INDÚSTRIA
Guerras internacionais e taxas de juros puxam indústria baiana para baixo
A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) estima que no ano que vem, o Produto Interno Bruto (PIB) será de 2,2%
Por Carla Melo
As guerras no Oriente Médio, principal mercado internacional de Petróleo, as disputas comerciais entre os Estados Unidos e a China, aliadas a uma lenta recuperação econômica brasileira e altas taxas de juros foram fatores significativos para a projeção baixa do setor industrial da Bahia para 2025.
A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) estima que no ano que vem, o Produto Interno Bruto (PIB) será de 2,2%, número abaixo da média nacional que é de 2,4%, de acordo com os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O dado, entretanto, surpreende por ser também abaixo das estimativas para a indústria de transformação (3,0%), de construção (2,5%) e a extrativa (3,5%).
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 18, durante apresentação da perspectiva para 2025 pela FIEB. O encontro aconteceu na sede da instituição com a apresentação pelo presidente Carlos Henrique Passos e o Superintendente Vladson Menezes com números dos segmentos industriais mais importantes do estado, especialmente em relação ao setor industrial.
Principal espaço do setor químico e petroquímico da Bahia, o Polo Petroquímico de Camaçari, que conta com 83 empresas, 10 mil trabalhadores e faturamento de R$ 15 bilhões em 2023, também teve uma estimativa negativa para 2025. Segundo a FIEB, a química, refino e celulose podem ser impactados pela redução do crescimento chinês e aumento de tarifas.
“Alguns movimentos podem vir a ajudar o setor, como o que houve em outubro, que foi um aumento tarifário temporário para as importações que concorrem com a petroquímica baiana e brasileira. Só que isso é temporário e isso não resolve a questão. Precisamos de incentivos, como o REIQ (Regime Especial da Indústria Química), diminuindo a tributação, IPI e Pis Cofins. Algumas ações da nova indústria Brasil, como a política industrial do governo atual, faz com que a indústria se recupere, faz com que a gente ganhe algum fôlego”, disse o Superintendente da FIEB, Vladson Menezes.
Com o incentivo da redução do financiamento diante da alta dos juros, a construção civil também ganha um aquecimento nas vendas da indústria em geral. A retomada do programa Minha Casa, Minha Vida e os impactos do PAC são esperadas pela FIEB como fatores fundamentais para o crescimento do setor.
“Enquanto de um lado temos o fator da taxa de juros, mas do outro lado temos Minha Casa Minha Vida, que ganha também um estímulo ao proprietário de imóvel que adquire o ímovel, através do subsídio adicional, isso é muito bom e pode estimular a retomada. O outro fenômeno que seria positivo, seria o PAC, que a gente precisa ver o ritmo que isso vai acontecer com essas dificuldades fiscais que a gente está enfrentando”, continua o superintendente.
Com a queda do desemprego e da inflação em considerado controle econômico como fatores para o crescimento da indústria, a Bahia deve continuar o ciclo de crescimento na produção das indústrias de bens finais como a de alimentos, bebidas, vestuário, plástico, produtos de higiene e etc.
Entretanto, o emprego industrial ainda preocupa o setor, já que vem se recuperando nos últimos anos, mas sem grande dinâmica. Em 2025, a FIEB espera um crescimento moderado, notadamente com alguma recuperação do setor de construção civil.
No terceiro trimestre de 2024, a taxa de desemprego no estado foi de 9,7%, a menor registrada na série histórica, com metodologia de 2012. Em relação à indústria baiana, dados da RAIS/Caged (Ministério do Trabalho e Emprego) mostram que nos últimos 12 meses foram gerados 7.665 empregos em todo o estado.
Uma dificuldade do meio industrial tem sido, segundo o presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos, a mão de obra qualificada .
“É uma problemática em comum tanto na Bahia, quanto fora da Bahia, da questão da disponibilidade ou da indisponibilidade de uma mão de obra. Empresários têm colocado sua dificuldade de encontrar a mão de obra mais estável, com um índice de rotatividade muito alto, isso prejudica muito o processo da utilidade, porque você não consegue capacitar adequadamente para os seus processos industriais. E isso aconteceu também com muita força na construção civil, entre 2010 até 2019”, disse o presidente.
Presente também no II Fórum CBPM de Mineração e Sustentabilidade, realizado na terça-feira, 17, no Fera Palace, o presidente demonstrou também interesse quanto a ampliação da industrialização dos minerais da Bahia.
“A questão é achar a potencialidade, que é muito grande. A Bahia é muito rica em minerais. Tem todo esse mapeamento, todo esse processo de quantificação de estudos de viabilidade, além também de desafios regulatórios para que se transformem em negócio atraindo investidores, mas o que nós consideramos importante além da própria extração mineral é a industrialização desses minerais. Outro ponto muito importante é que a gente possa exercitar o conceito de economia circular nessas instalações, permitindo que se faça o maior uso possível dessa riqueza natural”, completou Carlos Henrique Passos.
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