CONJUNTURA
Com queda na inadimplência, varejo baiano prevê alta de 5%
Previsão é de aumento dos gastos com serviços voltados às famílias no 2º semestre
Por Fábio Bittencourt
A queda do desemprego no estado e na inadimplência em Salvador, aliada à inflação controlada, deve resultar em um aumento nas vendas do varejo de 5%, no período de julho a dezembro, projeta a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA).
Antes concentrados em setores essenciais, como mercados e farmácias, com a melhora na renda, devem ser ampliados, nesta segunda metade do ano, gastos com serviços voltados às famílias, como restaurante e hotel, sem contar no consumo de vestuário, eletroeletrônico, veículos.
Segundo o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, mesmo com a inadimplência ainda elevada na capital, de 25,6% em julho, “o desempenho de Salvador vem melhorando expressivamente”. A taxa chegou a alcançar a marca de 30,8%, entre agosto e setembro de 2020.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) aponta que, atualmente, 226,6 mil famílias em Salvador estão endividadas. Embora ainda um índice alto, em um ano houve redução de 66 mil famílias, pontua Dietze.
Já a diminuição para 14% no nível do desemprego no primeiro trimestre no estado é o melhor desde o mesmo período em 2015 (11,4%). O indicador foi a 21,7%, em 2022, frisa Dietze. Ainda de acordo com o consultor econômico da Fecomércio-BA, apesar do impacto negativo da inadimplência sobre o consumo, a combinação de mais emprego e renda, com recuo da inadimplência e juros mais baixos que há um ano são indicativos “de um segundo semestre positivo para a economia baiana”.
“O que contribui para as expectativas dos empresários locais, no sentido de ampliar mão de obra, planejar investimentos, compras de novos maquinários”, diz.
Vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon), Edval Landulfo destaca que o índice de inadimplência no Brasil há, pelo menos duas décadas, mantém-se elevado –, acima dos 50 milhões de consumidores. Segundo ele, culpa da renda média baixa.
“É notório que a renda média do brasileiro é abaixo da expectativa para uma boa qualidade de vida. Isso faz crescer a demanda por crédito, seja no cartão, crediário das lojas, empréstimos consignado, pessoal”, afirma.
Em junho, ressalta o economista, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calculou que o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas (dois adultos e suas crianças) no Brasil deveria ser de em R$ 6.995,44, ou quase cinco vezes o atual.
Educação financeira
Levantamento realizado pela Serasa mostra que 51 milhões de consumidores nunca consultaram a situação do CPF na plataforma da instituição, sendo que 20 milhões estão negativados. Em todo o país são 72,5 milhões de brasileiros em situação de inadimplência.
Na Bahia são 3,38 milhões de consumidores que nunca verificaram o CPF no site ou aplicativo da Serasa para saber se há alguma notificação, ou mesmo oferta de negociação. Desse total, 1,3 milhão está negativado, mas nunca procurou saber.
Gerente de Comunicação da Serasa, Fernando Gambaro afirma que o “primeiro passo para a educação financeira é se informar”.
Ele afirma que a insolvência é uma “questão complexa”, envolvendo fatores como desemprego, inflação alta, e a própria falta de educação financeira. Mas que, desde o último ano, percebe que “as pessoas estão buscando, cada vez mais, negociar suas dívidas”.
“Porém, os números ainda poderiam ser maiores já que muitos não conhecem as possibilidades de negociação. Parte dos inadimplentes não conhece as suas dívidas e, menos ainda, os descontos para negociá-las”, fala Gambaro, ressaltando que é possível ter acesso a todas essas informações pelo aplicativo da Serasa.
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