IMPASSE
FUP repudia demissões e propõe que Unigel devolva plantas à Petrobrás
Direção da empresa cita investimentos e diz que Petrobrás usa preço do gás para retomar fábrica "abandonada"
Por Alan Rodrigues

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) reagiu com indignação à demissão anunciada de 384 trabalhadores, entre diretos e indiretos, da fábrica de fertilizantes Proquigel, subsidiária da Unigel, em Camaçari.
Segundo o presidente da FUP, Deyvid Bacelar, a empresa utiliza a demissão dos trabalhadores como "massa de manobra para atender aos seus interesses econômicos e políticos".
Bacelar propõe a devolução das unidades à Petrobras (de Camaçari, Candeias e Laranjeiras, em Sergipe), com operação assistida pela Unigel e sua força de trabalho.
"O contrato deve ter um prazo mais longo que um contrato de Tolling (espécie de terceirização), permitindo a realização de concursos públicos, contratação e treinamento de novos funcionários, sem interromper a produção", diz\ Bacelar.
"Tenho certeza de que é totalmente possível reverter essa situação sem prejudicar os trabalhadores da Unigel. Nossa proposta é factível e sólida, e dá aos trabalhadores tempo para se organizarem e se prepararem para a solução a ser definida pela Diretoria Executiva da Petrobrás", acrescenta o sindicalista.
O que diz a empresa
O diretor da Unigel, Roberto Fiamenghi, argumenta que, desde dezembro de 2022 vem buscando junto à Petrobrás a redução dos preços. Segundo ele, enquanto nos Estados Unidos o milhão de BTU´s (unidade de comercialização do gás natural) sai a US$ 2,50, e na Europa a US$ 7, a Petrobrás cobra US$ 12, que chega a US$ 14 com o frete.
No ano passado, em função da guerra entre Rússia e Ucrânia, os preços do produto final, a uréia, ainda compensavam o custo, mas com a acomodação dos mercados, Fiamenghi alega que manter a produção se tornou insustentável. Hoje, a uréia produzida na Proquigel chega a US$ 700 para o cliente final, contra US$ 400 do mercqdo internacional.
Apesar disso, ele sinaliza que caso haja uma nova proposta de adequação de preços por parte da Petrobrás até o fim deste mês, quando vence o aviso prévio dos trabalhadores, a situação ainda pode ser revertida. O diretor, no entanto, garante que a situação da fábrica de fertilizantes não impacta em nada os projetos em andamento, como as fábricas de ácido sulfúrico e de hidrogênio verde.
Sobre a possibilidade de devolver as fábricas à Petrobrás, Fiamenghi é taxativo. Ele lembra que foram investidos R$ 750 milhões na planta da antiga Fafen e não duvida que a política de preços do gás praticada pela estatal seja uma forma de pressionar pela devolução.
"A Petrobrás abandonou a Fafen, tivemos que investir e agora eles querem de volta?", indagada Fiamenghi.
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