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EDUCAÇÃO

Educação Integral na Bahia impulsiona aprendizado e protagonismo

Conheça os avanços e investimentos que estão reformulando o sistema educacional baiano

Por Loren Beatriz Sousa

18/07/2025 - 15:47 h
Educação Integral na Bahia impulsiona aprendizado e protagonismo
Educação Integral na Bahia impulsiona aprendizado e protagonismo -

“Eu observava o pessoal estudando integral e falava ‘deve ser muito cansativo’, mas agora estudando, passando por isso, eu sinto que é uma oportunidade que eu tenho de estudar mais. Eu sou uma das alunas que fica até tarde na escola, por vontade própria mesmo. E para mim, eu esqueço todo o cansaço, eu esqueço toda a carga e foco que é uma oportunidade que muita gente não teve, e eu estou tendo e pretendo valorizar isso até eu terminar a escola. É muito inspirador”.

O depoimento é de Livy Vitória, estudante do 1º ano do curso de Áudio e Vídeo do Colégio Estadual Pedro Paulo Marques e Marques, localizado no bairro de São Cristóvão, em Salvador. A instituição é uma das que ofertam o Ensino Médio Integral (EMI), modelo pedagógico que vai muito além da ampliação do tempo na escola. A modalidade proporciona uma formação integral aos estudantes, desenvolvendo tanto as competências cognitivas quanto as socioemocionais, além de fomentar o protagonismo juvenil e incentivar a construção de um projeto de vida.

Durante uma visita guiada realizada pelos estudantes no Colégio Estadual Pedro Paulo Marques e Marques, A TARDE acompanhou in loco como a proposta educacional tem impactado positivamente vidas, espaços e trajetórias.

Com uma estrutura de grande porte, o colégio oferece uma infraestrutura completa que alia lazer, esporte, pesquisa e tecnologia, contribuindo diretamente para a qualidade do ensino.

Piscina semiolímpica
Piscina semiolímpica | Foto: Instituto Natura

Ao todo, são 34 salas de aula e ambientes diversos que estimulam a aprendizagem integral dos estudantes, como sala de música, sala multifuncional, espaços para jogos e lutas, laboratórios de física, química, informática e biologia, além de biblioteca, refeitório, auditório, campo society, quadra poliesportiva coberta com arquibancada e uma piscina semiolímpica.

A unidade escolar também conta com a sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), que funciona nos três turnos e garante acompanhamento aos estudantes com diferentes estilos de aprendizagem e níveis de estímulo necessários para aprender.

Professor Ubaldo Akaidara
Professor Ubaldo Akaidara | Foto: Instituto Natura

Entre as atividades, a oficina de percussão, coordenada pelo professor Ubaldo Akaidara, se destaca como um dos espaços mais procurados pelos estudantes. “É importante porque a gente consegue fazer uma entrega coletiva. Tem dia que não tem instrumento suficiente pra todo mundo. Aí a gente improvisa: usa a mão, o corpo, a técnica de solfejo. A percussão não tem limite. A gente pode pegar a parede e fazer dela de percussão. O corpo da gente principalmente”, disse o professor.

Escola em Tempo Integral na Bahia

A expansão desse modelo educacional está alinhada ao Programa Escola em Tempo Integral, lançado em 2023 pelo Governo Federal. A iniciativa busca ampliar as matrículas na educação básica, com apoio técnico e financeiro, beneficiando principalmente os estudantes em maior situação de vulnerabilidade social.

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De acordo com levantamento do Instituto Sonho Grande, com base nos dados do Censo Escolar 2024, houve avanço significativo do EMI no Brasil. Atualmente, 21,7% das matrículas e 35,3% das escolas do país adotam o modelo. Entre 2019 e 2024, as matrículas em escolas públicas passaram de 10,3% para 21,7%, mais que o dobro; e o número de escolas aumentou de 13,6% para 35,5%, um crescimento de 21,7 pontos percentuais.

Na Bahia, o mesmo levantamento apontou que o percentual de alunos matriculados em tempo integral cresceu de 2,5% em 2019 para 18,3% em 2024, um aumento de 15,8 pontos percentuais nos últimos cinco anos. No mesmo período, o percentual de escolas da rede pública com oferta de tempo integral passou de 11,1% para 53,8%, um crescimento de 42,7 pontos percentuais, alinhando-se à meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE) vigente.

Segundo o assessor especial da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), Manoel Calazans, a educação em tempo integral tem se consolidado como uma das principais estratégias para fortalecer o ensino público.

