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DE OLHO EM PARIS

Estrelas do boxe baiano projetam Olimpíadas em busca da medalha

Em entrevista exclusiva, Bia Ferreira, Tati Chagas, Wanderley Pereira e Keno Marley revelam preparação

Por Beatriz Amorim *

29/01/2024 - 6:00 h
Time de boxe do Brasil nos Jogos Pan-Americanos
Time de boxe do Brasil nos Jogos Pan-Americanos -

Com a ansiedade a mil e o relógio contando os minutos para a estreia dos Jogos Olímpicos de Paris, a Bahia segue, mais uma vez, bem representada em busca de somar medalhas ao quadro do Time Brasil.

Por isso, o Portal A TARDE preparou uma série com entrevistas exclusivas com Bia Ferreira, Tati Chagas, Wanderley Pereira e Keno Marley do boxe, Guilherme Caribé da natação, Isaquias Queiroz da canoagem e Ana Marcela da maratona aquática, que nos contaram sobre a preparação para o torneio.

Para uns será a estreia, para outros, será a busca pela redenção ou por colocar, de uma vez por todas, o nome entre os maiores esportistas da história. Seja na água ou nos ringues, o sangue do dendê correrá nas veias daqueles que carregam no peito o orgulho de representar a Bahia na maior competição poliesportiva do mundo, que neste ano completará 128 anos de história.

Na edição passada, em 2021, que ocorreu em Tóquio, o estado foi destaque no país ao conquistar cinco medalhas Olímpicas, sendo quatro delas de ouro. A delegação brasileira inteira faturou sete no total, o que representou mais da metade para atletas que nasceram na Bahia.

A "douradinha" veio com Ana Marcela, Hebert Conceição, do boxe, Daniel Alves, do futebol, e Isaquias Queiroz. A quinta medalha veio com a pugilista Beatriz Ferreira que, em uma final equilibrada, levou a pior e ficou no segundo degrau do pódio.

Neste ano, em Paris, a Bahia poderá, novamente, carregar a delegação brasileira e bater mais um recorde de medalhas. Os nomes de Ana Marcela e Isaquias são um dos favoritos a vencerem novamente nas suas categorias, enquanto Bia Ferreira, Keno, Tati, Wanderley e Caribé podem, pela primeira vez, subir ao lugar mais alto do pódio, totalizando seis e igualando a campanha de 2016, no Rio. A melhor colocação do Time Brasil ocorreu em Tóquio, quando ficou na 12ª colocação com 21 medalhas somadas.

A edição de 2024 das Olimpíadas terá a sua abertura no dia 26 de julho, enquanto o encerramento será 17 dias depois, no dia 11 de agosto.

Estado do boxe? Confira o planejamento dos principais nomes até os Jogos Olímpicos de Paris

Como veterano ou calouro, estar na maior competição poliesportiva do mundo é uma responsabilidade sem tamanho. No boxe não é diferente, principalmente para aqueles atletas que representam a Bahia, celeiro de grandes estrelas da modalidade. Em conversa exclusiva com o Portal A TARDE, Bia Ferreira, Tati Chagas, Wanderley Pereira e Keno Marley contaram um pouquinho sobre a preparação e as expectativas para os Jogos.

Beatriz Iasmin Soares Ferreira, de 31 anos, compete na categoria 60kg e, nada mais, nada menos, é a atual campeã do mundo na modalidade. Além disso, Bia conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, que ocorreu em 2023, e a prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021.

Visando pular para o degrau de cima e garantir a “douradinha” em Paris, como a mesma disse, a baiana afirmou que a preparação começou há bastante tempo e seguirá com muita intensidade até agosto, quando começam as Olimpíadas.

“A preparação está a mil. A gente está tentando fazer o máximo de estudos de possíveis adversárias que vamos enfrentar. E na verdade, a preparação já começou quando Tóquio encerrou, né? Eu já sabia que iria para outro ciclo porque eu estava disposta a garantir a minha vaga para Paris e quando eu consegui firmar, só pensei nisso”, garantiu a atleta.

A realidade não é diferente para Keno, de 23 anos, que compete na categoria 92kg, e Wanderley, de 26 anos, da categoria 80kg, que garantem ter um ano cheio, com uma sequência de viagens, bases de treinos e competições. Nos jogos Pan-Americanos de 2023, ambos subiram ao pódio representando a Bahia com a medalha de prata.

“A preparação começou cedo, nos primeiros dias de janeiro, logo após a virada. Ingressamos para São Paulo, onde estamos na base de treinamento e vamos continuar com os treinos. É um ano bastante cheio até as Olimpíada. Temos algumas bases preparatórias e competições neste intervalo e estamos indo bem”, afirmou Keno Marley, que está indo para a sua segunda Olimpíadas.

Keno Marley durante treino
Keno Marley durante treino | Foto: Camila Nakazato / CBBoxe

“A preparação está a todo vapor. Os Jogos Olímpicos têm um peso a mais, mas a preparação será igual, com bastante foco e determinação para chegar lá e fazer um bom trabalho”, disse Wanderley Pereira.

