LITERATURA NO INTERIOR
Feiras literárias animam cidades do interior da Bahia
Em Canudos, a programação começa nesta quarta. Já em novembro é a vez do município de Aratuípe
Por Bianca Carneiro e Franciano Gomes
Nem só de Carnaval e festas juninas vive o povo baiano. Grande parte da população tem participado de um tipo de evento que vem crescendo a cada ano e alcançando muitas cidades, inclusive do interior do estado: as feiras literárias. Além dos apaixonados por livros, as feiras abrangem todos os públicos, através de uma programação diversa, que vai desde shows à exposições, lançamentos de livros, cursos, bate-papos e workshops.
Há programações ainda que valorizam cantores e escritores locais. As ações, que atraem turistas para as cidades, acabam movimentando também a economia local.
Nesta semana, o município de Canudos recebe a quarta edição da sua Feira Literária Internacional, a Flican. A cidade, que tem uma história marcada em todo o Brasil pela famosa guerra que aconteceu no final do século 19, contada na literatura e no cinema, recebe o evento de 13 a 16 de setembro com o tema “Literatura e Resistência”, destacando os 130 anos da fundação do povoado de Belo Monte por Antônio Conselheiro e o Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia.
A programação acontece em alguns pontos históricos da cidade, como o Parque Estadual de Canudos, o Memorial Antônio Conselheiro, o Museu João de Régis, o Museu Manoel Travessa, o Mirante do Conselheiro e o Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC).
Em conversa com o Portal A TARDE, o curador do evento, Luiz Paulo Neiva, observa o número crescente de feiras em todo o estado, que ele afirma ser mais de 70, e a singularidade que cada município expressa por meio de suas programações. Segundo o curador há um objetivo fundamental na Flican, que vai além da celebração do livro, literatura e artes.
"Nos temos uma coisa que é fundamental em nossa feira, nós focamos, com muita ênfase, na questão do ensino básico. As escolas se preparam durante todo o ano para feira, cada uma tem um projeto pedagógico para feira, além de stands para expor seus trabalhos. Nós fazemos concursos literários, temos um selo Flican, onde nós publicamos livros o que torna esses meninos e meninas escritores e escritoras. O nosso grande diferencial é esse direcionamento para o reforço do ensino básico na região”, afirma.
Conforme Luiz Paulo, além do benefício com a educação, a comunidade local é favorecida com o movimento intenso no comércio. Há um aumento na ocupação de hotéis e procura por casas de aluguel, além de bares, restaurantes e barracas, que injetam recursos na economia, aumentando o PIB local.
A programação da Flican está disponível na página do instagram do evento @flican_canudos.
Saindo de Canudos e indo para o baixo-sul da Bahia, encontramos a terceira edição da Flita - Festa Literária de Aratuípe. O evento acontece entre os dias 23 e 26 de novembro, com o tema 'Literatura e Memória'. A programação será gratuita, e contará com diversas atividades como palestras, lançamento de livros, rodas de conversa com escritores, oficinas, saraus e apresentações artísticas, visando fortalecer a cultura local e popular. A feira ocupará lugares como escolas, bibliotecas, ruas e praças da cidade.
De acordo com o prefeito de Aratuípe, Antônio Marcos Araújo de Souza, o evento é a realização de um grande sonho para a comunidade aratuipense por promover a valorização da literatura.
"É um momento de estímulo para os nossos munícipes, sobretudo para as nossas crianças e jovens estudantes, para o desenvolvimento do gosto pela leitura, escrita e pela arte literária que, certamente, tem impacto muito positivo para o processo formativo e desenvolvimento humano. É também uma oportunidade para a nossa população sentir-se valorizada por ter contato com nomes
Pelo sucesso das duas edições anteriores, o prefeito revela ainda a expectativa de receber um grande público. Segundo o gestor, muitas pessoas da região já expressam o desejo de participar do evento.
"Esperamos contar com a participação de muitos estudantes, professores e representantes de instituições educacionais da região, além de todos que são amantes da boa literatura. Estamos ansiosos pela presença de todos e todas em Aratuípe para este grande momento de exaltação da nossa literatura".
A professora e poeta Meg Heloise é a curadora do evento. Ela diz que o tema da feira é também uma homenagem às lutas travadas pelo povo baiano. “No ano do Bicentenário da Independência da Bahia, entendemos que tratar da memória, da politização e ficcionalização das nossas memórias, bem como discutir como a memória convoca conhecimentos sobre território, povo, culturas e dos nossos saberes tradicionais é uma forma de iluminar o presente e alinhavar um futuro”.
Meg ainda revelou que a festa contará com uma exposição fixa em homenagem ao poeta, músico e jornalista aratuipense José Leone, falecido em 1983. A programação completa da festa será divulgada no dia 22 de setembro. Um dos destaques é o lançamento do livro de um poeta da cidade, Edílson Espínola, que participou de um dos saraus da edição anterior e, a partir daí, decidiu desengavetar as suas obras e apresentá-las ao mundo.
“A memória é um percurso coletivo. Então, será uma festa para criar novas memórias [...] Temos a expectativa de reunir um grande número de pessoas, atraídas por uma programação diversa e acolhedora, bem como mobilizar a arte e cultura do território, em uma grande celebração da literatura, da nossa gente e das nossas memórias”, afirma.
Outras feiras
Além de Canudos e Aratuípe, quem também receberá feiras literárias são as cidades de Feira de Santana e Rio de Contas.
Rio de Contas prepara a estreia em festival literário e artístico, o Fliarc, entre 19 e 22 de outubro. Com o tema “Rio de Contas 300 anos: resistência e memórias no Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia”, o festival irá celebrar quatro personalidades, algumas delas nascidas em Rio de Contas e povoados do seu território, como o poeta membro da Academia de Letras da Bahia e professor Honoris Causa da UFBA, Juarez Paraíso. Outros três artistas da região terão homenagens póstumas: Maria Brandão, Esaú Matos e Zofir Brasil.
Já em Feira, a Flifs acontecerá entre os dias 26 de setembro a 1º de outubro, na Praça Padre Ovídio. Na sua 16ª edição, a programação vai homenagear Juraci Dórea e Chico Pedrosa. O evento, que é realizado pela UEFS e o SESC, recebe, anualmente, 50 mil pessoas por ano.
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