ECONOMIA
Sustentabilidade está entre estratégias para fortalecer a indústria química na Bahia
Frente Parlamentar da Química (FPQuímica) visitou unidades da Braskem e da Italfarmaco Group em Camaçari
Por Leo Moreira
Novas tecnologias, práticas sustentáveis, geração de empregos, renda, desenvolvimento socioeconômico e arrecadação de impostos. Esses foram os temas que nortearam a visita da Frente Parlamentar da Química (FPQuímica), na manhã de segunda-feira, 4, às unidades industriais da Braskem e da Italfarmaco Group, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador. O encontro ainda teve a presença de representantes do setor de todo o país.
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Presidente da Frente Parlamentar da Química, o deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) salientou a importância de políticas governamentais para a valorização da indústria para superar o que seria a pior fase do setor nos últimos dez anos.
"Uma política industrial passa por diversas orientações, diretrizes que se traduzem na prática de um resultado efetivo para os negócios. Há também a necessidade que haja um reconhecimento, porque a química é responsável por emprego, por ocupação, pela geração de impostos na própria indústria. Ela é o que mais contribui para os pagamentos de tributos. Então, é um contexto como esse que somamos forças. O governo, o congresso nacional, com seu papel da regulação, os empreendimentos e a própria sociedade. Então, é com esse olhar, com esse sentimento que nós vamos lá com certeza, com esse aprimoramento, continuar os nossos trabalhos lá na Câmara Federal, no Congresso Nacional", explicou em conversa ao Portal A TARDE.
Para se ter uma ideia, atualmente, a indústria química baiana gera ao menos 15 mil empregos diretos e, aproximadamente, 130 mil indiretos. Além do efeito de renda (atividades que usam produtos químicos em suas cadeias produtivas) empregam quase 60 mil pessoas. Ao todo, o setor também movimenta R$ 2,5 bilhões em salários anualmente. Já em Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a indústria mencionada contribui com R$ 2,2 bilhões por ano.
Diretor industrial da maior produtora de resina das Américas, a Braskem, e presidente do Conselho de Administração do Cofic, Carlos Alfano destacou os investimentos da empresa na região, que visa tornar as operações industriais na Bahia mais competitivas, com iniciativas pioneiras para uso de energias renováveis e de descarbonização. "Em 2023, a companhia investiu cerca de R$ 1 bilhão nas unidades industriais da Bahia, o que representa um impacto relevante na economia do estado”.
Com uma capacidade de produção de mais de 5 milhões de toneladas de petroquímicos básicos e resinas termoplásticas por ano, a Braskem gera cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos em suas oito unidades industriais instaladas no Polo de Camaçari.
"A Braskem é um dos principais elos da cadeia da indústria petroquímica. A gente tá ali na segunda geração, então que recebe a matéria-prima que importa matéria-prima e transformar em uma série de produtos químicos e depois também nas resinas plásticas, então a gente acaba sendo um elo muito importante da cadeia aqui do setor de uma indústria", completou Renata Bley, diretora de Relações Institucionais da Braskem.
Busca por soluções
O Polo de Camaçari representa 22% do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria de transformação baiana e contribui, anualmente, com mais de R$ 3 bilhões em arrecadação para o Estado da Bahia.
Nos últimos anos, o setor vem enfrentando um ciclo de baixa mais severo e alongado, uma situação sem precedentes na história. O cenário torna-se ainda mais desafiador em função da importação, que gera discussão na indústria química nacional. Segundo dados da Abiquim, no primeiro semestre de 2024, foram mais de US$ 29 bilhões de produtos importados, com déficit de US$ 22 bilhões na balança comercial, o que preocupa parte da indústria química.
Esse desequilíbrio, inclusive, fez com que uma planta oncológica da ITF Chemical tivesse que ser desativada em 2019. "Nós nos tornamos 'anticompetitivos' porque o nosso custo de produção não nos permite vender pelo preço que hoje o mercado estima. É uma grande pena ver uma planta dessa, uma Ferrari dessa parada", explicou o Leôncio Cunha, superintendente da ITF Chemical.
Ele ainda salienta que "para que se tenha um retorno aceitável, você tinha que vender na casa de 36 mil dólares por quilo, hoje o indiano e o chinês vende 8, 7 mil dólares por quilo".
Diferente de países como a China, que possui cerca de seis mil farmoquímicas, o Brasil conta apenas com 11. No entanto, Cunha salienta que ainda assim é possível ser efetivo.
"Quando eu coloco que um gigante como o Brasil tem apenas 11 farmoquímicas, cada uma tem o poder de contribuir muito para a empresa farmacêutica brasileira, né? Imagina se nós não fôssemos o supridor único de farmanguinhos. Farmanguinhos hoje teria que estar batendo na porta do mercado chinês indiano para a compra do Cloridrato de Sevelâmer, passando por todas as dificuldades que nós falamos aqui: logísticas e de qualidade do produto", continuou.
Sistema Único de Saúde (SUS)
Apesar do deficit e a busca por estratégias para fortalecer o setor, o mercado interno conseguiu suprir 100% da demanda de Cloridrato de Sevelâmer para o Sistema Único de Saúde (SUS), com um valor 7 vezes menor.
"Nós nos sentimos muito orgulhosos pelo fato de termos feito a substituição total da importação do Cloridrato de Sevelâmer para a produção local. Primeiro porque estamos conseguindo suprir o SUS com um preço um sétimo menor. Hoje, o governo brasileiro não importa para o SUS. Hoje é feito pelo laboratório farmanguinhos, com o suprimento do IFA para o ITF chemical. Na hora que o governo economiza essa soma robusta de dinheiro, os outros seis sétimos, o governo está investindo em outros remédios, em outras soluções, ou uma fomenta das empresas", explicou cunha.
O medicamento é de uso fundamental para pacientes com Doença Renal Crônica (DRC) sob diálise. Nos últimos dez anos, a ITF já forneceu mais de 700 milhões de comprimidos ao SUS.
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