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"Plano de Cultura precisa contemplar a capoeira", diz mestre Paulão

Paulo foi o primeiro capoeirista do Brasil a compor o Conselho Nacional de Política Cultural

Publicado segunda-feira, 04 de março de 2024 às 16:49 h | Autor: Matheus Calmon
Paulão Kikongo é o primeiro capoeirista do Brasil a compor o Conselho Nacional de Política Cultural
Paulão Kikongo é o primeiro capoeirista do Brasil a compor o Conselho Nacional de Política Cultural -

A criação do Plano Nacional De Cultura, que está em desenvolvimento durante a 4ª Conferência Nacional de Cultura, deve atentar às necessidades e importância dos capoeiristas, cuja manifestação é Patrimônio Cultural.

Em entrevista ao Portal A TARDE, o mestre Paulão Kikongo, da Associação Capoeira Kilombarte, do Rio de Janeiro, primeiro capoeirista do Brasil a compor o Conselho Nacional de Política Cultural, afirmou que a capoeira precisa ser valorizada como manifestação cultural.

"A capoeira foi reconhecida pelo Estado Brasileiro como Patrimônio Cultural em 2008, mas ainda hoje, infelizmente, nossos mestres e mestras, principalmente mestres e mestras pretos e pretas, continuam morrendo na miséria, porque não conseguem viver da prática do seu ofício. Então, que as políticas públicas de cultura que vão ser aprovadas aqui nesses 5 dias de conferência possam efetivamente atender às demandas da capoeira, da comunidade de povos tradicionais de terreiro, e de todas as culturas populares tradicionais".

Capoeira é um patrimônio cultural brasileiro
Capoeira é um patrimônio cultural brasileiro |  Foto: Matheus Calmon | Ag. A TARDE
  

Paulo iniciou na capoeira em 1979 em uma instituição fundada pelo baiano José Machado dos Santos, Mestre Machado, a Associação de Capoeira Modelo Cultural Quicongo.

Lá, ele conta que diversas atividades relacionadas a capoeira foram desenvolvidas, não só enquanto patrimônio cultural protegido pelo Brasil.

"Nós temos a Quilombarte como um ponto de memória, temos a nossa Rádio Capoeira, que é um ponto de cultura reconhecido pelo Ministério da Cultura, temos a nossa Biblioteca Comunitária Francisco da Silva, que tem um acervo de mais de 12 mil livros afro-referenciado e indígena, e também temos o Museu Vivo de Arte e Cultura da Capoeira. São pontos de memória, são bibliotecas, são rádios que dialogam com a capoeira enquanto uma expressão genuinamente brasileira, afro-referenciada".

Uma das defesas dele é um projeto de lei que já tramita no Congresso, que dá subsídio para mestres e mestres de todas as culturas populares tradicionais, incluídos as mestres e os mestres de capoeira, para que eles possam ter, durante a sua vida, um auxílio para sobreviver.

"A gente está numa briga muito grande há muito tempo, então uma das principais propostas nossas é a aprovação dessa lei, e também que seja criado um plano nacional para as culturas populares e tradicionais que englobam a capoeira nesse processo", conta o Mestre.

"Que efetivamente o Estado não só reconheça o patrimônio como um bem cultural, mas que ele efetivamente fomente, dê recursos para que esse patrimônio não se perca".

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