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CULTURA

Cidades do Recôncavo recebem shows gratuitos com artistas internacionais

Apresentações também acontecem na capital baiana

Maiquele Romero*

Por Maiquele Romero*

11/11/2025 - 9:01 h
O duo escocês Chris Stout & Catriona McKay é uma das atrações
O duo escocês Chris Stout & Catriona McKay é uma das atrações -

Desde ontem e até sábado (15) – e no dia 21 – Cachoeira, Madre de Deus, São Francisco do Conde e Salvador recebem a terceira edição do Festival Recôncavo Instrumental, sob direção artística da pianista Simone Leitão. Com concertos, shows e ações formativas, o festival reunirá artistas do Brasil, Escócia, Argentina com entrada gratuita em três cidades e ingressos a preços populares em Salvador.

A proposta do festival é romper a ideia de que música instrumental e música de concerto são exclusivas de determinados públicos, promover o intercâmbio musical, o diálogo entre linguagens e reafirmar o Recôncavo como território cultural pulsante.

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Nesta edição, a cena baiana ganha destaque com Igor Gnomo, Gel Barbosa, Jana Vasconcellos e Jefinho Dias.

A pianista Simone Leitão se apresenta ao lado do Ubuntu Ensemble, coletivo de música de câmara formado por músicos negros – além da pianista argentina Lorena Eckell, do bandoneonista portenho Nico Ledesma e do duo escocês Chris Stout & Catriona McKay (violino e harpa escocesa).

Também participam jovens talentos brasileiros, como o violoncelista potiguar Diego Paixão, mestre em música pela UFRN, e Inácio Botelho, sanfoneiro piauiense que se tornou fenômeno nas redes ao adaptar clássicos para o instrumento.

E todo esse encontro acontece porque, como diz Simone Leitão: “Talento não tem CEP. A gente não tem como definir esteticamente uma linguagem musical dentro de um território, dizer que, neste território, só esse tipo de música é feito”.

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Música para sentar e ouvir

Em um país que ainda associa música instrumental à elitização, o festival assume o compromisso de derrubar essa barreira. Simone lembra que a relação com o instrumento é mais antiga que qualquer orquestra: “A música instrumental está presente em todas as culturas do mundo. Não tem coisa mais ancestral do que um ser humano pegar um instrumento e fazer um som dali”.

Na curadoria, Simone trabalha com quatro eixos principais (regional, mundial, jazz/choro/rock e música clássica ocidental), sempre guiados pela ideia de que instrumentos não pertencem a uma elite: foram feitos para circular.

“A música instrumental, seja ela de qualquer identidade, realmente é feita para você sentar e ouvir. E isso, todo – todo ser humano – tem a capacidade de fazer, porque todo ser humano tem alma, tem espírito, tem ouvido, tem sensibilidade, e é esse encontro que a gente busca”, afirma.

Melodia que desloca o eixo

A programação provoca encontros únicos. O produtor artístico André Oliveira gosta de pensar o festival como uma revista que reúne reportagens diferentes, mas compõe um único sentido: “A questão de juntar os músicos é justamente oferecer o contraste”.

Esse contraste aparece quando, num dia, o duo escocês traz harpa e violino com referências celtas; no outro, a sanfona piauiense conversa com o bandoneon argentino. Em outra noite, o piano de Simone Leitão divide o palco com o Ubuntu Ensemble.

Responsáveis também por uma ação didática no Auditório da Biblioteca Municipal de Madre de Deus, hoje às 15h, o Ubuntu Ensemble é um coletivo de músicos negros que atua na música de câmara e na música de concerto.

O diretor e violinista Iberê Carvalho lembra por que esse gesto importa: “O território da música clássica, da música de concerto, ele se tornou majoritariamente branco a partir do momento que a função de músico passa a ser uma função profissional”.

Ele explica que quando a música de concerto se estabeleceu no Brasil, o fazer musical foi exercido majoritariamente por pessoas negras, incluindo o primeiro mestre de capela brasileiro, José Maurício Nunes Garcia. Com o tempo, essas presenças foram apagadas.

“Mesmo pós-abolição, existe um apagamento quase completo das pessoas pretas dentro desse cenário. Então o Ubuntu Ensemble nasceu como uma alternativa a esse cenário, uma reflexão”, diz.

Música transforma e forma

Além dos concertos, o festival cria espaços de formação e troca com jovens músicos do território. Em Madre de Deus, o Ubuntu Ensemble realiza ação didática aberta ao público.

Já em Cachoeira, o Quinteto de Sopros Aliseos conduz uma atividade formativa na sede da Filarmônica Minerva Cachoeirana, fomentando práticas de conjunto, leitura musical e repertório para sopros.

As ações formativas não são complemento: são parte estruturante do festival. O objetivo é permitir que estudantes, jovens instrumentistas e integrantes de filarmônicas conheçam instrumentistas profissionais, conversem, experimentem e toquem juntos.

Diego Paixão, violoncelista convidado, que iniciou os estudos em um projeto social de Natal, traduz o que essa aproximação pode provocar:

“Aprendi com um dos meus professores (e desde então penso nisso em cada show) que o instrumento é uma amplificação do que há em nosso coração. Como intérprete, tento fazer com que as pessoas possam sentir cada variação de intensidade, velocidade, emoção, de acordo com o que o compositor sugere na partitura”, e lembra: “a música é muito necessária nesse mundo tão violento”.

Festival Recôncavo Instrumental / Até sábado (15) e dia 21 de novembro / Cachoeira, Madre de Deus, São Francisco do Conde e Salvador / Entrada gratuita em Cachoeira, Madre de Deus e São Francisco do Conde / Ingressos em Salvador: R$ 20 e R$ 10 / Vendas: Sympla/ Programação: reconcavoinstrumental.com

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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