LITERATURA
Escritora afirma que é “fundamental” falar sobre racismo com crianças
Márcia Campos Eurico é autora do livro ‘Racismo na Infância’
Por Edvaldo Sales
A escritora Márcia Campos Eurico, que lançou o seu primeiro livro, ‘Racismo na Infância’, em 2020, integrou a programação do primeiro dia da 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que aconteceu nessa sexta-feira, 6, no Distrito Anhembi. Ela participou de uma mesa no Espaço Educação para falar sobre a sua obra, a qual discute como é a vivência de crianças e adolescentes que estão em acolhimento institucional em relação à reprodução do racismo.
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“O livro vai contar um pouco como é que ocorre o acolhimento, quais são os grandes desafios para essas crianças e quais estratégias a gente pode oferecer para os profissionais que cuidam dessas crianças”, explicou Márcia, em entrevista ao Portal A TARDE. Segundo ela, que também é assistente social e professora da PUC-SP, um dos objetivos é coibir a reprodução do racismo “desde o xingamento, desqualificação da história, do cabelo e da inteligência na rotina das crianças”.
O público alvo do livro são os profissionais que trabalham com crianças e adolescentes, e professores, mas, de acordo com a escritora, tem sido lido pelo público em geral. “Muitas mães falam que leram para poder lidar melhor com as suas crianças em casa. Hoje, a gente olha e percebe que é um livro que serve para os profissionais de serviço social, da psicologia, do direito e da pedagogia.
Eu recebo de todas essas áreas elogios, agradecimentos e perguntas em relação a como ter uma prática antirracista a partir da leitura do ‘Racismo na Infância’.
Importância de falar sobre racismo com crianças
Integrante da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), Márcia afirmou, ainda na entrevista, que falar sobre racismo com as crianças é “fundamental”. “Muitos adultos dizem ‘vamos falar que todas elas são iguais e aí está tudo certo’. Isso é desconsiderar a capacidade de percepção da realidade das crianças”.
As crianças sabem que elas são diferentes. Uma criança branca sabe os traços que ela tem, o tipo de cabelo, assim como uma criança negra e uma criança indígena.
Ela ressaltou que o problema é que essas características, ao longo da história do Brasil e das Américas, “foram tratadas como sinônimo de qualidades boas ou ruins”. “Então, quando a gente discute com as crianças sobre as diferenças, é na perspectiva de que ser diferente não pode ser desigual”, continuou.
Quando a criança percebe que ela é diferente, que ela tem um cabelo diferente, uma cor de pele diferente, mas que isso não dá ela o direito de destratar outra, a gente está avançando em um luta antirracista e numa possibilidade das crianças se cuidarem e produzirem relações mais afetuosas do que violentas.
Na oportunidade, Márcia revelou que, até o final de 2024, vai lançar outro livro, o qual vai discutir o racismo entre as crianças. Assim como ‘Racismo na Infância’, a próxima obra será publicada pela Cortez Editora.
A 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo acontece até o dia 15 de setembro.
A equipe de reportagem do Grupo A TARDE viajou a convite da Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
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