Estreantes nos Jogos, Tatiana Chagas, de 31 anos de idade, e Bárbara Santos, de 32 anos, lutam com atletas de até 54 kg e 66 kg, respectivamente, e foram ouro no Pan-Americano de 2023, garantindo mais duas medalhas ao estado do boxe. As atletas falaram sobre a preparação e afirmaram ter altas expectativas, contando com a torcida dos brasileiros.

“A expectativa é a melhor. É a minha primeira Olimpíadas, porque graças a Deus eu consegui me classificar, e estou muito feliz em representar o Brasil e espero que todos estejam torcendo por mim em Paris”, disse Tati.

“A preparação está bem intensa. Temos muitas viagens marcadas, a primeira para a Colômbia, onde estaremos na base de treinamentos. Lá o ritmo com certeza será muito forte e com pessoas de outros países, né. Então, daqui até Paris, a intensidade só vai aumentando”, disse Bárbara Santos.

E por falar em estado do boxe, os pugilistas também comentaram sobre o sentimento de representar um dos maiores celeiros do boxe mundial, garantindo sentir orgulho das suas origens.

“É uma responsabilidade. Como todo mundo fala: ‘a Bahia é murro na cabeça’. Eu tenho orgulho demais, o povo baiano é muito guerreiro e tem uma escola de boxe que, por ser baiana, só me dá orgulho de saber que eu estou representando bem a minha origem. Eu acho que aqui tem um celeiro diferenciado por causa da facilidade que os atletas encontram o esporte, que está nas escolas, na rua, em todos os lugares. Então isso facilita a gente sonhar e acreditar em se tornar um atleta de alto rendimento", comentou Bia Ferreira.

Nascido em Sapeaçu, Keno é outro atleta que sente a vibração do povo baiano de perto, afirmando estar muito feliz por representar o “estado do boxe”.

“É algo legal, importante para mim saber que estou representando meu estado e o Brasil inteiro. A Bahia é algo legal porque as pessoas, principalmente no meu esporte, tendem a torcer muito, ter uma participação ativa. Então eu fico muito feliz por poder representar o estado do boxe”, disse o pugilista.

Nascida em Salvador e criada em Camaçari, Bárbara treinou na Academia Nocaute, em Pernambués, e se sente muito feliz e grata por representar o estado na competição.

“Embora não seja a primeira, nem a única baiana classificada, a Bahia é muito forte no boxe. Mas para mim é muito gratificante, por ser a maior e mais importante competição, então eu fico muito feliz de levar o nome da Bahia para o Mundo. (...) Poder estar levando o nome da Academia, do estado, é muito importante para mim”, contou Bárbara.

Bia Ferreira e Bárbara Santos durante treino
Bia Ferreira e Bárbara Santos durante treino | Foto: Camila Nakazato / CBBoxe

Para os Jogos de Paris, os baianos projetam as expectativas lá no alto, sonhando em somar mais uma medalha ao quadro do Brasil. Assim, buscando o ouro, como é o caso de Bia Ferreira, ou só subir ao pódio, os torcedores baianos podem ficar tranquilos, porque se depender da confiança dos atletas, a vitória será por nocaute.

“As expectativas são as melhores, acreditando que tenho chance de trazer uma medalha. Eu venho apresentando um trabalho nas competições de níveis importantes e acredito que nas olimpíadas não será diferente. Também venho trabalhando bastante, focado e determinado, por isso acredito que tenho chances sim de trazer uma medalha”, projetou Wanderley Pereira.

“As expectativas são as melhores possíveis, tendo em vista os resultados obtidos nas competições anteriores. Então, estamos bem preparados. É uma reta final até as olimpíadas e vamos continuar os trabalhos em busca da medalha”, garantiu Keno Marley.

Outra Pugilista que segue com as expectativas lá no alto é Bia Ferreira, que além de garantir que está positiva em busca do ouro, afirmou que o “gostinho” será melhor em Paris.

“Estamos dando conta dos treinos, entregando tudo e tendo resultados, o que nos dá uma confiança a mais. Acredito que o time está bem maduro, bem confiante e bem centrado naquilo que todo mundo quer”, disse a baiana.

“O foco é estar em Paris e no pódio, sentindo tudo que eu senti [em Tóquio], mas agora será mais gostoso porque eu vou consegui aproveitar muito mais e, se Deus quiser, no lugar mais alto do pódio, com a douradinha”, idealizou a atual campeã Pan-Americana.

Atleta do boxe durante treino
Atleta do boxe durante treino | Foto: Camila Nakazato / CBBoxe

Além disso, Beatriz Ferreira relembrou a edição passada, quando perdeu na final e ficou com a prata. Desta vez, a soteropolitana afirmou estar indo muito mais preparada para conseguir o que todos querem, mas só um alcança: a medalha de ouro.

“O pensamento é positivo. Bati na trave e dessa vez eu estou indo bem mais concentrada, com bem mais experiência, pronta para fazer um gol de placa e quem sabe uma bicicleta” brincou a baiana, finalizando a entrevista.

Na próxima matéria da série de reportagens “De Olho em Paris”, você vai conferir a preparação dos atletas baianos da natação e as expectativas para o torneio de julho deste ano. Nossa equipe conversou com um dos grandes nomes da modalidade: Guilherme Caribé, entre outros. Fique de olho nas nossas redes sociais e no portal A TARDE.

* Estagiária sob supervisão da sub editora Brenda Ferreira.

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