ALERTA
“Mulher não é só para a procriação”, diz sexóloga aos homens
Mirna Rosier explica importância de não genitalizar o sexo e saber explorar o corpo feminino
Por Thiago Conceição
A busca pelo prazer sexual nas mulheres passa pelo desafio de quebra da barreira do foco em agradar apenas o companheiro, afirma a psicóloga e sexóloga Mirna Rosier, em participação no Isso é Bahia, da A TARDE FM, nesta sexta-feira, 10.
Ela explica que a situação ocorre de forma especial nas relações heteronormativas, diante de conceitos e questões religiosas que fazem a mulher buscar apoio para atender aos anseios do homem. No entanto, Mirna destaca a importância do avanço no debate e ações que foquem no desejo próprio, em especial ao tratar do público feminino.
“Eu até questionava a dificuldade em acessar essas mulheres. A gente tinha uma lista de mulheres [nos atendimentos] que queriam agradar o parceiro, não falavam do desejo [sexual] próprio. No entanto, com o passar dos anos, comecei a notar a chegada de mulheres que buscavam satisfazer as suas necessidades sexuais. E diante de questões de conceitos ou religiosas, vinha o questionamento se ela praticava a masturbação ou não, se conhecia o próprio corpo, até afastando a questão mais genital, mas abordando o conhecimento das demais partes do corpo”, explica a sexóloga.
Para Mirna, o homem ainda tem a imagem do sexo mais genitalizado, com o foco no pênis. No entanto, com o avanço das discussões sociais e das questões que envolvem o público feminino, a mulher deixa de ter a relação conservadora do sexo como “procriação” e passa a falar de prazer.
“A gente está em processo de construção social. A mulher não é só para procriação, daí a importância de não genitalizar o corpo. E o convite ao homem para isso. A mulher que escolhe o sexo por prazer, não para procriação, por muitas vezes é marginalizada. Uma mulher de 40 anos, solteira, é questionada por não querer ter filhos. Isso ainda é uma pressão: desvincular o sexo da procriação”, disse Mirna.
A discussão sobre o papel dos parceiros no sexo ainda caminha para o avanço das relações que evolvem o público LGBTQI+, acrescentou a psicóloga ao Isso é Bahia. É o processo de desconstrução da ideia do homem e da mulher como únicos protagonistas da prática, assim como aquilo que seriam os seus papéis.
“Quando a gente fala de papéis, existe o convite para a desconstrução de que o sexo é homem e mulher, masculino e feminino. A gente traz a perspectiva de outra categoria e convida a ser confortável [falar sobre as relações e o sexo]. É tirar o discurso do 'anatomicamente', a dureza da fala de que o homem e a mulher ‘encaixam’. O mais importante é que a gente se conecte com as pessoas, com o companheiro. O ‘eu gosto de você’, seja qual for a sua aparência, anatomia, sua atração. E as questões LGBTQI+ convidam para isso”, conclui a sexóloga.
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