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27/07/2023 às 20:00 • Atualizada em 28/07/2023 às 11:53 - há XX semanas | Autor: Franciano Gomes*

SÉRIE MÊS DO ROCK

"Parecemos esquecer que somos a terra de Raul Seixas”, diz Cadinho

Cadinho Almeida atua há 20 anos no cenário do rock baiano

Música chegou na vida de Cadinho através do convívio e da influência de seus pais
Música chegou na vida de Cadinho através do convívio e da influência de seus pais -

O Portal A TARDE chegou ao final da série de entrevistas que celebra o Mês do Rock, com artistas do rock baiano. Durante quatro semanas de julho, a reportagem conversou com cantoras, cantores e músicos que vivem do cenário musical roqueiro de Salvador e lutam pelo reconhecimento e valorização do gênero musical que escolheram como uma parte muito importante de suas vidas.

Conhecida como a “terra do axé”, responsável por abrigar a capital da maior festa de rua do mundo, a Bahia já deu à luz a muitos artistas que levaram o rock para o Brasil e o mundo. Hoje, muitas bandas de gêneros diferentes levam traços do rock em suas batidas e no peso da guitarra.

As demandas do mercado comercial e as necessidades de sobrevivência dos roqueiros trazem o que talvez seja a única alternativa, segundo os artistas: migrar para outros gêneros e assim conseguirem se manter na música. Mesmo diante desse cenário, os amantes do rock and roll seguem resistindo e ocupando espaços e palcos da capital baiana.

O que você fez nos últimos 20 anos? Imagino que muitas coisas...O nosso entrevistado desta quinta-feira, 27, vem investindo todo esse tempo em algo que gosta muito e vem influenciando muita gente: em duas décadas, Cadinho Almeida fez muito rock.

“Eu tenho duas décadas de carreira completas em 2023 e, na minha trajetória, sempre fui atuante no cenário rock baiano. A primeira vivência profissional dentro do gênero foi a banda Hares, depois dali fui agregando nomes dos quais muito me orgulho como Rebeca Matta, com quem gravei DVD e excursionei, e toda a minha trajetória com a banda Cascadura. Atualmente, como integrante efetivo, atuo nas bandas Alumã (Catu/BA), Exu Overdrive, Canto Torto e Gabriel & Os Decaídos, além dos trabalhos que desenvolvo com André Dias, Jorge King e Renato Coelho Rock Clube”.

O rock segue, nós seguimos. Realizando, nos organizando e enfrentando essa conjuntura em que, por vezes, o debate se perde no que não é importante [...] Música baiana é rock, rock é música baiana e a história comprova isso

Cadinho Almeida - músico

Desde 2017 que o artista vem trabalhando na carreira solo, atuando geralmente como baixista e backing vocal. Além de músico instrumentista, assina trabalhos como produtor musical, diretor musical e arranjador. Cadinho realizou também vários shows pela cidade e lançou dois singles: "3 Atos" (André Dias/Cadinho) em 2019 e "Dolores" (Cadinho) em 2022, ambas disponíveis nas plataformas digitais. Agora em 2023, o músico pretende lançar mais uma faixa inédita e apresentar pelos palcos de Salvador.

A música chegou na vida de Cadinho através do convívio e da boa influência de seus pais. O músico conta que passava horas entre os vinis de samba, cantores da era do rádio, jovem guarda, disco music e pop setentista, essencialmente.

“Eram tempos de muitas trocas de informações e possibilidades de contemplação, o que me fez a partir desse primeiro contato me interessar genuinamente por música. Finquei raízes na identificação com o rock à medida em que ia me aprofundando nos nomes, histórias e os diversos tipos de sonoridades, reflexo da diversidade inerente ao estilo”.

A partir desse contato, a identificação e inspiração que o rock trouxe, fez o então garoto Cadinho Almeida sair das dublagens solitárias no quarto e ir para as primeiras visitas a estúdios empunhando um instrumento, o que foi crucial para torná-lo o artista que é hoje.

“Muitos participantes do cenário rock oitentista, por conveniência, sobrevivência ou simpatia, migraram para o novo gênero carnavalesco que estava se formando. Hoje, a média é ter guitarra pesada em tudo. Se temos um pagode de som agressivo, com distorção e timbres saturados, as "raízes elétricas" são bastante evidenciadas, assim como as "rodas" do Baiana System e do Àttooxxá são os 'moshpit' - rodas de pogo, ciranda punk, roda punk, etc... - característicos de shows de hardcore e/ou thrash metal desde sempre".

