ECONOMIA
Fieb aponta menor crescimento da atividade industrial na Bahia em 2023
Segundo perspectiva da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), aumento será de 0,3%
Por Matheus Calmon
O crescimento da atividade industrial da Bahia em 2023 deve ser significativamente menor, segundo previsão da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). Em 2020 e 2021, foram registradas quedas acentuadas. Para 2022, a previsão é que a produção da indústria baiana deva fechar com crescimento de 5%. Já a expectativa para 2023 é que o setor acompanhe o desempenho nacional, com um aumento de apenas 0,3% na atividade industrial, segundo estimativa da gerência de Estudos Técnicos da FIEB.
Os segmentos de construção, refino, química e metalurgia são os que mais devem contribuir para o crescimento industrial do estado no próximo ano. O superintendente da Fieb, Vladson Menezes, afirma que, nos dois anos anteriores, houve queda em função de momentos marcantes, a exemplo do fechamento da Ford em 2021 e da privatização da refinaria de Mataripe,antiga Refinaria Landulpho Alves..
“Quando chega o ano de 2022, esses eventos já passaram. Temos uma refinaria privatizada e o refino é mais ou menos 28% da indústria de transformação da Bahia. Foram realizados investimentos, a produção ampliou e, até outubro, só o refino cresceu 30%. Praticamente, foi esse setor que justificou o crescimento da indústria na Bahia e vai justificar agora, até o final do ano, a indústria de transformação”.
Vladson cita ainda a construção civil como elemento propulsor deste índice. Entretanto, a forma de medição é diferente e ocorre com base no volume de empregos gerados. “Neste ano, houve uma forte geração de emprego. A gente espera que, até o final de 2022, a construção cresça mais de 9%”, avalia. Ele explica que, quando os empreendimentos foram lançados em 2021 ou até o início de 2022, as taxas de juros estavam mais baixas. Com a construção e entrega, surge uma relevante geração de empregos.
“Para o ano que vem, haverá certo crescimento na indústria. Já se espera um crescimento significativamente menor, que reflete os quadros nacional e internacional. A indústria deve crescer no país em torno de 0,8% e a indústria de transformação deve crescer 0,3%. Já a construção civil, em torno de 2%”. A perspectiva da Federação é que a Bahia tenha desempenho parecido com o nacional.
O freio se dará devido a questões como os preços internacionais, que não devem estar tão atrativos, e a perspectiva de que a metalurgia não tenha cenário tão superior. Por outro lado, setores como o alimentício e o calçadista podem registrar crescimento e impulsionar a indústria baiana, com índice de 1 a 1,5%. “Não é um grande crescimento mas, no momento da economia brasileira, é razoável”.
O ano de 2023 é marcado ainda pelo início de um novo governo estadual, que deverá seguir a mesma ideologia do anterior e contar com o alinhamento nacional, tendo em vista que governador e presidente são da mesma sigla. Vladson pontua que será necessário aproveitar o cenário para resolver questões importantes.
“A retomada da economia baiana de uma maneira mais sustentável não é coisa de um ano. É um processo e algumas questões precisam ser resolvidas. É importante que haja uma articulação com o setor privado no sentido de resolver os principais gargalos para o desenvolvimento da Bahia. Talvez, o que tem de fundamental pra ser resolvido é na infraestrutura. Tem que tocar na questão da logística, da ferrovia, que está numa situação terrível. A Bahia tem pontos importantes mas, como a nossa demanda e oferta de carga não tem sido tão significativa, algumas linhas de navios passam pelo estado e nem sempre param”.
Geração de empregos
Vladson pontua ainda que a questão da empregabilidade deve seguir estável no novo ano, ou seja, não são esperadas alterações significativas. “Na Bahia, ainda há, infelizmente, o maior desemprego do país. Isso aí é uma característica estrutural da economia baiana. A gente tem a informalidade alta e o desemprego elevado. Isso não vai mudar de uma hora para a outra. A gente acha que podem ser gerados novos empregos no ano que vem, na indústria em particular, mas em um ritmo menor do que foi esse ano, até porque a economia vai crescer menos do que em 2022”.
“Isso vai depender muito do ritmo da economia. Há uma expectativa, mas de estabilidade. Talvez alguma geração de emprego, mas nada muito significativo. Nada muito relevante”, ressalta Vladson.
Os empregos formais gerados pela indústria baiana vêm crescendo desde 2020 e devem encerrar o ano de 2022 com crescimento de 12,7%, puxado pelas áreas de Construção Civil e Calçados. Em 2023, esses segmentos devem continuar empregando, embora em ritmo menos acentuado.
A Bahia continua atraindo investimentos no segmento de geração de energia eólica e solar, aproveitando as condições naturais, e há grande expectativa sobre a conclusão das obras e início das operações da primeira fábrica de Hidrogênio Verde do Brasil (Unigel) em 2023. No entanto, excluindo estes segmentos, o estado tem apresentado baixa atratividade para novos investimentos.
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