“A gente quer uma escola de tempo integral grande, que tenha toda a estrutura para que funcione da melhor forma possível, com todos os equipamentos. A gente precisa modernizar, ter orçamento, equipe de gestão e corpo docente da escola que tope o tempo integral, porque o discurso precisa ser um discurso único, de convencimento muitas vezes da família”, explicou.

Apesar dos avanços, um levantamento recente divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelou que a Bahia enfrenta baixos índices de alfabetização. Diante disso, Calazans reforçou o compromisso com a política de reparação das aprendizagens.

“Temos municípios que alfabetizam 10% dos estudantes na idade certa. Significa que, a cada 100 estudantes na segunda série do Fundamental I, só 10 ou 20 são alfabetizados. Isso acaba atingindo diretamente nós, da rede estadual. A gente não é o responsável pela alfabetização do estudante que tem 6, 7 anos, mas esse estudante que não é alfabetizado no tempo adequado acaba levando sequelas por toda a vida escolar e acaba chegando na nossa escola de ensino médio. Ele chega ao ensino médio com sérias dificuldades em língua portuguesa e em interpretação de texto”, iniciou.

“Precisamos ter também um regime de colaboração que garanta aos municípios condições para alfabetizar. Esse é um grande movimento que precisamos fazer e que tem tudo a ver com o tempo integral. Com o tempo integral a gente tem mais tempo de currículo, com o tempo integral a gente consegue fazer inovação e a gente consegue curricularizar tudo o que está acontecendo no entorno da escola”, acrescentou.

Instituto Natura fortalece políticas públicas na Bahia

Fundado em 2010 no Brasil, o Instituto Natura - que firmou um acordo com o Governo da Bahia, por meio da SEC, no final de 2024 - tem sido um aliado na implementação das políticas de tempo integral em 22 estados brasileiros. Na Bahia, a colaboração se destaca pelo alinhamento com metas de equidade racial, melhoria dos indicadores de aprendizagem e qualidade do ensino.

Em entrevista exclusiva ao A TARDE, durante a abertura da formação ‘Tempo de Transformar: A Política de Educação Integral na Bahia’, no Hotel Fiesta, em Salvador, a gerente de ensino médio do Instituto Natura, Iara Viana, explicou que a atuação da organização se concentra na educação básica pública e ocorre em duas frentes: uma voltada à educação e outra ao enfrentamento da violência e do câncer de mama entre meninas e mulheres. No eixo educacional, o apoio se dá principalmente por meio da disponibilização de especialistas estratégicos às secretarias estaduais.

Iara Viana durante visita guiada
Iara Viana durante visita guiada | Foto: Instituto Natura

“A gente acompanha 22 estados brasileiros, e não só acompanha, a gente apoia. E esse apoiar não é recurso diretamente, é um apoio, na verdade, onde colocamos um especialista estratégico, alguém que vai auxiliar servidores da secretaria, servidores públicos efetivos, a desenvolverem aquela política pública”.

“Então, a gente auxilia para que esses estados olhem para o recurso que vem do governo federal, faz georreferenciamento da rede, para entender, olha, você tem tais desafios, custa tanto. Então, do recurso do governo federal, você pode alocar seu recurso aqui, que é uma expertise que as redes públicas não têm”, complementou.

Outro aspecto destacado por Iara é o alinhamento da política estadual com a equidade educacional, especialmente no que se refere à população negra.

“Nós sabemos que a maioria da população brasileira é autodeclarada pretos e pardos no nosso país. E quando a gente olha para resultados educacionais, a gente percebe que ainda há uma diferença, um gap histórico, entre quem aprende mais e quem aprende menos, ou para quem é ensinado mais ou para quem é ensinado menos [...] Então, estar na Bahia com essa política, desenvolvendo a metodologia da educação integral, é alcançar majoritariamente este público. É uma prioridade, é uma premissa do Instituto Natura trabalhar com educação integral e equidade educacional”.

Na prática, a proposta do Instituto é se antecipar às demandas dos estados, com base no acompanhamento dos dados educacionais. No território baiano, o acordo que está em fase de execução, prevê três anos de acompanhamento, com etapas bem definidas.

“A gente tem que garantir as formações com gestores, depois tem a formação para os professores, para que, na verdade, todo elemento estruturante de formação e qualidade seja garantido ali no primeiro ano de apoio. No segundo ano, já é para isso já ir se desdobrando nas avaliações, inclusive, estaduais. Já precisa ir vendo resultados para no terceiro ano, a gente já ir saindo e deixar essa organização, essa governança estabelecida na Secretaria”.

Em 2025, de acordo com a SEC, a política de educação integral contemplará 652 escolas em 374 municípios, beneficiando mais de 128 mil estudantes em toda a Bahia.

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Tags:

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