CULTURA
Festival “Viva a Língua” começa hoje com arte, música e gastronomia
Minha pátria é minha língua

Por Grazy Kaimbé*

Radicado na Bahia há quase oito anos, o jornalista e produtor cultural português Ricardo Oliveira Duarte lança hoje a segunda edição do Festival Viva a Língua na capital baiana. A abertura acontece na Varanda do Teatro Sesi, no Rio Vermelho, com show (gratuito) do guitarrista português Pedro Jóia, às 18h, seguido, às 21h, de uma experiência gastronômica no Restaurante Boteco Português, do outro lado da rua (vagas limitadas a 60).
O festival se estende ainda com eventos pelos dias 9, 11 e 15 próximos. A programação ocupa outros espaços culturais, como o Palacete Tira-Chapéu, o Cineteatro 2 de Julho e o Gabinete Português de Leitura, reunindo artistas, intelectuais e produtores culturais de países que têm o português como língua oficial. Ricardo Oliveira Duarte explica que o festival surgiu da experiência pessoal de vivenciar diferentes países de língua portuguesa.
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“Estar em diferentes lugares que compartilham o português despertou em mim a vontade de aproximar pessoas e culturas. A língua é veículo não só de cultura, mas também de negócios, identidade e construção conjunta”, afirma.
Para o idealizador, a principal novidade desta edição é a exposição São João, Cá e Lá, que reúne registros do fotojornalista português Nuno André Ferreira, vencedor do Prêmio Press Photo, e do fotógrafo baiano Lennon Reis. Enquanto Ferreira percorreu cidades da Bahia, como Santo Antônio de Jesus, Muritiba, Cachoeira e Cruz das Almas, além do Pelourinho e do Parque de Exposições, Reis esteve no Porto, em Portugal, acompanhando as celebrações locais.
As imagens serão exibidas lado a lado, sem legendas de identificação, convidando o público a adivinhar a origem de cada registro.
A abertura da exposição acontece no sábado (11), no Palacete Tira-Chapéu, após uma prévia restrita ao jantar de sexta-feira (9). Em uma declaração enviada ao A TARDE, Nuno André Ferreira detalhou a experiência de registrar o São João em ambos os países e destacou tanto as semelhanças quanto as diferenças.
“Entre Portugal e o Brasil, há muitas semelhanças nas festividades. Mas o que mais me surpreendeu foram as diferenças… em Portugal usamos pequenos martelos (de plástico) para fazer barulho. No Brasil, são as espadas. A mobilização da população, a forma de vestir, as comidas típicas, como o milho em vez do amendoim torrado, tudo impressiona. A fotografia, nesse contexto, tem um papel essencial: ela é documento, memória e registro”, explica.
Diferentes debates
Segundo Duarte, a proposta do festival é ser um espaço de encontro e troca cultural. “O desconhecimento leva ao afastamento e ao preconceito. Ao aproximar as pessoas, mostramos a potência da língua portuguesa e o quanto ainda é possível construir juntos”, afirma.
A programação do evento é variada. Além da fotografia, a edição de 2025 do festival promove encontros gastronômicos inéditos, reunindo chefs de Portugal, Angola e Brasil.
Entre eles estão Helt Araújo, de Angola, a chef baiana Angeluci Figueiredo, do restaurante Preta, e o português Gonçalo Ramírez, que apresentarão menus explorando ingredientes comuns aos três países, acompanhados de apresentações musicais da cantora baiana Sue Nunes, recentemente indicada ao Grammy Latino.
“Essa partilha mostra que a língua portuguesa é capaz de gerar redes de conhecimento e aproximação entre países e continentes. Ao trazer chefs de diferentes lugares para cozinhar juntos, criamos uma experiência concreta de intercâmbio cultural”, afirma Duarte.
O festival também promove debates e reflexões sobre história e pertencimento. O historiador e mediador do evento, Rafael Dantas e Duarte conduzirão a roda de conversa ‘Conversa com História’, que reunirá professores e pesquisadores do Brasil, Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau.
O cabo-verdiano Elias Alfama Moniz ressalta a importância desse tipo de iniciativa: “É uma oportunidade ímpar de nos darmos a conhecer, conhecer melhor nossas histórias e aproximar povos que partilham a língua portuguesa. A lusofonia, via língua que nos une, sai fortalecida desse encontro”, disse.
“Espero poder contribuir para levantar o véu sobre algumas questões que ainda podem estar por esclarecer melhor. Julgo que existem fios históricos que nos unem, nos mais variados âmbitos, que talvez eu possa desvelar e que podem ajudar a compreender melhor certas similitudes que existem entre as nossas culturas”, complementa.
Programação
A abertura será hoje, na Varanda do Teatro Sesi, no Rio Vermelho, com show do guitarrista português Pedro Jóia às 18h, seguido de uma experiência gastronômica no Restaurante Boteco Português às 21h, com ingressos limitados. No dia 9, o Palacete Tira-Chapéu, no Centro Histórico, recebe das 19h às 23h um jantar a três mãos, com os chefs Helt Araújo, Angeluci Figueiredo e Gonçalo Ramírez, seguido de apresentação musical de Sued Nunes.
No dia 11 (sábado), o Gabinete Português de Leitura, na Praça da Piedade, abre, das 14h às 16h, a mostra fotográfica São João – Cá e Lá, reunindo registros das festas em Portugal e na Bahia, com entrada gratuita.
Para encerrar, em 15 de outubro, o Cineteatro 2 de Julho, no Irdeb, sedia das 15h às 17h a roda de conversa ‘Conversa com História’, reunindo historiadores do Brasil, Angola e Guiné-Bissau para debater a importância do conhecimento histórico compartilhado pelos países que falam a língua portuguesa.
A maior parte das atividades é gratuita, com exceção dos jantares no Boteco Português e no Palacete Tira-Chapéu, que tem ingressos limitados.
‘Viva a Língua - Festival da Língua Portuguesa’ / Hoje e dias 09, 11 e 15 / Hoje: show musical de Pedro Jóia, 18h, Varanda do Sesi Rio Vermelho, aberto ao público, seguido de Experiência gastronômica no Restaurante Boteco Português (ingressos limitados), 21h



*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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