ECONOMIA
Brett King sobre o Pix: "Brasil já está 10 anos à frente dos EUA”
Futurólogo alerta para "bolha da IA" e prevê fim do cartão de plástico

Por Isabela Cardoso

O sistema financeiro global está prestes a enfrentar sua maior transformação em milênios, e o Brasil ocupa uma posição de vanguarda nesse cenário. Quem afirma é o australiano Brett King, futurólogo e autor do best-seller Bank 2.0, que em 2010 antecipou a ascensão das fintechs e dos bancos digitais.
Em passagem pelo Brasil, King destacou que o Pix não é apenas uma ferramenta de conveniência, mas uma infraestrutura tecnológica que coloca o país uma década à frente de potências como os Estados Unidos.
Segundo o especialista, o sucesso do sistema brasileiro já força gigantes como Visa e Mastercard a planejarem um "futuro sem plástico", focado em dados e tokenização.
O pix além do dinheiro: saúde e identidade digital
Para o futurólogo, o próximo passo do Brasil deve ser a superação do documento físico. "Um documento de identidade em papel não será suficiente", alerta King, em entrevista ao Metrópoles. Ele prevê que o Pix evoluirá para uma camada de transmissão de dados diversos.
Open Health: No futuro, o cidadão poderá enviar registros médicos via Pix diretamente para hospitais.
Identidade digital: Sistemas robustos de identificação serão essenciais para sustentar a próxima geração de pagamentos e a integração com a IA.
Expansão internacional: King acredita na internacionalização do Pix, possivelmente em conexão com moedas digitais (CBDCs) e blocos como os Brics.
IA: "A tecnologia de maior impacto em 1000 anos"
Apesar do otimismo com a inovação, King é categórico ao classificar o momento atual da Inteligência Artificial como uma bolha financeira. Ele aponta que os investimentos massivos sustentam economias como a americana, mas adverte que o impacto real da IA será disruptivo para o mercado de trabalho.
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"A IA foi projetada para tirar os humanos da força de trabalho. Ela afeta o trabalho braçal e o intelectual ao mesmo tempo", explica.
Essa velocidade de mudança levanta debates sobre a Renda Básica Universal. Para o autor, o risco é a criação de um "sistema feudal moderno", onde bilionários detêm a tecnologia enquanto o restante da população depende de auxílios governamentais.
Bancos digitais e a nova regulação
A eficiência do setor bancário brasileiro também foi elogiada. King citou o Nubank como um modelo global de eficiência, operando com uma relação custo/receita de 26%, contra a média mundial de 58%.
Essa evolução exige que o Banco Central mude seu papel: de um simples regulador de leis para o provedor da infraestrutura tecnológica central do país. O desafio, segundo ele, é garantir que as empresas de tecnologia, que hoje funcionam como "caixas pretas", não se tornem mais poderosas que os próprios governos.
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