EDUCAÇÃO
Pedagogo transforma vidas com educação no sistema prisional da BA
No Dia do Pedagogo, conheça o trabalho de Bruno Conceição com reeducandos no Conjunto Penal de Salvador
Por Loren Beatriz Sousa

A pedagogia vai muito além das salas de aula da Educação Infantil ou dos Anos Iniciais e Finais. O trabalho do pedagogo também está presente em áreas como hospitais, empresas, instituições do terceiro setor e até no sistema prisional. É nesse último campo que atua há quatro anos o pedagogo Bruno Conceição, no Conjunto Penal Masculino de Salvador - uma unidade de cogestão administrada pela empresa Socializa em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP).
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No local, Bruno é responsável por garantir acesso à educação para pessoas privadas de liberdade, oferecendo desde atividades escolares, cursos, palestras, rodas de leitura e projetos pedagógicos até a participação em exames nacionais e concursos.

“O meu papel neste espaço é garantir o acesso dessas pessoas ao direito básico que é a educação, seja no seu aspecto formal ou informal [...] com os incentivos práticos na oferta de cursos e projetos que apoiam e dão dinamismo as nossas unidades, propondo um caminho diferente que busca formar e oferecer a estas pessoas possibilidades que vai na contramão daquilo que levaram elas até aquele espaço, seja pelas atividades laborativas e educacionais”, afirma.
Pedagogia no sistema prisional: um campo de possibilidades
Atualmente, cerca de 348 reeducandos estão matriculados nas atividades escolares, divididos em 25 turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) - uma modalidade de ensino da Educação Básica que permite a jovens e adultos retomar e concluir os estudos do ensino fundamental e médio - assistidas pelo Colégio Estadual Professor George Fragoso Modesto.
Além disso, 28 reeducandos participam do curso de Manutenção de Micro, 16 da oficina de Refrigeração e 600 da oficina de Leitura e Escrita.
“Os reeducandos possui acesso a formação de maneira integral com apoio de outros setores favorecendo um acompanhamento biopsicossocial. É uma verdadeira reconexão, um reencontro com instrumentos que outrora lhe fora negado e favoreceu o surgimento do sujeito marginalizado. O ato de educar é portanto ato revolucionário, que desperta nessas pessoas já negativada pela sociedade um sujeito positivo, com valores e conhecimentos que favorecem um novo começo na sociedade”, destaca Bruno.
Apesar dos avanços, os desafios ainda são muitos. O pedagogo reforça a importância de ampliar a compreensão sobre o papel da educação nesse contexto.
“É necessário favorecer uma formação integrada com os agentes, policiais e monitores de ressocialização, todos os envolvidos para que compreendam o papel e responsabilidade social que estes profissionais possuem. É preciso que se fortaleça as políticas de reintegração das pessoas privadas de liberdade na sociedade, seja no ambiente educacional, familiar (vale ressaltar que este possui um papel salutar, que constrói esperança e auxilia na participação efetiva dos reeducandos), nos espaços de emprego e na garantia de renda. Tais ações são essenciais para que possamos diminuir a reincidência dessas pessoas no sistema prisional”, ressalta.
Ao longo de sua trajetória, Bruno acumulou experiências marcantes. Entre elas, destaca a construção coletiva de livros com os reeducandos, como “E quem disse que não - Fábulas no cárcere” e o “Preto, preta, pretos - Uma reflexão sobre o racismo estrutural no sistema prisional”.

“Outro momento também significativo foi o ‘Festival de Artes’ onde os reeducandos que estudaram durante o ano letivo, apresentaram o tema trabalhado durante o projeto pedagógico anual em sala de aula. Todos estes momentos demonstram o potencial que essas pessoas possuem e precisam ser vistas, reconhecidas e reintegrada”, concluiu.
O Dia do Pedagogo no Brasil é comemorado nesta terça-feira, 20 de maio.
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