O artista vai lançar um single ainda este ano nas plataformas e apresentar pelos palcos de Salvador
O artista vai lançar um single ainda este ano nas plataformas e apresentar pelos palcos de Salvador | Foto: Edilton Lopes

Rock na Bahia ainda é desafio

Roqueiro do cenário soteropolitano, Cadinho lamenta a falta de investimentos direcionados ao público do rock, incluindo a abertura de espaços de show ideais para o cenário.

"A Bahia sempre teve um dos cenários rock mais prolíficos do país e, por vezes, parecemos esquecer que somos a terra de Raul Seixas (que junto a outros nomes, vem antes de tudo!), Camisa de Vênus, Úteros em Fúria, Cascadura, Malefactor, Headhunter DC, The Dead Billies, Pitty, Vivendo do Ócio, Maglore e uma infinidade de nomes longevos, além dos que surgem a cada dia mantendo essa história viva.”

“Abraçar a mesmice e a caretice não condiz com a natureza identitária do ser baiano. Esse senso médio sobre o rock da Bahia é um mantra de algo que não se vê materializado. O rock é real, temos uma história de rock coesa em que se cabe nostalgia e frescor, completa.

Cadinho aponta que o rock sempre foi muito mais do que apenas um gênero musical. Por trás dos riffs de guitarra e dos vocais intensos, há uma complexa teia de profissionais e setores que tornam possível a realização de espetáculos. Desde estúdios de gravação até técnicos de som, roadies, seguranças e produtores, cada peça desse quebra-cabeça é essencial para o sucesso de um show de rock. Além disso, toda essa movimentação impacta diretamente outros setores da economia, como hotelaria, bares, restaurantes e diversos profissionais envolvidos nos bastidores.

"Há produtos prontos que podem ser inspiração para quem quer realizar, assim como há muita coisa acontecendo cujo potencial é imenso. Não vê quem não quer e/ou não se interessa. Se não for do interesse, fineza guardar as opiniões para si. Se quer agregar, as possibilidades são muitas", diz ele.

Apesar das dificuldades, ele reforça que continua seguindo o sonho. "O rock segue, nós seguimos. Realizando, nos organizando e enfrentando essa conjuntura em que, por vezes, o debate se perde no que não é importante [...] Música baiana é rock, rock é música baiana e a história comprova isso”.

Nós temos nomes femininos marcantes na história do rock baiano. É até arriscado listar, pois cada nome tem uma importância imensa no mosaico de quem faz a história acontecer, assim como inspira quem está por vir

Cadinho Almeida - músico

Criando uma pequena lista, o artista faz questão de ressaltar que os nomes faltantes são apenas por questão de espaço. Ele começa com a baiana Pitty, seguindo com Rebeca Matta, Nancy Viégas, Érika Martins (e a banda Penélope, de formação majoritariamente feminina desde os anos 90), Sandra de Cássia (Palco do Rock), Jany (primeira entrevistada na série), banda Lilith e Tatiana Trad.

"São muitos os nomes, além das diversas instrumentistas que atuam no cenário. Sobre a coisa do protagonismo, é notório que diante das pautas fundamentais que estão em voga - principalmente, feminismo, anti-racismo e anti-homofobia -, muitas mulheres e LGBTQIAPN+, outrora sentindo-se excluídas(os), hoje sentem maior gana de ocupar o espaço que desejam. Isso é fazer jus ao próprio rock que é repleto de grandes nomes femininos, além de toda a gama de gêneros além dos estabelecidos como feminino e masculino. Em suma, há uma ascensão na proporcionalidade da ocupação feminina no rock baiano e sempre há de vir mais artistas femininas".

O artista, que hoje é gestor da própria carreira, expressa o desafio de se manter assim, nos tempos atuais, principalmente por ainda ter que lidar com a dedicação ao instrumento, a pesquisa e outras atuações artísticas.

“Em Salvador, isso tem ainda um sabor mais dramático, já que o 'jogar o jogo', por vezes, é abrir mão de se ser. Prefiro aqui ficar no campo da arte pois, se eu for adentrar na coisa das cartilhas comportamentais que devemos atender, política do tapinha nas costas e desrespeito de muitos contratantes e de muitas casas de show, faltará jornal para tantas linhas".

*Sob supervisão de Bianca Carneiro e Thiago Conceição

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