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"O carnaval da Bahia não é vendido no carnaval preto", diz Zebrinha

Coreógrafo criticou falta de protagonismo preto na folia de Salvador

Por Bianca Carneiro e Matheus Calmon

24/11/2023 - 18:03 h
Baiano disse não acreditar que a festa seja democrática
Baiano disse não acreditar que a festa seja democrática -

Um dos convidados a palestrar na Expo Carnaval Brazil, nesta sexta-feira, 24, o coreógrafo Zebrinha criticou a falta de protagonismo negro na folia momesca de Salvador. Ao Portal A TARDE, o baiano disse não acreditar que a festa seja democrática e pediu para que o desfile de blocos afros como o Ilê Aiyê aconteçam e sejam repercutidos em “horário nobre” na mídia.

>>> Abertura da Expo Carnaval reúne artistas, políticos e empreendedores

“Protagonismo negro no carnaval de Salvador existe? Eu não acredito que exista. Eu acho que para todas as mazelas e sequelas do negro no carnaval, na vida como um todo, todo mundo sabe a solução qual é. É só tomar uma atitude. O protagonismo dos blocos afro no carnaval, qual é o problema? É que o carnaval da Bahia não é vendido no carnaval preto. Ele é vendido no carnaval de trio, de branco, ok? Ele é vendido no carnaval onde os sudestinos virão pra cá e estavam cercados por um monte de pretos, protegendo-os enquanto eles brincam à vontade”, disse ele, que participou de uma mesa sobre o assunto ao lado dos jornalistas e agentes culturais Alberto Pita, Silvio Botelho (Bonecos de Olinda) e Wanda Chase.

“O carnaval, o protagonismo do carnaval, ele seria preto se o Ilê Aiyê passasse o horário nobre. Eu espero que isso um dia aconteça. A solução está aí, não é somente consertar o carnaval. A solução para todas as mazelas e problemáticas preta e branca, são os brancos que devem resolver. São os trios brancos que devem abrir mão, é o carnaval que deve se democratizar, certo?”, completou.

Para Zebrinha, a questão só vai mudar quando o cenário político passar por transformações profundas e contar com mais representantes pretos. O artista afirmou que o “povo negro está cansado de gritar e não ser ouvido”.

“O problema é que nós gritamos no deserto, ninguém quer nos ouvir, nem governo, ninguém quer nos ouvir e nós estamos cansados de gritar. O Brasil não ouve preto, o Brasil não ouve indígena, o Brasil não ouve cigano, o Brasil não ouve nenhuma coisa que não seja branca. Inclusive, nós, pretos, não somos considerados um povo, que eu acho que no dia que a branquitude brasileira nos considerar um povo, um grupo, as coisas mudam, porque vão perceber o poder que nós temos".

Nós podemos fazer alguma coisa? Nós, que eu digo nós pretos, podemos fazer alguma coisa? Podemos votar, votar em preto, votar em pretos engajados, votar em mulheres pretas, a única maneira de consertar isso é votar, e não adianta votar no presidente, nós temos que eleger uma câmara, um cenário preto”, defendeu.

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