CELULOSE
Mulheres e povos tradicionais recebem fomento de mercado de celulose
Grupos socioetnoculturais ganham projetos fomentados por indústrias silviculturais no Sul da Bahia
Por Carla Melo*

O sul da Bahia foi o cenário encontrado há alguns anos para o desenvolvimento de uma das principais atividades econômicas do país: a silvicultura. Com o solo próspero e próximo de estados pujantes para a industrialização como o Espírito Santo e Minas Gerais, deram início ao processamento do eucalipto através da industrialização.
Junto com esse processo e diante de medidas para o almejo da sustentabilidade, o setor também se aproxima das camadas sociais. O mercado de celulose chega em pessoas em situação de vulnerabilidade social, povos tradicionais e indígenas, principalmente as que circundam a região.
A Veracel, por exemplo, se consolida como uma das indústrias do setor da celulose que traz impacto positivo diretamente aos povos indígenas. A região sul tem 34 comunidades indígenas, com 25 mil pessoas - tornando assim a Bahia o segundo estado com maior concentração de população indígena do país.
Celulose para povos indígenas e sustentabilidade
Há 28 anos, a reserva da Jaqueira, da etnia Pataxó, abriu as portas da aldeia para o etnoturismo. Foi a pioneira na atividade em todo o Brasil. Em 2024, receberam mais de 30 mil visitantes que passam por uma imersão cultural do povo e conhecem o sistema de educação, turismo, cultura e crenças da comunidade.
É na região, localizada em Porto Seguro, que o mercado de celulose consegue chegar através de apoio e disponibilização de recursos que fortalecem a cadeia produtiva da etnia e a reafirmação da cultura do povo originário na região.
Dentro da comunidade, são introduzidas diversas ramificações turísticas e de desenvolvimento econômico e social da etnia. Desde pequeno, as crianças indígenas são alfabetizadas com língua nativa e também a portuguesa brasileira. A Veracel entra como incentivadora e apoiadora de diversas ações culturais que fortalecem a identidade do povo.
“A reserva foi criada para a preservação da Mata Atlântica e o fortalecimento da cultura Pataxó. Junto com a ajuda dos nossos anciões, buscamos manter viva nossas tradições através da pintura, das conversas em volta da fogueira, como tudo era passado através da comunicação falada”, explica Nitynawã, uma das fundadoras da reserva e liderança do povo Pataxó.

Apesar de ter sido escolhida a representatividade masculina através de um Cacique, o Syratã, a presença feminina é bastante respeitada e soberana na comunidade. Nitynawã aponta que a comunidade respeita a mudança social e exalta a soberania das mulheres que fundaram a reserva.
“O lugar da mulher é onde ela quer estar. Durante muitos anos, as pessoas escolhiam os lugares para nós, como servir e tomar conta da casa. Agora, nós somos gestoras, empreendedoras, lideranças, mães e sem desrespeitar os nossos grandes lideres”, continua ela.
Preservação da Mata Atlântica
Para que todo o processo de sustentabilidade seja respeitado, a comunidade Pataxó exerce um papel essencial ao respeito à Mata Atlântica. Junto com recursos próprios através do etnoturismo e também do artesanato, o povo conta com uma parceria do setor de celulose para a subsistência.
“Aqui em nossa aldeia, nós não retiramos matéria prima da floresta para não trazer impactos ambientais, mas nós temos uma renda através do artesanato. Nós também não temos sementes devido ao desmatamento com a construção de barracas de praia e hoteis, e isso nos enfraquece. Em parceria, a Veracel tem nos apoiado com o eucalipto tratado para usarmos na produção de colheres, pratos, artefatos e brinquedos de madeiras”, continua a liderança.
Mulheres agricultoras e o apoio produtivo
Para além das comunidades indígenas, diversos agricultores e agricultoras familiares são beneficiadas com o mercado de celulose. Foi através da Veracel que a Associação de Produtores Rurais Unidos Venceremos, a APRUNVE, e a Associação de Mulheres Guerreiras, a AMPRA, conseguiram fortalecer a subsistência dos assentamentos através da agricultura.
A AMPRA nasceu da AMPRUVE, e é composta totalmente por 7 mulheres. São elas as responsáveis por levar mais cor e vida para os pratos de algumas instituições e até mesmo em feiras de agricultura realizadas na região.

A Veracel surge há um tempo como parceira das associações com as tentativas de consolidação do assentamento para as produtoras. Além disso, torna-se essencial para o fornecimento de bases, cozinhas industriais, centro de beneficiamento e até mesmo no fornecimento de recursos naturais e tecnológicos para a fomentação do negócio.
*Repórter viajou para o Sul e Extremo Sul da Bahia à convite da ABAF
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