COMPOSTO QUÍMICO
O Hipoclorito de Cálcio em xeque: Perigos de incêndios e danos à saúde
Uso do produto químico, com formato sólido branco em pó, está associado à irritação nos olhos, problemas respiratórios e queimaduras na pele
Por Da Redação
Comumente usada para tratamento de piscinas e de água para consumo humano, o hipoclorito de cálcio traz à tona uma preocupação na área de saúde e também ambiental. Isso porque o composto químico, com formato sólido branco em pó, está associado à irritação nos olhos, problemas respiratórios e queimaduras na pele.
A inalação dos vapores do produto, por exemplo, pode resultar em complicações respiratórias severas, enquanto o contato com a pele e os olhos pode levar a queimaduras químicas e irritações intensas. Entretanto, esses riscos não se limitam somente à saúde humana.
“O produto possui concentração de 65%, porém é uma espécie de blend 65% + 35% de hidróxido de cálcio. Com a presença de cálcio ocorre perda de estabilidade no produto e residual de cloro nas redes de distribuição, além de promover geração de insolúveis, resíduos ainda com a presença de cloro e incrustações nas redes de distribuição por conta da presença do cálcio, aportando um problema ambiental”, explica o engenheiro químico Moisés Rodrigues Lima
Leia também
>> Bahia Empreende: Fomento à indústria química é discutido de seminário
>> Bahia: transição energética, sustentabilidade e inclusão
O produto também é altamente reativo e pode causar incêndios quando manuseado ou armazenado incorretamente. No dia 20 de dezembro de 2022, o composto químico foi causador de um incêndio no depósito de produtos químicos no litoral norte de Santa Catarina, próximo à BR-101, entre os municípios de Penha e Navegantes. O acidente, que envolveu cerca de uma tonelada de hipoclorito de cálcio, gerou uma nuvem de fumaça tóxica que exigiu a interdição de parte da rodovia e mobilizou diversas equipes de bombeiros.
Ainda de acordo com o engenheiro químico, a temperatura e a umidade são fatores preponderantes para a incidência dos incêndios, assim como também aconteceu em uma indústria química em Guarulhos, São Paulo, em 2018, quando o fogo se espalhou rapidamente no local.
“O produto hipoclorito de cálcio promove mais incidência de incêndios devido às variações de temperatura e umidade, que com a presença do cálcio ocorre absorção de água e inicia-se dentro dos baldes uma reação química que libera muito calor e posteriormente acontece a combustão do produto”, explica Moisés Rodrigues.
Mercado
O mercado garante hoje uma substituição do hipoclorito de cálcio por produtos mais estáveis e seguros, como o dicloro e o tricloro, que, além de serem menos reativos, apresentam menor risco de incêndios e acidentes graves em sua manipulação e armazenamento.
“O dicloro e tricloro apresentam concentrações de 60% e 90%, respectivamente. Isso significa que eles liberam cloro de forma mais lenta e controlada, mantendo a água desinfetada por mais tempo e com menos necessidade de reposição frequente
O mercado dos fortes substitutos tem crescido no Brasil, especialmente com a crescente conscientização sobre os riscos associados ao hipoclorito de cálcio. Apesar disso, o Brasil ainda depende bastante de importações de dicloro e tricloro, principalmente da Ásia, como ocorre com o hipoclorito.
“Com os incidentes de incêndios e o aumento da regulamentação sobre o armazenamento e manuseio de produtos químicos, muitos consumidores e empresas estão optando por alternativas mais seguras. Além disso, o uso crescente de piscinas em residências, condomínios e clubes impulsionou a demanda por produtos de cloração mais eficazes. A tendência de crescimento do mercado desses produtos vem impulsionando distribuidoras e fornecedores locais a ampliar sua oferta e melhorar a distribuição, o que ajuda a estabilizar o preço no mercado”, finaliza ele.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes