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TEATRO

Ícone do teatro baiano, espetáculo “Bululú” volta a preços populares

Bululú estreou em 2016 e logo conquistou o público e as premiações

Por Maria Raquel Brito*

10/06/2025 - 9:00 h
Temporada é curta
Temporada é curta -

Os admiradores do teatro baiano têm um motivo para se alegrar em junho. O motivo é o retorno do espetáculo Bululú — Estórias da Invenção do Mundo aos palcos pela primeira vez em oito anos. A temporada é curta e acontece entre sexta-feira, 13, e domingo, 15, às 20h, na Casa Rosa. No dia 15, haverá também uma sessão extra às 17h.

Protagonizado por Danilo Cairo e João Guisande, Bululú estreou em 2016 e logo conquistou o público e as premiações. Além de receber a mais importante categoria no Prêmio Braskem de Teatro de 2016, uma das maiores condecorações das artes cênicas na Bahia, o espetáculo também alcançou um marco inédito: a primeira vez que um prêmio de melhor ator foi dividido por dois intérpretes.

Qual é a história de Bululú?

O espetáculo conta a saga dos comediantes Amadeus (Cairo) e Bartolomeus (Guisande), tão antigos como o próprio teatro. Eles decidem contar o famoso romance da “Invenção do Mundo”, inspirado no Grande Teatro del Mundo, de Calderón de La Barca.

Ao longo da montagem, eles recitam, explicam e comentam todos os momentos do texto, até que Bartolomeus começa a questionar a razão de estarem ali, despertando para questões que abalam o mundo dos dois e lhes direcionam para uma dúvida: deverão escolher a ação da arte ou uma sociedade cada vez menos poética, menos sensível e mais consumista? “Eu acho que Bululú é uma metáfora muito bonita da figura e da necessidade da arte no mundo”, diz Cairo.

“Embora em vários momentos a gente duvide, questione, também conseguimos identificar a arte como um lugar necessário para viver. É uma conexão com a essência da vida. Bululú é um ser que está ali como comediante, mas antes de tudo é a condição do ser humano. Um ser humano que se relaciona com a vida de uma maneira muito bonita, complexa, inteira e popular”, define Cairo. Guisande completa: “Acho que Bululú de jeito nenhum é freio de mão puxado, é freio de mão arriado. E ele vai-se embora para a frente”.

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Como Bululú foi criado?

Bululú - Estórias da Invenção do Mundo nasceu durante um intercâmbio cultural que os atores faziam em Portugal, e antes de estrear em Salvador teve apresentações na Europa, além de cidades como Aracaju, Caruaru, Recife e Alagoinhas, em mais de 100 sessões.

O retorno faz parte das celebrações de 18 anos do coletivo Toca Criações Artísticas, idealizado por Cairo em 2005, através do qual o espetáculo foi realizado. Para os protagonistas, essa é uma oportunidade de matar a saudade de Bululú e de apresentá-lo para o público.

“[A peça nos trouxe] relações com a comunidade, com as crianças, com os idosos. Participamos de espetáculos feitos com a comunidade. Tudo isso foi alimentando a gente, dando uma bagagem artística muito emocionante e que, sem dúvida nenhuma, faz total diferença nos artistas que somos hoje e que seguimos desenvolvendo nos nossos trabalhos”, afirma Danilo Cairo.

Nos oito anos distantes de Bululú, Cairo e João Guisande seguiram seus caminhos e puderam realizar outros projetos pessoais e profissionais. Guisande, por exemplo, passou muito tempo em Portugal, depois voltou para Salvador. Agora, voltam com a possibilidade de viver os personagens a partir de novos pontos de vista.

”Hoje são outros corpos, outras vivências, outras experiências enquanto artista. Eu estava pensando esses dias sobre o João que estreou Bululú com 25 anos, porque agora eu estou com 35. O quanto naquele tempo eu estava fazendo força para atingir uma qualidade cênica e hoje eu já sinto uma maturidade, como se essa brincadeira já fizesse parte do meu corpo, como se eu já soubesse jogar esse jogo. E eu estou me sentindo muito tranquilo, muito leve e doido para encontrar o público de novo com essa peça”, diz o intérprete de Bartolomeus.

