AVIAÇÃO
Transporte aéreo de animais: o que muda com o Plano Pata?
Decreto com diretrizes foi publicado ontem; companhias têm 30 dias para se adaptar
“Só levaria meus filhos, Lucas e a Sofia (dois cachorros da raça golden), em uma viagem de avião se fosse a última hipótese”, conta a gerente de vendas, Luana Araújo. Após a morte do cachorro Joca, que aconteceu em abril deste ano, durante transporte feito pela Gol, o medo de levar pets para viagens aéreas cresceu.
De olho na questão, já está valendo o Plano de Transporte Aéreo de Animais (Pata), medida do governo federal. O projeto apresenta um conjunto de diretrizes, como o rastreamento dos animais durante o transporte e o suporte veterinário em aeroportos, com o intuito de tornar mais seguro o transporte de pets em aviões comerciais no País.
A portaria, que foi publicada ontem, determina que as empresas têm 30 dias para se adaptar às novas regras. Além da rastreabilidade dos pets com sistema que permite acompanhamento em tempo real, e o serviço de atendimento veterinário emergencial, as diretrizes apontam também para um treinamento contínuo para as equipes que lidam com os animais e canais de comunicação direto com os tutores.
O modelo de fiscalização e aplicação de multas para as companhias participantes que infringirem as diretrizes será elaborado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O transporte de animais de estimação não é obrigatório, exceto em casos de cães guia.
Vale ressaltar também que o Pata não tem caráter obrigatório, ele é um compromisso voluntário que as companhias aceitaram. Essa é uma das críticas da presidente da Comissão de Medicina Veterinária Legal do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV), Lívia Peralva.
“A gente necessita que isso seja de fato regulamentado, que se torne lei”, afirma.
Ela reforça que a medida é positiva e deve atenuar os riscos desse transporte. Em nota enviada à reportagem, a Latam Airlines confirma que “já pratica as recomendações” contidas no Pata e que segue todas as regras e determinações dos países em que opera, além de “promover a melhoria contínua do seu transporte de pets”.
Já a Gol mantém suspensos os serviços de transporte de animais, após a morte do cachorro Joca. A Azul não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Para o médico veterinário comportamentalista e treinador de cães, Luís Carlos Sousa, as empresas aéreas podem aderir ao uso de uma certificação para identificar que os pets foram treinados e, assim, podem estar – dentro da caixa de transporte – na cabine com os tutores.
A medida é uma forma de evitar acidentes e desconfortos, como excesso de latidos durante a viagem. Ele também reforça a necessidade de um movimento das companhias aéreas para que nenhum cão viaje no bagageiro. “As companhias perdem muito em não evoluir seu modelo de embarque, com adequações de cadeiras especiais, para que o animal possa viajar ao lado do seu tutor, independente do tamanho. Existem cães de porte médio e grande que também tem uma relação próxima com seu tutor e não é admissível que ainda tenhamos que despachar um membro da família de alguém como bagagem”, aponta.
Riscos e cuidados
O compartimento de carga apresenta riscos aos pets devido à variação de temperatura, barulho e oferta de oxigênio, de acordo com Lívia Peralva. Esses riscos podem ser potencializados nos casos de pets idosos, que sofrem de dificuldade de respirar, ou de alguma outra condição de saúde física e emocional –, além da possibilidade de extravio desse animal.
Entre os cuidados necessários para que pets possam viajar estão a necessidade da realização de um check-up, com foco no sistema cardiorrespiratório, e o condicionamento do animal.
“Esse zelo é importante para que ele não fique estressado com toda aquela situação, aquela movimentação no aeroporto, barulho no avião. Isso leva a um grau de estresse que ele pode hiperventilar e sofrer uma hipertermia”, aponta Lívia.
Esse preparo faz parte da rotina de precaução de Luana Araújo ao viajar de carro com seus goldens. Check-up, vacinação, exames, vermifugar, pegar o atestado de transporte, são algumas das ações preventivas que a gerente de vendas realiza. Ela também conta com uma veterinária de confiança para o caso de qualquer indisposição de seus animais. Ela reforça a necessidade dos pets serem transportados com os tutores em aviões.
“O animal não é coisa, não é bagagem. Nós, tutores, mães, pais, temos sentimento por eles, um amor incondicional. Ninguém transportaria seus filhos como bagagem e nós esperamos, pedimos um olhar, um zelo para essa questão, pois é de extrema urgência”, afirma Luana.
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