MÚSICA
Tributo ao Nirvana junta banda de rock e Orquestra Villa-Lobos na Concha Acústica
Show acontece no domingo, 3
Por Chico Castro Jr.
Morto há três décadas e oito meses, Kurt Cobain foi o penúltimo grande nome do rock morto aos 27 anos (a última foi Amy Winehouse). Sua memória e influência seguem muito vivas no público e uma prova disso se apresenta amanhã em Salvador: é o espetáculo 30 Anos sem Kurt Cobain, que bota no palco da Concha Acústica o power trio argentino Seattle Supersonics acompanhado da brasileiríssima Orquestra Sinfônica Villa Lobos.
Agora, qualquer um que já ouviu o Nirvana, trio liderado por Kurt Cobain, deve estar se perguntando: uma banda tributo e uma orquestra? os dois grupos juntos ao mesmo tempo no palco? Porque?
E mais importante: como conciliar o esporro sônico furioso do Nirvana com o som acústico e sinfônico de uma orquestra?
Regente da Orquestra Sinfônica Villa Lobos, o maestro Adriano Machado tem as respostas na ponta da língua, ou melhor, da batuta: “A primeira coisa que me veio à mente foi a possibilidade de explorar as profundas emoções e a intensidade que ambos os gêneros musicais podem oferecer. O Nirvana, com seu som cru e introspectivo, já carrega uma carga emocional poderosa. Ao combinar isso com a grandiosidade e a sofisticação da música sinfônica, vi uma oportunidade de criar uma experiência única e inesquecível”.
“A conexão entre o som do Nirvana e o som sinfônico reside na capacidade de ambos de evocar fortes emoções. A música do Nirvana, embora seja associada ao grunge, tem uma riqueza melódica e uma intensidade que podem ser amplificadas e transformadas pela orquestra. Os violinos, violoncelos e instrumentos de sopro adicionam camadas de profundidade e complexidade que complementam perfeitamente o som raw (cru) e energético da banda”, acrescenta.
Como um detetive, Adriano se embrenhou no repertório do trio, buscando os pontos onde ele poderia inserir as intervenções orquestrais: “Comecei por analisar as estruturas e melodias, procurando pontos onde a orquestra poderia se integrar de forma orgânica. Trabalhei em arranjos que respeitassem a essência original das canções, mas que também permitissem a inclusão de elementos sinfônicos. Isso incluiu a adição de linhas melódicas para os violinos e violoncelos, bem como a incorporação de instrumentos de sopro para adicionar camadas de intensidade”, detalha.
Vencida essa etapa, foi preciso pensar a engenharia de som, de modo que os decibéis da banda não sobrepujassem totalmente o som da orquestra: “Foi crucial equilibrar os níveis de som e a dinâmica do espetáculo. Trabalhamos arduamente para assegurar que a orquestra pudesse ser ouvida claramente, sem sobrepor-se à banda, e vice-versa. A chave foi encontrar um equilíbrio perfeito, onde cada elemento musical complementasse o outro, criando uma experiência sonora coesa e emocionante”.
Hermanos encantados
Do outro lado desse jogo está o trio hermano Seattle Supersonics, formado por Ezequiel Dias (voz e guitarra), Estevan Molina (bateria) e Christian Monteiro (baixo), que, pelo visto, está curtindo de montão – tanto a experiência de tocar com a orquestra brasileira, quanto rodar o Brasil com a turnê deste espetáculo, que já passou por dez cidades e encerra justamente aqui em Salvador: “É uma experiência incrível poder ouvir os arranjos originais do Adriano, nos sentimos muito sortudos por fazer parte desse projeto único no mundo”, afirma Ezequiel.
“Também estamos encantados com o resultado de poder conhecer tantos lugares e o que esse projeto está gerando para as pessoas”, acrescenta.
Na ativa desde 2010, o trio já tocou bastante no seu país natal, além de rodarem por Uruguai, Chile e Paraguai, mas a experiência com orquestra é única no Brasil e o resultado sonoro surpreendeu bastante os próprios membros do Supersonics: “O maestro Adriano Machado criou alguns arranjos originais que todos nós gostamos muito e que nos convenceram completamente quando vimos a resposta das pessoas! O Brasil foi o primeiro lugar onde pudemos mostrar essa experiência e ficamos surpresos com o quanto as pessoas gostaram. Essa turnê está sendo linda e estamos muito felizes com isso”, afirma.
O maestro Adriano faz coro com Ezequiel: “O público tem respondido de forma apaixonada, cantando junto e demonstrando uma conexão profunda. A turnê tem sido um momento histórico para todos nós envolvidos, e é gratificante ver como a música pode unir pessoas de todas as gerações e backgrounds. Estamos extremamente agradecidos”.
TRIBUTE OF NIRVANA – Seattle Supersonics e Orquestra Sinfônica Villa Lobos apresentam: 30 Anos sem Kurt Cobain / Amanhã, 18h / Concha Acústica Salvador – TCA (Praça Castro Alves, s/n, Campo Grande) / R$ 140 e R$ 70 / Ingresso social: R$ 98 (mais 1kg de alimento não perecível) / Clube A TARDE: R$ 84 / Vendas: Sympla, Showpass Online, Showpass, lojas Bravo Burger e bilheteria TCA (sem taxa)
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