ENTREVISTA
Duo Taxidermia homenageia Vera Cruz em 1º álbum: "Afetivo"
Dupla é formada por Jadsa e João Milet Meirelles
Por Tamires Silva*
A dupla baiana Taxidermia, formada pela cantora, compositora, produtora musical e guitarrista Jadsa e o cantor, compositor, produtor musical, live electronics performer e fotógrafo João Milet Meirelles lançou agora em maio seu primeiro álbum. Lançado após a divulgação do single Clarão Azul, os artistas intitularam seu primeiro disco em parceria em homenagem à ilha de Vera Cruz.
>>> Com a benção de Caetano, Xande de Pilares estreia turnê na Concha
Para aqueles que ainda não estão ligados nos integrantes dessa dupla épica, Jadsa é um nome já incensado na música contemporânea brasileira, com indicações ao Prêmio Multishow com seu primeiro disco Olho de Vidro.
Já João Milet Meirelles faz parte de uma das bandas brasileiras com maior visibilidade internacional hoje: o Baiana System. Formado há quatro anos, o Taxidermia chega ao primeiro álbum em 2024, avançando na sonoridade explorada nos EPs lançados em 2020 e 2021, e indo de sons orgânicos ao bate-estaca com sotaque baiano
A chegada do aguardado Vera Cruz Island, vem três anos após o seu último lançamento, e dando sequência à linguagem única, experimental e eletrônica. O duo Taxidermia traz a Ilha de Vera Cruz como cenário de inspiração de seu novo trabalho, que amadurece as experimentações já realizadas, ao mesmo tempo que traça novos caminhos na sonoridade marcada pelo eletrônico, mas agora encorpada por sons orgânicos.
“O tema central do álbum gira em torno da Ilha de Itaparica, especialmente o município de Vera Cruz, que possui um significado afetivo profundo para nós dois. Especificamente a praia de Conceição. Mas este lugar é mais do que uma referência geográfica; ele serve como uma metáfora para nossas próprias ilhas internas e as dos nossos ouvintes”, conta João Milet Meirelles.
“Escolhemos nomear o álbum Vera Cruz Island porque queremos reconstruir uma narrativa própria sobre este lugar. A ilha de Vera Cruz é um espaço de memória e afeto para nós, e as composições foram influenciadas por essa conexão pessoal. Ao dar esse nome ao álbum, buscamos não so´ homenagear o local, mas também contextualiza-lo através da nossa música, oferecendo uma visão pessoal que vai além do senso comum associado à Bahia”, acrescenta.
Para construir essa paisagem sonora, o Taxidermia teve enfim a oportunidade de trabalhar em conjunto, de uma forma que não havia acontecido anteriormente: de forma presencial. A dupla inicialmente foi formada durante o período da pandemia, quando o distanciamento social ainda se fazia necessário, e após isso, é um malabarismo conciliar suas rotinas agitadas, já que ambos os artistas tem carreiras fora da dupla.
Apesar de já terem trabalhado em conjunto em outros projetos, essa é a primeira vez que lançam um álbum exclusivo da dupla. Deste modo, o duo quis trazer para este lançamento uma estética que remetesse a um objeto de afeto que eles têm em comum: a ilha de Itaparica.
“Foi no teatro que conheci Jadsa, há 10 anos. Trabalhamos juntos numa peça chamada Jango no Teatro Vila Velha, e nossa conexão musical foi imediata. Fiquei impressionado com o trabalho dela e rapidamente começamos a colaborar. Produzimos diversas coisas para o trabalho solo de Jadsa e, nesse percurso, durante a produção do disco Olho de Vidro, surgiu a ideia de criar o Taxidermia, um trabalho que é a fusão dos nossos universos sonoros. Em 2020, no meio da pandemia, iniciamos o projeto online, à distância”, relata João.
Muitas participações
A banda traz ainda uma gama de participações que ajudam a fundamentar e ampliar o espectro de atuação do projeto, contando com importantes nomes da cena contemporânea da música brasileira, como Bruno Berle, Tuyo, Iara Rennó, Rei Lacoste, Yan Cloud, Tori, Pedro Bienemann, Chico Correa e Virus e Vuto.
“Acho que a relação com esses artistas tem muito a ver com a música mesmo, de ter uma admiração artística e de entender que o Vera Cruz Island pediu essas presenças de alguma maneira. A gente ouvia as faixas e pensava que tinha a ver com o contexto de cada pessoa que contribuiu”, conta Jadsa.
“O nosso processo criativo sempre foi muito conjunto, ora partindo de mim, ora partindo de João, e a gente vai tentando chegar num lugar de conforto pra nós dois dentro da produção. Nunca teve muito uma definição de que tipo de música faríamos, foi algo espontâneo dentro das nossas linguagens e referências”, diz.
Para Jadsa, os temas abordados no álbum variam dos sentimentos ao candomblé passando pela já citada Ilha de Itaparica. “Os temas circulam muito em torno de sentimentos, sensações físicas e emocionais. E há também o candomblé, entidades e rítmicas que existem nesse contexto. Já o nome tem a ver com esse lugar, a Praia de Conceição, que fica na Ilha de Itaparica, na parte que pertence ao município de Vera Cruz. Acho que a influência no disco tem a ver com tudo que existe lá: a beleza, o mar, o céu, o tempo dilatado”, afirma.
“É um lance afetivo mesmo, de ter muitas lembranças desde pequena desse lugar, é um sentimento familiar”, diz.
Mesmo com o álbum poucos dias após chegar às plataformas, a dupla já planeja a turnê que pretendem fazer ainda neste segundo semestre. O duo já tem algumas datas fechadas para as cidades de Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília e Salvador para levarem o Vera Cruz Island ao vivo para o público.
Enquanto aguardam ansiosamente a sequência de shows, Jadsa e João garantem que isto é apenas o começo, e prometem que há muitos planos e ideias para o futuro do Taxidermia.
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes