EDUCAÇÃO
2º Encontro de Articuladores fomenta inclusão nas escolas
Encontro reuniu especialistas e gestores da Educação
Por Carla Melo e Loren Beatriz Sousa
Pela segunda vez em 2024, o Programa A TARDE Educação, do Grupo A TARDE, promoveu o 2° Encontro de Articuladores para discutir a saúde mental no cotidiano escolar, tanto para estudantes quanto para profissionais de educação. O evento aconteceu nesta quinta-feira, 12, no Hotel Vila Galé, na Ondina, em Salvador, das 8h às 17h.
Com o tema “Alquimia da Empatia: Práticas de Promoção da Saúde Mental no Cotidiano Escolar”, a palestra do turno da manhã foi conduzida pela neuropsicóloga Tatiane Miranda que abordou temáticas como “O que é autorregulação emocional”, “A importância da autorregulação emocional na escola”, “Estratégias que dão certo em contexto escolar” e atividades práticas.
“Falar sobre a saúde emocional de crianças e adolescentes, sobre a possibilidade de autorregulação emocional dentro do contexto escolar, para mim é de grande importância. E o A TARDE Educação oferecendo essa oportunidade de discussão, de conhecimento, é um grande passo quando a gente pensa nessa promoção de saúde mental”, destacou Tatiane Miranda.
Neurodivergência
Durante o encontro, a coordenadora de projetos educacionais do Grupo A TARDE, Berta Cunha, destacou a importância de discutir neurodivergência no ambiente escolar, ressaltando que tanto alunos quanto professores devem ser acolhidos e ouvidos.
"Dentro da sala de aula também existe um outro elemento que precisa ser acolhido, escutado, que é o professor. Teremos hoje aqui a possibilidade de pensar, repensar, formular novas coisas e conhecer práticas que estão sendo aplicadas em outros lugares", disse Berta Cunha.
A coordenadora pedagógica do A TARDE Educação, Márcia Firmino, enfatizou que o Encontro de Articuladores teve como objetivo incentivar práticas que promovam a saúde mental no cotidiano escolar, destacando o papel fundamental dos professores nesse processo.
“Professores com a saúde mental comprometida podem enfrentar dificuldades em lidar com alunos que também atravessam momentos de adoecimento emocional. As palestras ofereceram caminhos e práticas para ajudar a lidar com as emoções e garantir um ambiente mais acolhedor e saudável para todos”, acrescentou Márcia.
O evento, segundo a secretária de Educação de Amargosa, Márcia Batista de Almeida, vai fortalecer as práticas de educação promovidas pelos municípios a fim de apoiar todos os agentes da gestão escolar.
“O evento traz um papel importante na discussão da saúde mental, sobretudo no período pós-pandêmico, com a necessidade de promovermos formação, entendendo que não apenas os estudantes, mas os familiares e todos os profissionais de educação necessitam desse apoio emocional. Então, de fato, é necessário um maior suporte no que diz respeito à saúde emocional”, explica a gestora.
Avanços na educação
Sucesso entre os articuladores, a 1ª edição do Encontro de Articuladores discutiu a neurodivergência no ambiente escolar e formas de lidar com as diferenças entre estudantes e professores. Para a articuladora de Candeias, Fabrícia dos Santos de Jesus, as expectativas são altas para que os conhecimentos com as técnicas possam ser aplicados em sala de aula.
“No primeiro encontro, que foi muito positivo, discutimos um pouco sobre neurodivergência no ambiente da escola. Trouxe para a gente uma luz, a gente vislumbrou um novo horizonte de como trabalhar com as crianças atípicas e ainda como administrar as atividades com aquelas crianças que não são atípicas, mas que convivem com as crianças atípicas. Nesse segundo, estivemos muito felizes porque agrega a possibilidade de pensar na saúde emocional, não só do estudante, mas também do professor, que é aquela pessoa que está à frente na escola. Nunca se falou tanto sobre saúde emocional, mas nunca se percebeu tantas pessoas doentes emocionalmente”, disse a articuladora.
Um desafio maior tem sido lidar com a pressão à saúde mental dos estudantes e professores após a pandemia da Covid-19. De acordo com o secretário de Educação de Itaberaba, Adauto Lima, esse é um reflexo do que precisa ser aplicado nas escolas.
"Esse evento é de suma importância para nossas redes de ensino, uma vez que tem sido a pauta principal de várias redes de ensino, no consoante a todo esse processo que vivemos recentemente, de invasão de escolas e também os resquícios que foram deixados da pandemia, e essa parceria com o A TARDE Educação vêm para reforçar justamente essa pauta que vem sendo aplicada em nosso município desde 2020, entendendo a situação com uma equipe multidisciplinar”, disse o gestor.
Controle emocional
Já no período da tarde, as atividades do encontro foram mediadas pela psicóloga Ilana Brandão. A especialista abordou oficinas com temáticas sobre “Conceito de emoções e regulação emocional”, “Estratégias para lidar com as emoções” e “Habilidades de autocontrole e expressividade emocional”, destacando práticas para promover a saúde mental nas escolas.
“Esse tema é de grande relevância, visto que precisamos aprender a lidar com as nossas emoções e lidar com as emoções das crianças e dos adolescentes que estão na nossa escola. Então é fundamental que os profissionais aqui também consigam ter um olhar cuidadoso sobre si, ter um olhar generoso sobre suas próprias emoções, sem julgamentos, críticas, de forma compassiva, cuidadosa e de forma até autoempática consigo mesmo e também com os outros. Então o objetivo dessa oficina é abordar esses temas que são tão importantes para o contexto escolar, para tornar o ambiente mais saudável e mais atento aos aspectos da saúde mental na infância e na adolescência”, explicou Ilana.
A psicóloga conduziu ainda um quiz que promoveu reflexões sobre o significado da empatia e como essa habilidade pode ser ensinada em sala de aula.
“O professor sabe qual é o aluno que é silábico, qual é o aluno que é pré-silábico, qual é o aluno que já é letrado, então ele não vai fazer uma pergunta de leitura de palavras complexas para um aluno que ainda está pré-silábico, que só sabe letras, que só sabe sílabas [...]. Então, essa é a atitude de empatia [...]. Você gostaria de ser selecionada para ir à frente, falar em algum lugar, algo que não era a sua área? O professor não quer se expor dessa maneira, mas ele faz com o aluno, ou já fez, né, acredito que tenha ficado no passado, mas é bom a gente estar reforçando, porque de vez em quando a gente encontra alunos reclamando sobre isso, principalmente alunos que têm dislexia e os professores expõe esse aluno com leituras na frente da sala de aula”, afirmou Edilene Pereira, técnica de educação inclusiva do município de Castro Alves.
Educação antirracista
A articuladora Lindinalva de Oliveira, de Cachoeira, ressaltou a importância de trabalhar a educação antirracista nas escolas.
“Lá em Cachoeira, está sendo trabalhada a educação antirracista, que é uma forma de conscientizar os colegas de que o racismo dói, que o racismo machuca e desenvolver atividades em conjunto para conscientizar tantos professores como alunos de que o racismo, o bullying, ele machuca [...]. Se o estudante não se sente bem em sala de aula, aquele ambiente vai ser desconfortável para ele, vai ser um ambiente de sofrimento e ele vai perder o interesse pelos estudos”, destacou.
Com o objetivo de estimular o autocuidado, a psicóloga Ilana Brandão apresentou também a atividade “técnica da uva-passa”, que incentiva os profissionais a voltarem o olhar para si mesmos e praticarem a atenção plena. Além disso, conduziu dinâmicas baseadas em situações vividas em sala de aula, inspiradas nas emoções retratadas no filme de animação “Divertidamente", promovendo reflexões sobre regulação emocional.
“Foi um momento muito maravilhoso. Quando a gente traz essa dinâmica, tratando as emoções, a gente acaba aprendendo a administrar as emoções e foram momentos maravilhosos, as experiências que nós passamos aqui foram experiências que nós vamos passar para nossa rede, para um melhor aproveitamento, então nós vamos ser administradores das nossas emoções, com certeza”, ressaltou o supervisor das turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da cidade de Morro de Chapéu, Renan Rocha.
Olhar para o futuro
De acordo com a gerente executiva de projetos educacionais do A TARDE Educação, Andréa Silveira, o 2º Encontro de Articuladores representa um passo fundamental para o auxílio ao desenvolvimento da educação no estado.
“Ao integrar a empatia nas práticas pedagógicas, a iniciativa buscou estimular a reflexão das possibilidades de alteração das dinâmicas escolares, promovendo um ambiente mais acolhedor e saudável para alunos e educadores. Este processo fortalece a saúde mental, desenvolve habilidades socioemocionais e contribui para uma educação mais humanizada, essencial para o desenvolvimento integral dos estudantes e para a formação de cidadãos mais empáticos e preparados para os desafios da vida”, completou Andréa.
O 2º Encontro de Articuladores reuniu articuladores e secretários de Educação de municípios baianos, como Salvador, Santo Estêvão, Candeias, Itaberaba, Amargosa, Camaçari, Castro Alves, Cachoeira, São Francisco do Conde e Simões Filho e Morro do Chapéu.
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