Cairo concorda. Para ele, o teatro e o tempo estão conectados: cada apresentação é um universo próprio, porque cada experiência obtida se manifesta em cena. “É fantástico como são dois processos nesse desenvolvimento de retomada do espetáculo. Um que é o reencontro com as palavras, o jogo, a poética do espetáculo, mas também outro que é a descoberta de coisas novas: novas imagens, novos sentidos, novas maneiras de fazer algumas coisas”, diz.

Se eles se transformaram ao longo dos últimos oito anos, a sensação que têm é de que Bululú continua pertinente como nunca, na defesa da arte, da coragem de viver sendo quem se é e todas as dificuldades que vêm com isso. No texto, estão questionamentos sobre a importância do teatro e dos atores, a relação entre atores e público e a relação entre arte e dinheiro.

“Bululú se utiliza do teatro para falar sobre a vida humana. É um pouco desesperador nesse sentido perceber o quanto o espetáculo é atual e dialoga tanto com o momento de mundo que vivemos. São tantas metáforas postas ali que dialogam com quem é artista, porque nos vemos de alguma maneira ali, mas para além disso são questionamentos sobre a condição humana no mundo. Eu acho que quem é artista e quem não é encontra ali o seu portal de identificação”, defende Guisande.

Tributo ao diretor espanhol Moncho Rodriguez

Imagem ilustrativa da imagem Ícone do teatro baiano, espetáculo “Bululú” volta a preços populares
| Foto: Divulgação | Diney Araújo

O espetáculo foi escrito e dirigido pelo premiado diretor espanhol Moncho Rodriguez. Reconhecido como um dos mais importantes diretores e pesquisadores do teatro do mundo ibérico, com mais de 200 encenações realizadas na Espanha, Brasil e Portugal, Moncho faleceu em 2023 e deixou um legado de criações que partem da vontade de provocar uma ruptura nos conceitos e nas fórmulas do teatro tradicional.

Dois anos após a morte do diretor, a remontagem vem também como um tributo para ele, que os dois atores enxergam como um grande mestre. Segundo eles, essa é uma maneira de homenageá-lo e promover uma reconexão com tudo que Moncho os ensinou.

“Moncho, para mim e para o Toca, é uma presença divisora de águas nessa trajetória de 18 anos. A gente teve a sorte de encontrar alguns mestres desde o início e Moncho sem dúvida é um dos grandes. É um artista gigante, que instalou em nós a poética, a maneira de pensar, de viver, de fazer, de criar”, afirma Cairo.

João conta que, com Moncho, o processo criativo era peculiar. Até o que não parecia ensaio era, no fim das contas, uma preparação para os espetáculos.

“Por exemplo, nós construímos o cenário de Bululú. Nós ajudamos a fazer as malas que utilizamos no espetáculo, e a gente batia texto enquanto construía aquela mala. Processos que estavam fora da sala de ensaio e que foram fundamentais para a construção do espetáculo”, relembra.

Programação especial

Além das apresentações de Bululú, as comemorações de 18 anos do Toca envolvem uma programação extensa, com oficinas, atividades de intercâmbio, espetáculos de repertório e inéditos, e muito mais.

“Quando eu pensei nesse projeto de 18 anos do Toca, foi a partir da celebração como encontro. Eu acho que é um ano de reencontrar. E nesse reencontro a gente retoma alguns projetos antigos, celebra esses encontros e, a partir desses encontros, abrir espaço para que novas coisas também possam surgir. Então acho que esse é o grande espírito”, diz Danilo.

O projeto acontece com recursos da Fundação Gregório de Mattos, após ser contemplado por edital.

O grupo, idealizado por ele como um território de criação coletiva e produção cultural multilinguagem, surgiu a partir do encontro de jovens atores, de origens e formações distintas, na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia em 2006. Em 2008 o coletivo se consolidou profissionalmente com a estreia do espetáculo musical Atire a Primeira Pedra e vem desenvolvendo um trabalho contínuo de formação, pesquisa, criação e produção cultural vinculado ao treinamento e capacitação dos artistas, realizando espetáculos, mostras de cenas artísticas, oficinas, seminários, workshops, performances, shows e documentários.

“Bululú” / A partir de sexta-feira (13) até domingo (15), 20h / Casa Rosa (Rio Vermelho) / R$ 20 e R$ 10 (Sympla)

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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Tags:

bululú premio braskem de teatro teatro baiana

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