CLÁSSICO
Dupla Ba-Vi seria maior empecilho para fim da torcida única; entenda
Governador fez esforço pessoal por fim de recomendação, mas não viu movimentação dos clubes
Por Lula Bonfim
O primeiro Ba-Vi de 2024 ocorreu no último domingo, 18, com o Barradão completamente lotado. Mas os mais de 30 mil torcedores no estádio eram todos rubro-negros, sem a presença dos tricolores no setor de visitantes do estádio. Isso ocorre porque os clubes cumprem uma recomendação do Ministério Público da Bahia (MP-BA) que sinalizou, a partir de 2018, pela realização dos clássicos entre Bahia e Vitória apenas com a torcida do time mandante.
Havia, porém, uma expectativa nos bastidores do governo do estado, de que o primeiro clássico do ano tivesse novamente as duas torcidas. Desde que o governador Jerônimo Rodrigues (PT), torcedor declarado do Vitória, passou a se engajar publicamente, a partir de dezembro de 2023, para que a medida fosse revista, muitos viam a chamada “torcida única” com seus dias contados.
Por algumas vezes, Jerônimo se reuniu com representantes do Ministério Público, para entender o que seria necessário para que a procuradoria retirasse a recomendação de torcida única. Nessas conversas, alguns critérios foram estabelecidos para a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), para o Bahia e para o Vitória. Cumpridos os requisitos, o MP-BA retiraria a sugestão de clássicos com apenas torcedores do mandante.
O governador convocou Marcelo Werner, titular da SSP-BA, e determinou que todos os critérios estabelecidos pelo MP-BA fossem cumpridos. Desde então, a Polícia Militar da Bahia (PM-BA) passou a se manifestar claramente pela possibilidade da realização do clássico com duas torcidas, afirmando que a corporação seria capaz de garantir a segurança do evento.
Mas o tempo passou e os clubes não teriam se movimentado para cumprir com os requisitos que possuíam relação com eles. Conforme fontes do portal A TARDE próximas ao Palácio de Ondina, essa inércia de Bahia e Vitória teria provocado insatisfação em Jerônimo Rodrigues, que, antes convencido a comparecer ao Barradão, decidiu viajar ao interior do estado no último domingo.
A decepção teria sido revelada por Jerônimo na última sexta-feira, 16, durante uma reunião com o novo procurador-geral do MP-BA, Pedro Maia. Também estavam presentes na conversa o senador Jaques Wagner (PT); o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas (PT); e o chefe de gabinete do governador, Adolpho Loyola (PT).
Na oportunidade, segundo interlocutores próximos a Jerônimo, Maia teria dito que “os clubes não facilitam”. Como resposta, o governador apontou que a medida de torcida única é uma vergonha para o estado da Bahia.
A avaliação, tanto do MP-BA quanto do governo do estado, é que os clubes não deram as garantias necessárias de que fariam esforço para alterar a operação nos jogos, facilitando entrada e saída da torcida adversária, incluindo a possibilidade de mudar o local do acesso visitante, conforme orientação da Polícia Militar.
Questionado pelo portal A TARDE nesta segunda-feira, 19, sobre o tema debatido na reunião, o governador voltou a demonstrar insatisfação com a situação, afirmou que a Polícia Militar pode garantir a segurança do clássico, apontou que o MP-BA já considera repensar a medida e jogou a responsabilidade para os clubes.
“Eu penso que nós tínhamos que fazer [com duas torcidas]. O Ministério Público entrou no circuito, ajudou bastante. Eu vou continuar dizendo: eu garanto a segurança pública. Agora, eu não posso forçar a barra. O Ministério Público recuou no sentido de querer repensar [a torcida única]. No caso dos clubes, aí é responsabilidade de cada um. Eu não posso mais. Eu fiz o que eu pude”, lamentou Jerônimo.
Demonstrando esgotamento em relação ao tema, o petista chegou a sinalizar que, a partir deste momento, vai lavar as mãos.
“Minha parte foi feita. Eu não vou mais ficar insistindo nessa conversa. Os clubes precisam, pelo menos Bahia e Vitória, fazer alguma coisa”, concluiu o governador.
Na tarde desta terça-feira, 20, ambos os clubes foram procurados pelo portal A TARDE através de suas assessorias de imprensa, mas não responderam aos questionamentos da reportagem até a publicação desta matéria. O Ministério Público da Bahia também foi acionado, por meio de sua área de comunicação, mas não respondeu às perguntas realizadas.
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