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FINANÇAS

Reserva de emergência é um pilar para manter o equilíbrio financeiro

Se o dinheiro for utilizado, é importante repor para evitar dor de cabeça no futuro

Por Dianderson Pereira*

24/06/2024 - 8:03 h
lanejar os gastos e reduzi-los é um dos passos principais para esse processo
lanejar os gastos e reduzi-los é um dos passos principais para esse processo -

A reserva de emergência é um pilar fundamental para manter a estabilidade financeira, pois garante um suporte em situações imprevistas, como perda de emprego ou despesas inesperadas. No entanto, muitas pessoas acabam usando essa reserva para cobrir gastos que não são emergenciais, como viagens, shows ou compras impulsivas. Se a reserva de emergência foi utilizada inadequadamente, é essencial saber como reconstruí-la para garantir sua segurança financeira e evitar dor de cabeça no futuro. Planejar os gastos e reduzi-los é um dos passos principais para esse processo.

Fernanda Prado, planejadora financeira, ressalta a importância de ter uma reserva de emergência bem estabelecida. "Ela vai ser fundamental para lidar com imprevistos, com questões que acontecem na nossa vida que a gente não consegue controlar. Esses imprevistos podem inclusive ser questões positivas, como um casamento de uma pessoa querida ou uma necessidade de uma viagem por motivo familiar. E, claro, tem os imprevistos indesejados, como perda de renda, doença ou problemas familiares", explica Fernanda.

Após juntar o dinheiro suficiente para cobrir de três a seis meses de despesas em caso da falta de uma renda ou para arcar com emergências de saúde, gastar a reserva de emergência para fins não emergenciais pode ter sérias consequências financeiras e emocionais. Fernanda alerta que usar a reserva para algo que não é emergencial pode gerar prazer imediato, mas deixa a pessoa desprotegida em casos de verdadeiras emergências.

"Isso pode causar arrependimento, endividamento e frustração quando um imprevisto ocorre e a pessoa não tem os recursos necessários. Por isso, é aconselhável manter a reserva apenas para emergências reais", comenta a planejadora.

Guardar porcentagem

Eliseu Oliveira, analista de Tecnologia da Informação, compartilhou sua experiência na construção e manutenção de sua reserva de emergência. De acordo com Eliseu, ele segue um método consistente para garantir a segurança financeira: "Guardo todo mês uma porcentagem predefinida de tudo que eu ganho. Após ter participado de um curso de educação financeira realizado pela minha igreja para os jovens, estabeleci a meta de juntar um valor que corresponda a seis meses do meu salário. Mensalmente, separo uma pequena porcentagem de meus ganhos para a reserva".

Mesmo já tendo retirado dinheiro da reserva em situações não emergenciais, Eliseu explica que recorreu a essa opção para evitar pagar mais caro com o uso do cartão de crédito. “Utilizei a minha reserva uma vez em que um familiar meu necessitou realizar um curso online e como não utilizamos cartão de crédito, utilizamos uma parte de uma das reservas para pagar o curso. O que me motivou a fazer isso foi justamente a questão de não fazer dívidas no cartão de crédito, bem como conseguir um desconto no pagamento à vista”.

Eliseu também destaca a importância do planejamento financeiro para manter a reserva de emergência. "Para garantir a eficácia da reserva, é essencial ter todos os gastos anotados e estabelecer metas de gastos para cada categoria financeira. Planejo meus gastos em detalhes, definindo metas para grupos como supermercado, material escolar, entre outros. Além disso, evito contrair novas dívidas e evito o uso do cartão de crédito se puder pagar à vista".

Na hora de recompor a renda após o uso, a planejadora financeira sugere alguns passos: "Primeiro, organize o orçamento e saiba qual é o seu custo de vida. Em seguida, encaixe esse custo de vida de acordo com a viabilidade financeira da renda e intencionalmente coloque uma meta de investimento mensal para a reserva. Calcule a meta da reserva de emergência com base no custo de vida mensal e estabeleça uma meta de, por exemplo, seis meses de custo de vida. E por fim, divida a capacidade de poupança por esse número e verifique em quantos meses será possível formar essa reserva", orienta Fernanda.

O consultor financeiro Edinaldo Correia também sugere passos práticos para que se tenha novamente uma segurança financeira no futuro. "Organize seu orçamento identificando gargalos financeiros e excessos, liberando espaço para recomeçar a poupar. Não espere 'sobrar dinheiro' para poupar e investir, sob o risco de nunca mais conseguir recompor esse valor utilizado. Se possível, automatize essas economias, estabelecendo transferências agendadas mensalmente. Isso vai ajudá-lo a não contar com esses valores para bancar as despesas cotidianas da casa ou da família", recomenda.

Para Eliseu, no seu caso evitar novas dívidas, analisar e cortar gastos desnecessários foram passos muito importantes para iniciar ou reforçar sua reserva de emergência. “Com um planejamento cuidadoso e disciplina financeira, é possível manter a segurança financeira e a tranquilidade diante de imprevistos”.

As armadilhas mais comuns que levam ao uso da reserva de emergência para gastos impulsivos incluem "oportunidades imperdíveis" e pressões externas, apontam os especialistas em finanças. Para Fernanda, evitar essas armadilhas deve partir primeiro do seu cuidado com a sua fonte de renda, estar sempre de olho em seus investimentos, mas não cair na tentação de retirar antes do prazo, deixando somente para alguma emergência.

Edinaldo alerta para as armadilhas psicológicas financeiras que levam as pessoas a tomarem decisões inconscientes que podem prejudicar suas finanças e objetivos. Ele destaca a “compra emocional” como uma das armadilhas mais comuns, onde o humor influencia na intenção de compra, levando a adquirir itens desnecessários em momentos de impulsividade.

“Ao cair em uma armadilha psicológica financeira, a pessoa terá prazer imediato, sem considerar as consequências da decisão. Às vezes, um dia ruim no trabalho faz com que você vá ao shopping e acabe comprando coisas de que não precisa. Mas o mero impulso de adquiri-las lhe dá uma pequena descarga de endorfina e serotonina. Depois vem o arrependimento”, comenta o consultor financeiro.

Estresse financeiro

Muitas vezes, para ter uma relação saudável com o dinheiro e evitar gastos desnecessários que mexam no foco de garantir a sua reserva de emergência, é preciso também estar com a mente saudável. A psicóloga Marcela Cavalcante, especialista em Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) e professora na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) destaca a importância da terapia para pessoas que enfrentam estresse financeiro e gastam mais do que deveriam.

"Em linhas gerais, a Teoria Cognitivo-Comportamental está amparada no modelo cognitivo, que afirma que não é a situação em si que determina como as pessoas se sentem ou agem, mas sim as interpretações e percepções (pensamentos) que damos a tais eventos. Na prática, a TCC tem o objetivo de reestruturar e corrigir pensamentos distorcidos de maneira colaborativa e em pática, desenvolvendo soluções alternativas e melhorando os sintomas apresentados", fala Marcela

Edinaldo Correia também destaca a importância de cuidar da mente antes de lidar com o dinheiro. "É necessário entender que formar uma reserva de emergência é o primeiro passo para ter uma vida financeira equilibrada e para manter a saúde mental em dia. Esta reserva financeira fornece tranquilidade psicológica para as pessoas, pois funciona como uma espécie de seguro para casos como uma demissão inesperada, o surgimento de uma doença na família ou outra situação imprevista que ultrapasse o limite orçamentário mensal”, relata.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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Tags:

economia Finanças pessoais Planejamento Financeiro reserva de emergência

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