Literatura como ponto de partida, artes plásticas como linha de chegada. É assim que será na exposição As Mulheres de Jorge Amado e o Universo Amado: Tributo a Jorge Amado, que será aberta nesta quinta-feira, às 19 horas, no Palacete das Artes (Graça).
A mostra contempla os trabalhos das artistas plásticas Maria Adair e Eliana Kertész, a partir das personagens femininas dos livros do escritor Jorge Amado, que comemora seu centenário este ano.
Para homenagear o escritor, a artista Eliana Kertész trabalhou com sua habitual referência das gordinhas (como as três que enfeitam o canteiro em Ondina: a portuguesa Mariana, a índia Catarina e a africana Damiana), e criou 80 peças de esculturas e relevos.
Materiais - As gordinhas da exposição foram feitas em diversos tamanhos e nos mais variados materiais, como bronze, fibra, resina, alumínio e pó de mármore. Eliana também leva para a mostra 19 painéis em alto relevo representando o Bataclan, famoso bordel do livro de Jorge Gabriela, Cravo e Canela.
A artista conta que nunca soube ao certo por que esculpia gordinhas, e que o trabalho iniciado há um ano e meio com os livros de Jorge Amado lhe deu a resposta.
"Na obra dele, as mulheres tem ancas largas e seios fartos. Agora estou tomando consciência de uma coisa: a Bahia é gorda. Não só de corpo, mas de alma, de coração", afirma.
Para Eliana, a homenagem a Amado é mais que merecida: "Ele revelou essa identidade da Bahia para o mundo e até para nós que vivemos aqui".
Maria Adair, por sua vez, apostou no tema Universo Amado para criar pinturas, peças de mobiliário e objetos. Ao todo, a exposição conta com 150 peças da artista visual.
Na mostra, Maria pintou sobre tela, e também deixou a criatividade fluir sobre outros suportes, que vão de mesas e cadeiras até CDs. "Pintei também sobre uma imagem grande de Santa Bárbara, em homenagem a O Sumiço da Santa", conta.
Travesseiros - Para representar o livro Dona Flor e Seus Dois Maridos, Maria Adair criou um quarto, com cama de ferro e três travesseiros sobre ele: um para dona Flor, um para Vadinho e um para Teodoro.
O último, inclusive, ganhou seu próprio espaço, na Farmácia de Seu Teodoro, com mais de 100 frascos trabalhados em jato de areia. Para a exposição, a artista plástica Maria Adair também fez 100 garrafas de cachaça para Quincas Berro D´Água e cinco grandes telas representando o quintal da casa onde o escritor Jorge Amado morava, no número 33 da rua Alagoinhas, no Rio Vermelho.