologia. “Poe realmente consegue morrer em circunstâncias que refletem os dois grandes feitos literários pelos quais é mais lembrado. O pai da história de terror moderna, ele morre de uma maneira que não estaria fora de lugar em uma de suas próprias histórias de terror. E o pai da história de detetive moderna nos deixa com um mistério que, 175 anos após sua morte, ainda tentamos resolver [...] A morte de Poe é um momento envolto em mistério e horror. E há tantas teorias sobre como ele morreu que, ironicamente, sua morte é um dos principais motivos que mantêm vivo o interesse nele”.
No entanto, o biógrafo alerta para um grande erro comumente associado a Edgar Allan Poe: a caricatura de alguém mórbido, solitário e obcecado pelo terror. “Ele era, na verdade, bastante saudável e atlético na maior parte da vida. Caminhava com uma postura ereta, com um andar militar. Ele foi soldado, e um bom soldado, promovido a sargento-mor, o posto mais alto que podia alcançar como suboficial. Ele também era um bom boxeador e ganhava competições de salto. Tinha um ótimo senso de humor. Era encantador e engraçado, tanto pessoalmente quanto na escrita. Ele é até engraçado em algumas das histórias de terror, e escreveu muitas peças farsescas, sátiras e esboços humorísticos. Longe de ser solitário, ele tinha um amplo círculo de amigos e colegas”.
“Nós o transformamos principalmente em um escritor de terror, mas, na verdade, ele era um escritor incrivelmente prolífico, dedicado, cuidadoso e versátil”, completou.
Serviços
Livro: O Mistério dos Mistérios
Autor: Mark Dawidziak (https://www.markdawidziak.com/)
Editora: Cultrix
Páginas: 344
Preço: R$ 94,00
Onde comprar: https://www.grupopensamento.com.br/produto/o-misterio-dos-misterios-9297
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