NA NOITE DA BELEZA NEGRA
Gestores da cultura exaltam Ilê: “lugar muito sagrado”
Piti Canella, da Funceb, e Fernando Guerreiro (FGM) destacaram importância social e histórica do bloco afro
Por Bianca Carneiro e Lais Rocha
Prestes a escolher a sua Deusa do Ébano de 2024, o Ilê Aiyê recebe, neste sábado, 13, centenas de pessoas para a 43ª Noite da Beleza Negra, na sua sede, a Senzala do Barro Preto, no Curuzu, em Salvador. Presentes no evento, Piti Canella e Fernando Guerreiro, diretores das Fundações Cultural do Estado (Funceb) e Gregório de Mattos (FGM), respectivamente, exaltaram a importância histórica e social do primeiro bloco afro do país, que neste ano, completa 50 anos de fundação.
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Em entrevista ao Portal A TARDE, Piti lembrou que o Ilê desempenhou um papel crucial para a construção da autoestima dentro da comunidade negra.
"Foi por causa do Ilê Aiyê que os negros conseguiram se achar bonitos olhando no espelho, começaram a se enfeitar, porque no bloco Ilê Aiyê, tudo era permitido para os negros, e isso foi um pioneirismo. Essa abertura e aceitação proporcionadas pelo Ilê Aiyê foram fundamentais".
Ela disse ainda que o Ilê desempenhou um papel crucial na disseminação da força negra da Bahia para o mundo inteiro e ressaltou a sacralidade do bloco como um lugar onde a expressão e a celebração da identidade negra são veneradas.
“A gente deve muito ao Ilê Aiyê porque o Ilê já levou a força negra da Bahia para o mundo inteiro. O Ilê Aiyê é um lugar muito sagrado”.
Um dos jurados do concurso, Fernando Guerreiro tem pela frente a difícil missão de ajudar na escolha de apenas uma entre as 15 candidatas à Deusa do Ébano. Ele ressaltou a coragem e a resistência que marcaram os primeiros passos do bloco, salientando que, no primeiro ano, nenhum clube queria recebê-los, situação que contrasta com o status de hoje, firmado como um ícone reconhecido no cenário do Carnaval baiano.
"É uma grande comemoração dessa luta, desse cinquentenário que a gente não acredita, porque eu vivi toda essa história direto e diretamente”. Fernando destacou a importância de durante o Beleza Negra avaliar não apenas a beleza física, mas também a postura e o discurso das participantes, pois a representação do bloco durante todo o ano está em jogo.
“Ela vai ficar durante um ano representando o bloco. Vai desfilar nos 50 anos do bloco, um desfile muito especial. No momento em que o tema do carnaval é esse. Então, a gente vai viver hoje o tema do carnaval, então é responsabilidade grande”.
Quem também marcou presença no evento foi o jornalista Bob Fernandes. Para ele, uma comemoração como o Beleza Negra reforça que “Salvador, a Liberdade e o Curuzu, são diferentes de tantas outras partes do Brasil”. “Uma reafirmação e uma reafirmação no Centro”, concluiu.
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