ENTREVISTA
"A Bahia tem uma importância enorme em minha carreira", diz Fagner
Cantor celebra 50 anos de carreira com show na Concha do TCA neste sábado, 13
Por Eugênio Afonso
Desde Manera fru fru, manera, álbum de estreia (1973) de Raimundo Fagner, 74, o cantor cearense vem fazendo parte do dia a dia de milhares de brasileiros com suas inúmeras músicas de sucesso.
Filho de pai libanês e mãe cearense, e integrante do chamado Pessoal do Ceará, o cantor e compositor nascido em Icó está celebrando 50 nos de estrada (completados o ano passado) e um dos shows da turnê comemorativa será neste sábado, 13, a partir das 19h, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA).
Canções já clássicas, como Borbulhas de Amor, Espumas ao Vento, Canteiros, Asa Branca, Deslizes, Riacho do Navio e ABC do Sertão, dentre outras, farão parte do repertório.
Assíduo frequentador de temas de novela, o cantor, acompanhado pelo violão, também relembrará sua trajetória com outras canções marcantes da carreira, como Noturno (Coração alado), As rosas não falam (de Cartola), Naturezas, Meu Parceiro Belchior, Fanatismo, Revelação, Quem Me levará Sou Eu, Mucuripe, Asa Partida, Guerreiro Menino, além dos poemas musicados de Florbela Espanca.
Em um de seus álbuns mais recentes – Serenata (2020) -, Fagner assumiu um lado seresteiro que ele garante também estará presente na apresentação de amanhã. O cantor afirma ainda que a Bahia foi crucial em sua carreira e que sempre teve uma vida ligada à música.
Acredita que não há nada a comemorar quando se fala em políticas públicas para a cultura, no atual governo, e continua apostando no forró como um ritmo importante, popular e tradicional, sobretudo nas festas nordestinas.
Via WhatsApp, o cantor cearense conversou com o jornal A TARDE sobre carreira, vida pessoal, influência da família e da Bahia na sua trajetória, dentre outros temas.
Como vai ser o show comemorativo em Salvador? Vai ter convidados especiais?
Será uma apresentação em comemoração a meus 50 anos de carreira com grande parte das músicas que fizeram sucesso. Aproveitamos pra apresentar, em primeira mão, ao público baiano a nova canção de trabalho do disco de inéditas que será lançado em maio pela Universal, em parceria com Fausto Nilo, e que se chama Além desse Futuro.
Como você classificaria sua trajetória? Que balanço faz dela?
Comecei aos seis anos de idade cantando na Ceará Rádio Clube no Dia das Mães. Tive uma vida toda ligada à música, herança tanto de meu pai, um refugiado de guerra que foi um grande cantor de rádio no Líbano, como da família de minha mãe, na cidade de Orós e, certamente, esta trajetória até chegar à minha geração, ao lado do meu parceiro Belchior, sempre teve um grande apoio e reconhecimento do público, como é o caso do povo baiano, que sempre me prestigiou com muito carinho até me concedendo o título de Cidadão Soteropolitano, o que me deixa orgulhoso e agradecido. Portanto voltar à Bahia é sempre um motivo de grande alegria e emoção. Confesso que nunca imaginei ter chegado tão longe nesta trajetória de parceiros tão importantes e com um público que certamente todo artista gostaria de ter.
Você sempre teve muita música em novela e também tocada nas rádios. A que se deve o seu sucesso?
Sempre fui muito ligado em rádio, escutava os programas de sucesso. Busquei este sonho por toda a vida e, certamente, a escolha dos parceiros, que também pensavam da mesma forma, deve ter influenciado e pavimentado o caminho.
Qual a sua relação com a música baiana?
Claro que a geração de Caetano e Gil sempre foi marcante na formação de qualquer artista de minha época, mas não poderia deixar de citar o baiano Piti, que também surgiu naquela época e é muito pouco reconhecido, até pelo público baiano. Ele foi fundamental no início de minha carreira no Ceará, onde ficou um período participando de festivais e me fez olhar o instrumento de outra forma. Ainda tive a oportunidade de lhe fazer este agradecimento em público, no Teatro Castro Alves, no mesmo dia em que tive a felicidade de rever, no mesmo palco, seu Francisco, também um luthier baiano que fez minha primeira guitarra, no Colégio Salesiano, da Piedade, onde eu estudava. Como falei, a Bahia tem uma importância enorme em minha carreira, além de grandes artistas que convivi e virei parceiro, como o poeta Capinan e o nosso querido e saudoso Moraes Moreira.
E o movimento musical do Ceará, quem você destacaria neste momento?
Ceará tem grandes músicos, inclusive alguns estarão no palco comigo aí na Concha e, certamente, fazem a diferença em minhas apresentações, além da nossa tradição na música de forró, desde a época do grupo Mastruz com Leite até chegar aos dias de hoje. O forró vem dominando a cena das grandes festas populares em uma referência como o axé é pra Bahia.
Em tempos de tanta exposição em redes sociais, você tem levado uma vida pessoal bem fora dos holofotes. Qual sua relação com o universo virtual de comunicação?
Não sou muito ligado em redes sociais, mas devido aos trabalhos que continuo fazendo, tanto em disco como também nos shows, termino envolvido até porque alguns destes trabalhos têm sido com artistas de grande exposição na mídia, como é o caso do parceiro Zeca Baleiro, do cantor João Gomes, com quem fiz um trabalho há pouco tempo e é um garoto adorável, assim como o recente encontro com o DJ Alok, que tem repercutido demais.
O que acha dos rumos que a cultura tem tomado com o novo governo?
Nada a comemorar.
Serviços
Dia: 13 de Abril - (Sábado)
Horário: a partir das 19h
Onde: Concha Acústica
Endereço: Av. Alberto Pinto, 11 – Campo Grande, Salvador – BA, 40080-080
Valores:
Primeiro Lote: R$160,00 /R$80,00
Segundo Lote R$180,00 / R$90,00
Terceiro Lote R$200,00/ R$100,00
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