CELEBRAÇÃO
A Dama exalta Julho das Pretas: "Abrir portas para outras mulheres"
Cantora revelou que pensa em investir em projetos de fortalecimento ao black money e empoderamento entre pessoas negras
Por Flávia Barreto*
Dedicado a celebrar a luta e as conquistas das mulheres negras, além de conscientizar a sociedade sobre a importância do combate ao racismo e sexismo, o Julho das Pretas começou a todo vapor na capital baiana com o Festival Latinidades. O evento, que começou na sexta-feira, 5, é pautado no tema “Vem Ser Fã de Mulheres Negras”.
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No sábado, 6, quem marcou presença na programação do Largo Quincas Berro D’Água foi Allana Sarah, A Dama do Pagode. Ao Portal A TARDE, a artista falou sobre a relevância do festival.
“É sempre importante estar em um evento como esse, ainda mais por ser um evento literalmente feminino. Então, para mim, é uma honra ser a mulher do pagode, representando todas essas mulheres. Não é o primeiro evento que faço com eles, e é sempre gratificante demais ser convidada para todos os eventos. Isso é um sinal de que estamos fazendo um trabalho incrível, excepcional, e que está abrindo portas para outros ambientes também”.
Além da cultura e da arte, o evento no sábado também fomentou a economia, com diversos acessórios e produtos à venda, como roupas, sandálias de couro, objetos de religiões de matriz africana e penteados afro, todos confeccionados por mãos de mulheres negras.
Allana disse que no evento há acessórios que a representam, nos quais ela se enxerga e afirma que isso também faz parte dela.
“É tudo que me representa. A gente estava precisando disso aqui, de as pessoas olharem para o evento e se encontrarem ali, se enxergarem ali. E é mais importante para mim cantar em lugares comuns. Neste evento, não é apenas o show da Dama em tal lugar. Eu sei que vou chegar aqui, vou cantar para essas pessoas e vou me enxergar nelas. Não é só chegar no show e pensar ‘são minhas fãs’, mas sim, sentir que há lugares onde eu sei que não vou me enxergar nas pessoas. Eu sei que neste evento vou me enxergar em cada uma das pessoas presentes. Então, vai ser uma troca de energia muito gostosa, literalmente positiva, e estou feliz demais".
Ao se sentir representada com o movimento, A Dama contou que pensa em investir em projetos de fortalecimento ao black money e empoderamento entre pessoas negras. O desejo veio após a sua iniciação no Candomblé.
“Tenho certeza que depois do meu renascimento, nesse passo novo que eu estou dando na minha vida, a gente vai acrescentar tudo isso. Eu acho que é importante, não basta só as pessoas se enxergarem na gente, a gente precisa realmente levar essa representatividade não só para a cabeça das pessoas, mas para dentro de casa também. É importante. Então, eu acho que vou sentar com meu empresário para conversar para que a gente possa levar isso com mais firmeza, sabe, porque eu sou tudo que essas pessoas espelham, eu acho que eu tenho uma representatividade gigante de tudo que eu sou, tudo que eu represento, mulher preta, candomblecista, lésbica, então eu me enquadro em tudo isso, eu preciso fortalecer mais isso de mim, sabe, entregar mais isso para as pessoas”, disse.
“Eu sinto muita falta de ter pessoas realmente negras que abram portas para outras pessoas, porque eu acho que a gente aqui tem um empoderamento muito de boca. A gente precisa projetar com atitudes. Acredito que eu tenho força suficiente para abrir portas para outras mulheres. Eu tô aqui pra isso, pra ajudar todas elas”, completou.
A artista falou ainda sobre como o apoio nas comunidades costuma funcionar. Ela reflete sobre a tendência de mulheres e pessoas LGBTQIAP+ de promoverem homens e a necessidade que enxerga de mudar essa mentalidade.
“Você pára e vê mulheres que pegam homens e projetam eles. Você vê a galera LGBTQIAP+ pegar homens e projetar eles. Então, eu acho que essas pessoas precisam parar de enxergar o homem, porque a gente falha muito nisso. Muita gente passou por tudo aquilo ali e só consegue enxergar a força num homem. A gente precisa abrir mesmo a mente dessas pessoas para uma outra realidade. As mulheres querem chegar a algum lugar e não têm ajuda”, finalizou.
*Sob supervisão de Bianca Carneiro
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