MÚSICA
Xande de Pilares: "O artístico do Caetano faz parte do meu universo"
Cantor carioca estreia turnê interpretando a obra do baiano em show com a presença do próprio Caetano
Por Matheus Calmon
Xande de Pilares tinha 7 anos quando se encantou com a abertura da novela 'Sem Lenço, Sem Documento', produzida e exibida pela Rede Globo. O que chamava a atenção do garoto, na verdade, era a abertura da produção, que tinha como música tema a música 'Alegria, Alegria', de Caetano Veloso.
Quando se atentou à letra da canção, se encantou. "Eu era um moleque de sete anos de idade, então ainda não tinha essa coisa de analisar uma letra. Eu sempre fui muito levado pela melodia. Foi depois que fui prestar atenção mais na obra do Caetano", conta Xande, que considera que a obra do baiano foram trilha também da sua própria vida.
Agora, cantor e compositor consolidado, o carioca está prestes a estrear a turnê de um projeto iniciado ainda na pandemia, o 'Xande Canta Caetano'. O carioca afirma que nunca teve pretensão de atingir lugares específicos, mas a vontade de ser reconhecido por quem admira é latente.
"A gente fica feliz. Outra coisa que eu dou muita importância é homenagear a pessoa em vida, onde você possa ver a reação de quem você está homenageando", disse ele, que considera a Bahia um celeiro de artistas e lista alguns dos nomes que admira.
Se você pegar a história da música popular brasileira, é três, quatro, cinco, seis baianos
"Eu sempre fui apaixonado por todos. Eu acho que a Bahia tem uma coisa muito diferenciada. Se você pegar a história da música popular brasileira, é três, quatro, cinco, seis baianos. Estão sempre em destaque. Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Carlinhos Brown, a própria Ivete, Luiz Caldas, Netinho, Simone, sou muito apaixonado".
De Pilares conta que se sente lisonjeado na condição de influenciador de novos talentos que surgem e conta sua família o deu de presente a influência de Caetano e todo movimento que faz parte.
"Lá em casa é um ambiente muito musical, até hoje. A gente passa o tempo ou ouvindo ou cantando. Tenho uma avó de 94 anos e há dois, três dias atrás, ela estava comigo escutando Orlando Silva, Francisco Alves", conta.
"O artístico do Caetano, comecei a prestar atenção primeiro ouvindo, depois acompanhando. E acaba fazendo parte até do meu comportamento dentro desse universo artístico que eu vivo, e nesse universo musical, até o meu comportamento eu procuro usar como exemplo".
Pilares revela que entre a vasta obra de Caetano, a história de 'Qualquer Coisa' é uma das canções que mais considera interessante devido a ligação com sua própria história.
"Eu tinha um professor de português, o Jorge. Ele chegou com essa música na sala e pediu para que todos fizessem uma redação sobre o que achou da letra de 'Qualquer Coisa'. Eu fui o único que não fez um texto, eu não escrevi nada. Quando ele perguntou, falei: 'o que está no quadro foi o que eu entendi. É como se você estivesse olhando um quadro abstrato, cada um interpreta da sua forma'. Eu falo até com o Caetano, 'queria te pedir desculpa, mas foi isso que eu entendi'", lembra.
Prestes a se apresentar em Salvador e com a presença do próprio Caetano, Xande conta que já fica nervoso por qualquer coisa e, na presença do ídolo, a situação se agrava.
Eu ainda me sinto um aluno. Eu acho que só vou parar de aprender quando eu fechar os olhos e o coração parar.
"Gosto de estar aprendendo, sempre. Estou muito nervoso para a estreia dessa turnê. E agora mais ainda porque o Caetano vai cantar junto. Mas o Caetano me deixa super à vontade".
"A gente quando gosta de uma música, é igual quando a zelar com quem a gente ama, a gente quer tratar com carinho. Assim eu faço com a música", reflete ele, que promete surpresas. "Não vou dar spoiler não, mas tá legal".
Xande de Pilares estreia a turnê 'Xande canta Caetano' neste domingo, 2, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.
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