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CULTURA

Elisa Lucinda: "Desejo futuro da dramaturgia realizada por pretos"

"Há um atraso imenso na formação da direção de arte", disse a atriz

Por Matheus Calmon

19/07/2024 - 18:38 h
Imagem ilustrativa da imagem Elisa Lucinda: "Desejo futuro da dramaturgia realizada por pretos"
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Atriz, poetisa, candomblecista, escritora e ativista em relação a questões sobre gênero e raça, Elisa Lucinda afirmou que sonha que o futuro da dramaturgia seja protagonizado por pessoas pretas, tanto no roteiro, direção de arte, figurino e outros setores.

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"Nós estamos com esse problema no audiovisual. Há um atraso imenso na formação da direção de arte, na formação dos filmes. Não estudam, desculpe, não estudam. Fizeram muito tempo sem nós, pagaram o mico à vontade, mas agora estamos na área. Então está ficando feio. Está ficando ruim", disse ela, que participou nesta qunita-feira, 18, de mesa sobre narrativas orais como forma de resistência no 'Negritudes Globo', em Salvador.

Lucinda defendeu ainda a desconstrução do ideal europeu e faz duras críticas ao racismo estrutural. "A Europa não tá com nada, desculpe. É um povo estuprador, sequestrador de gente, ruim de jogo, não sabe nem dar um abraço. Porque ninguém tá acostumado a falar da branquitude. Não pode falar nada da branquitude, tanto que roubam há anos, bilhões. E, no entanto, a gente não consegue, pelo menos, abalar a imagem do herói galã, estereotipado, branco, que mesmo roubando, ninguém diz. Às vezes, tem uma quadrilha de políticos, coisas que se desbaratam. Como é a história do ladrão de joias agora? Não tem nenhum preto envolvido", aponta Lucinda.

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Em conversa com o A Tarde, a atriz reflete se sentir uma bandeira ambulante, tendo em vista que nada em suas vivências escapa do recorte racial.

"Não tem nada aqui que não seja essa luta. Um dia me falaram, Liza, você bota racismo em tudo. Eu falei: 'não, o racismo quando eu cheguei, estava lá já, senão eu não ia levar'. Eu sou filho de um antirracista, um abolicionista que dizia que a educação era a nossa nova abolição e eu acho que na minha obra, no meu palco, nada, nada, nada me afasta dessa luta. Porque, assim, sou eu. Não é como escrever uma coisa fora de mim, sou eu. Eu fico feliz de poder falar isso aqui sem ter medo de não fazer a próxima novela, sem ter medo de ser retalhado, como muitas vezes nós fomos, não por essa ou aquela instituição, mas é o flow da branquitude".

Elisa interpretou a Marlene em 'Vai na Fé'
Elisa interpretou a Marlene em 'Vai na Fé' | Foto: Divulgação | Globo

Elisa pontua que há a necessidade de empretecer a Bahia em seu comando, elegendo, cada vez mais, gestores pretos. Ela exemplifica que mesmo tendo sido o povo preto os criadores do samba, brancos atualmente decidem 'quem entra e sai do carnaval'.

"Precisa parar com essa gente branca mandando na Bahia, tratando mal o povo preto. Se tirar os pretos da Bahia, acabou a Bahia. Acabou o turismo, acabou tudo. A gente tem que eleger preto. Eu estou falando isso porque eu também moro no Rio de Janeiro e ainda vejo as rainhas de bateria, todas aquelas brancas e os pretos empurrando o carro. Se a gente criou o samba, se a gente criou o carnaval, eu vejo os brancos decidindo quem entra e quem sai do carnaval, quem pode pagar, quem não pode pagar, quem vai pra dentro do cordão, quem vai pra fora. Que isso? Eu acho que é um escândalo. E não dá mais pra gente fingir que isso não está acontecendo. É preciso empretecer a Bahia no comando da Bahia".

Momentos antes, Lucinda pontuou que houve a necessidade de resistir à alisar o cabelo para interpretar uma médica em uma novela. Ela também frisou que a novela 'Vai na Fé', cujo elenco foi majoritariamente negro, foi uma das mais rentáveis.

"Surpreendeu, inclusive, a meu ver, a própria Globo. Foi uma novela que 'comeu' todas as outras, era de maior audiência, parecia que era das nove. A novela veio encantando todo mundo. Foi a novela que eu mais fiz comerciais. Eu fiz muito merchan, era uma chuva de anúncios. É um marco, é antes e depois de 'Vai na Fé'".

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Tags:

ativismo racial audiovisual candomblé cultura negra dramaturgia Elisa Lucinda Empoderamento narrativas orais racismo estrutural representatividade negra

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