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14/06/2024 às 8:00 - há XX semanas | Autor: Márcia Moreira

TEATRO

Livro "Torto Arado" vai virar musical: "Universo lindíssimo"

Sucesso do baiano Itamar Vieira Jr. já foi traduzido para 24 idiomas

Elísio Lopes Jr assina a dramaturgia do espetáculo
Elísio Lopes Jr assina a dramaturgia do espetáculo -

São quase 850 mil exemplares vendidos...por enquanto. O livro Torto Arado, do escritor baiano Itamar Vieira Jr., já foi traduzido para 24 idiomas, entre eles inglês, francês e alemão. Um sucesso e um fenômeno literário, com prêmios nacionais e internacionais.

>>> “A cena da comédia é gigante em Salvador”, diz Jhordan Matheus

Agora, a história envolvente e comovente das irmãs Belonísia e Bibiana vai ganhar vida nos palcos através de Torto Arado – Musical. A produção com duas horas de duração, dividida em dois atos, tem direção de Elisio Lopes Jr. que falou com exclusividade para o Jornal A TARDE.

Para Elisio, a rica narrativa do livro possibilita a criação de vários espetáculos a partir de leituras com pontos de vista variados. “O musical é a escolha de uma das trajetórias que o livro oferece, que é a das mulheres”, avalia.

Dentro dessa perspectiva, a saga teatral traz uma novidade em relação à história original e ganha mais uma protagonista além das duas irmãs. “São três protagonistas: Donana, Bibiana e Belonísia. A gente conta a história dessa avó e dessas netas como um exemplo de ancestralidade, de como o vivido antes interfere e influencia o que vai ser vivido pelos descendentes”, revela.

Um dos maiores desafios foi colocar em cena, dentro de um musical, uma personagem que é muda. Mas se no livro Belonísia perdeu a capacidade de falar, no teatro ela vai soltar a voz e cantar. “A gente usa o trunfo teatral dela falar com o público. Ela não fala com nenhum personagem em cena, mas conta pra plateia o que tá passando na sua cabeça”, diz Elísio.

Para o diretor, é uma forma de manter o riquíssimo mundo da personagem. “Tem um universo lindíssimo, interno, dela, que no livro tá escrito e se a gente não encontra uma forma cênica de contar, a gente perde”, comenta o diretor. O ator, escritor e roteirista Aldri Anunciação e o roteirista e diretor teatral Fábio Espírito Santo assinam a dramaturgia junto com Elísio.

Recriar no palco o ambiente da fictícia cidade de Água Negra, onde vive a família de Zeca Chapéu Grande e Salustiana, não é tarefa fácil. O livro Torto Arado aborda questões complexas como racismo, disputa de terra e escravidão moderna. É chão de terra batido, é casa de taipa, é sol na moleira, é sobrevivência, é resistência. Mas para além dessa realidade cruel, existe o universo da fé, da magia, da poesia, da beleza do Jarê – uma manifestação ainda presente em muitas cidades do interior do Brasil que mistura elementos do catolicismo, da umbanda, do candomblé e das tradições indígenas.

O objetivo de Elisio é fazer com que, ao longo de todo o musical, estes dois universos se complementem e se entrelacem. “A gente tá construindo um espetáculo de realismo fantástico que respeita o sincrestismo do Jarê e o universo dessas pessoas dentro dessa fazenda. Então, é muito importante a crença nos encantados. É como se fossem dois universos que convivem paralelos, todo o tempo”.

Pesquisa e vivência

A transposição para o teatro de uma obra literária tão rica como Torto Arado traz muitos desafios. Não basta ler o livro. É preciso pesquisar e mergulhar na história e no perfil de cada personagem.

Para isso, a equipe envolvida na construção da narrativa – roteiristas, cenógrafo, preparador de elenco, entre outros – tem ido com frequência ao interior da Bahia estudar os lugares onde ainda se pratica o Jarê ou, como alguns chamam, o Samba de Jarê. Agora, eles voltam à região de Andaraí para colher novas informações.

“A gente tá se alimentando da sabedoria dessas pessoas. Buscar o diálogo com quem já pratica o Jarê há 40, 50 anos. Fiz questão de não priorizar estudiosos, nem o olhar de fora, e sim de quem é de lá”, conta Elisio.

O coreógrafo Zebrinha, que assina a direção de movimento, se diz surpreso com o que descobriu até o momento. “Eu pensava que o Jarê era mais uma manifestação nordestina, mas quando me aprofundei descobri uma complexidade e um respeito com a ancestralidade. É uma amálgama de tudo: africanidade com tradições portuguesas e povos originários. Ainda estou aprendendo”, diz o bailarino, cheio de entusiasmo.

A direção musical é do compositor Jarbas Bittencourt. “Todas as letras são minhas, mas todas são compostas escutando muito o que Elisio espera daquela cena, o que ele quer com aquele trecho, que ambiente cênico a gente quer construir com cada canção pra cada personagem. A gente tá trabalhando até agora com 15 canções, mas eu acho que devem aparecer mais”, conta.

A diretora de arte Renata Motta destaca a materialidade presente na saga de pessoas que têm uma relação muito forte com a terra e com tudo que vem dela. “A gente tá contando a história de uma família que, na nossa sociedade, é invisibilizada. Itamar vai contando tudo isso com muitos detalhes, suavidade e dramaticidade. O grande desafio é trazer essa poética para o palco”, comenta.

Uma poética que envolve a forma de enxergar essas personagens que, apesar de viverem na pobreza, não são pobres na essência, como explica Elisio. “Elas são figuras ricas, verticalizadas, grandes, porque têm um universo tão profundo dentro de cada existência, que não é uma sandália de couro nem uma roupa suja, é como elas se constroem como seres humanos, é a dignidade de manter sua própria cultura, sua própria fé, independente do status quo ao redor”, analisa.

Audição e estreia

O elenco de Torto Arado – Musical será escolhido através de audições que acontecerão de 20 a 22 de junho na Casa Rosa - Rio Vermelho. Em uma primeira etapa, 547 pessoas de todo o Brasil se inscreveram para a pré-seleção. A seleção final que vai escolher os 15 atores será dividida em três etapas com a participação de Elisio, Zebrinha e Jarbas. Nessas audições, serão escolhidas as duas irmãs protagonistas da história. Já para o papel de Donana, Elisio convidou a atriz Lilian Valeska, que já aceitou o desafio.

A estreia está marcada para 13 de setembro deste ano, no Teatro Casa do Comercio, e depois o musical segue para uma temporada de apresentações, em novembro e dezembro, em São Paulo. Itamar Vieira Jr. vem para a estreia em Salvador.

Antes disso, em julho, ele aparece para acompanhar o início dos ensaios. “Ele vem pra gente dialogar um pouco, conhecer o elenco, ouvir uma leitura. Mas ele também está tendo acesso à adaptação”, conta Elisio.

A cena que abre o espetáculo é, para o diretor, uma das mais tocantes e uma das que mais o emociona. “É quando Donana recusa a própria ancestralidade. Onde ela diz que não quer e passa pro filho, pro Zeca, a missão (do Jarê). Essa é uma cena fundamental para a lógica da adaptação que a gente adotou pro espetáculo. De geração pra geração, você não foge da sua missão. É sobre isso o nosso Torto Arado”, conclui.

Outras novidades podem ser acompanhadas na página do musical no Instagram: @tortoaradomusical

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