Movimento cultural que chicoteia pessoas divide opiniões na web; vídeo
Morador explica que apenas quem se atreve a mexer com as caretas ou suas mulheres são punidos
Vídeos de uma manifestação cultural em uma cidade no oeste da Bahia tem assustado internautas nos últimos dias. Trata-se da 'caretagem', que acontece no município de Canápolis.
Nas imagens, o público segue pelas ruas em um cortejo e, enquanto isso, personagens disfarçados com máscaras aparecem chicoteando algumas pessoas.
"Isso não é cultura, é agressão", disse uma internauta. "Me desculpem meus conterrâneos, mas não consigo ver isso como uma cultura ou representação da semana santa. Acho uma ignorância com falta de respeito", comentou outro.
Segundo a prefeitura de Canápolis, trata-se de uma tradição que acontece há cerca de 100 anos, sendo "amada por todos". Entretanto, é importante ressaltar que as chicotadas não são dadas em qualquer um: é preciso mexer com os 'caretas' ou com suas mulheres.
Nascido e crescido na cidade, Marcos Assunção, 30, disse que a caretagem começou quando pessoas começaram a acompanhar os desfiles dos caretas para penduração do judas. Ao longo do percurso, quem se atreve a mexer com os caretas ou as mulheres deles, são chicoteados.
O movimento, que acontece todo ano, no Sábado de Aleluia da semana santa, representa também a dor sofrida por Jesus Cristo até a crucificação.
"São dois desfiles, um às 4h da manhã e outro às 16h. No primeiro é realizado a penduração do Judas e as 10 da manhã é a sua derrubada. Assim que é derrubado, é arrastado pelas ruas por pessoas e essa pessoas estão sujeitas a levarem ovada como forma de protesto por tocarem no Judas".
Assim como nas redes sociais, visitantes da cidade também se assustam quando se deparam com o movimento, antes de conhecê-lo.
"Tenho amigos que já levei para lá e, desde então, vão todo ano e nunca levaram nenhuma chicotada, porque vão apenas acompanhar e não querem participar", conta Marcos, que frisa que, quem conhece a cidade, a ama.
"A população de Canápolis é muito acolhedora. Lá você chega e basta conhecer apenas um morador, pronto, o povo te abraça de uma maneira tão gostosa e receptiva que o seu retorno lá não depende mais daquele seu amigo que te levou. Teve anos de, por motivos maiores, eu não poder ir, mas meus amigos foram sem mim".
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