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Portal A TARDE revela estratégias para driblar inadimplência e garantir sua saúde financeira
Por Pevê Araújo
Depois dos gastos das festas de fim de ano e das primeiras contas do período seguinte, é comum que o número de endividados cresça. Logo nos primeiros meses de 2024, os cidadãos tiveram que lidar com contas bastante conhecidas, como Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) e Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), além de materiais escolares e outras questões financeiras que podem levar o público à inadimplência.
O Portal A TARDE entrou em contato com especialistas em economia, que revelaram estratégias para driblar o endividamento e aproveitar da melhor forma os feirões oferecidos pela Serasa, que apresenta descontos significativos para limpar o nome dos necessitados.
Segundo o porta-voz da Serasa, Marcus Luz, existe um esforço coletivo no Brasil para vencer a inadimplência, e por isso, diferentes iniciativas estão unidas para oferecer condições favoráveis para o devedor cumprir com seus compromissos financeiros e voltar a ter opções de crédito.
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"O Brasil vive um momento único, pois, pela primeira vez, a Serasa, o Ministério da Fazenda, os Correios e as concessionárias de água e luz promovem um mutirão para combater o endividamento no país, com descontos de até 99% das dívidas. O esforço coletivo pretende estancar a inadimplência e garantir ainda mais facilidade para que os consumidores possam renegociar suas dívidas, potencializando o sucesso de iniciativas como essa. Nossa expectativa é sempre ajudar o maior número de brasileiros, como vem acontecendo de forma crescente nos últimos Feirões", explica Marcus Luz.
Ele aponta que no feirão que está sendo promovido neste início de ano, a Serasa conta com 700 empresas participantes, mas que a ideia é integrar ainda mais parceiros com o objetivo de diminuir o endividamento da população.
"A Serasa trabalha diariamente para integrar cada vez mais parceiros na plataforma Serasa Limpa Nome. Neste MegaFeirão, temos mais de 700 empresas participantes, que se juntaram neste mutirão com a missão de combater o endividamento da população, e seguimos em busca das melhores condições e descontos para incentivar a saúde financeira dos consumidores", revela.
O especialista conta também que existe um impacto positivo provocado pelo aquecimento da economia diante da queda do número de endividados, contribuindo tanto para os consumidores, quanto para as empresas.
A estudante de contabilidade Cassia Souza conversou com o Portal A TARDE e explicou que já utilizou o feirão do Serasa para pagar algumas dívidas. Ela lembrou também dos descontos aplicados pelo governo federal para devedores do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), utilizado pelo seu companheiro.
Cássia se endividou após precisar sair do antigo emprego por problemas de saúde. Ela não conseguiu manter o padrão de vida construído na oportunidade anterior, por isso começou a ter dificuldades para sustentar a casa.
"Passei por uma crise de pânico e ansiedade devido a pressão alta no trabalho associada a faculdade, o que gerou um quadro de Burnout e não consegui continuar no emprego. Já tinha um padrão de gastos com um salário legal que não deu pra sustentar mais. Depois consegui estagiar, mas o valor da bolsa não é suficiente para manter a casa, visto que hoje meu parceiro também teve uma redução de renda", conta.
Além de seguir estudando, ela pensa em sair do endividamento por meio da organização, fazendo controle de gastos e anotações. "Hoje tô fazendo anotações em um grupo do whatsapp que criei específico pra isso. Assim, posso colocar também as fotos dos comprovantes e tanto eu quanto meu companheiro pode acompanhar ", revela.
Brasil e o problema do endividamento
Para o professor Antonio Carvalho, consultor de finanças e economia, o problema do endividamento no Brasil está ligado a problemas como baixa renda, ausência de educação financeira, apelo ao consumo por parte do mercado e a grande oferta de crédito. Ele explica que o acúmulo desses fatores é o que causa o colapso financeiro das famílias no país.
"A inadimplência é resultado desse acúmulo de fatores, que, frequentemente, coloca as famílias em situação de colapso financeiro, pois a soma dos compromissos financeiros assumidos supera a renda e assim, é necessário fazer escolhas das prioridades a serem custeadas. Nesta situação, as famílias tentam garantir os bens e serviços essenciais como: energia, água, alimentação, medicamentos, itens de higiene e limpeza, ficando os instrumentos de crédito (financiamentos, cartão de crédito e limites de crédito/cheque especial) na lista dos excluídos do pagamento mensal. Como esses serviços cobram juros, deflagra-se a denominada “bola de neve” com o acúmulo de juros compostos e o crescimento vertiginoso da dívida", detalha.
Ainda de acordo com o economista, é necessário ter “consciência de renda”, para evitar gastar mais do que o necessário.
"É necessário ter-se o que denomino de “consciência de renda”, ou seja, respeitar o limite da renda mensal, estabelecer uma escala de prioridades no consumo para evitar gastos desnecessários, usar um instrumento de controle (caderneta, planilha, aplicativo, o que for mais conveniente), não confundir limite de crédito com renda e usá-lo racionalmente e, se possível fazer uma reserva/poupança, por menor que seja, será importante para atender a necessidades urgentes e imprevistas", aponta.
Desenrola
Os números apresentados pelo Programa Desenrola do Governo Federal na Bahia revelam que a população está aproveitando as facilidades para abandonar a inadimplência. Dados coletados entre os dias 9 de outubro de 2023 e 18 de fevereiro deste ano indicam que mais de 92,4 mil pessoas na Bahia renegociaram seus débitos.
No estado, a soma das dívidas estava avaliada em R$ 495,2 milhões. Após a rodada de renegociação, o saldo devido caiu para R$ 67,4 milhões, com R$ 11,4 milhões quitados à vista e R$ 56 milhões de forma parcelada, segundo o Ministério da Fazenda.
"Os feirões e programas como o Desenrola Brasil, são oportunidades de redução do endividamento, pois, oportunizam negociações mais favoráveis, com a exclusão de multas e juros e o parcelamento da dívida em valores de parcelas que possibilitam o indivíduos honrar mensalmente, mesmo aqueles de renda mais baixa. Em resumo, tais feirões e programas permitem ao devedor negociar dívidas que, nas condições normais, dificilmente conseguiria", pontua o economista e professor Antonio Carvalho.
Salvador aparece entre as cidades com maior volume de negociações no Brasil. Mais de 29,4 mil pessoas se beneficiaram do programa na capital baiana. Foram mais de R$ 20 milhões negociados em mais de 63,1 mil contratos.
Com o objetivo de aproveitar as oportunidades para deixar a inadimplência, a estudante de contabilidade Cássia já faz planos para quando conseguir finalizar o endividamento. "Ao quitar nossas dívidas, será possível ter uma qualidade de vida mais confortável, sendo possível nos organizar melhor para adquirir um automóvel e nossa casa própria, assim como aproveitar o tempo de lazer com maior qualidade. Claro, de forma equilibrada e de acordo com nossa realidade", finaliza.
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