FUTEBOL
Relembre as polêmicas de Ednaldo Rodrigues, afastado da CBF
Dirigente favoreceu familiares e aumentou salário de eleitores às vésperas de eleição
Por Redação

Afastado nesta quinta-feira, 15, da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), o baiano Ednaldo Rodrigues já se envolveu em diversas polêmicas durante sua longa carreira como dirigente esportivo.
No comando de instituições históricas do esporte brasileiro, ele teria usado e abusado de seus postos para se manter no poder, além de favorecer familiares e amigos, com cargos, viagens e outras vantagens.
Confira abaixo a lista de polêmicas colecionadas por Ednaldo Rodrigues.
Registros de Liedson
O jornalista Oscar Paris revelou, em 2008, que a Federação Bahiana de Futebol (FBF), sob o comando de Ednaldo, alterou documentos do atacante Liedson para beneficiar financeiramente um clube do interior baiano em 2005.
De acordo com o jornalista, os registros federativos de Liedson, que não tinha passagem por categorias de base, haviam sido mudados a fim de garantir R$ 900 mil ao Esporte Clube Poções, através do "mecanismo de solidariedade" em uma negociação internacional entre o Corinthians-SP e o Sporting Lisboa, de Portugal.
Uma ex-funcionária da FBF, que assinou o documento modificado, afirmou que a alteração teria sido feita por Ednaldo Rodrigues.

Parentes na FBF
O Portal A TARDE já havia exposto, em fevereiro deste ano, como a FBF havia sido transformada em uma extensão do patrimônio familiar do dirigente. A instituição é presidida pelo carioca Ricardo de Lima, marido de Taíse Galvão, cunhada de Ednaldo.
Taíse também tem um cargo importante na FBF, responsável por organizar as tabelas do Campeonato Baiano em todas as suas categorias, além do tradicional Torneio Intermunicipal.
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Outra cunhada de Ednaldo, Patrícia Galvão atua como secretária executiva da presidência da instituição mantendo a segunda federação mais antiga do Brasil como uma extensão do patrimônio familiar do dirigente.
Na CBF, Ednaldo não conseguiu emplacar parentes nos cargos de direção. Ao menos, no primeiro mandato. No processo de reeleição, ele incluiu Ricardo de Lima na lista de vice-presidentes da instituição, colocando o marido da cunhada na sua hierarquia sucessória.
Passagens para a família
Conforme revelado pela coluna Painel, da Folha de S. Paulo, Ednaldo utilizou verbas do futebol brasileiro para bancar passagens aéreas e hospedagens para parentes e familiares em 2023.
Naquele ano, a filha de Ednaldo, Rafaela Brandt, consumiu, com dinheiro da CBF, R$ 54.374,00 em hospedagens no Grand Hyatt, entre janeiro e fevereiro no Rio de Janeiro, e entre julho e agosto em São Paulo.
Rafaela também teve paga pela máxima instituição do futebol brasileiro uma passagem de Salvador ao Rio de Janeiro no dia 17 de fevereiro de 2023, véspera do Carnaval, no valor de R$ 2.406,00.
Ao lado da filha de Ednaldo nessa viagem ao Carnaval de Salvador, também com bilhetes emitidos pela confederação, estavam o marido Gabriel, a mãe Rita, a tia Taíse, além dos filhos ainda pequenos.
Entre 30 de julho e 8 de agosto de 2023, a CBF custeou ainda uma hospedagem de R$ 16.861,00 para Taíse Galvão, cunhada de Ednaldo, no Grand Hyatt, em mais um ato de uso de verbas do futebol brasileiro para favorecer a família do dirigente.

Farra no Catar
A revista Piauí foi outro veículo de imprensa a expor os desmandos de Ednaldo Rodrigues à frente do futebol brasileiro. Segundo a publicação, a CBF bancou um grupo de 49 pessoas sem relação direta com a entidade durante a Copa do Mundo do Catar, em 2022, incluindo voos em primeira classe, hotel cinco estrelas e ingressos para jogos da seleção canarinho.
A farra na Copa do Catar teria custado R$ 3 milhões aos cofres da entidade. Entre os beneficiários, estão um deputado, senador, desembargador, cantor, empresário, jornalistas e socialite, assim como membros de suas respectivas famílias.
Aumento conveniente
Antes de Ednaldo assumir a presidência da CBF em 2021, os presidentes das federações estaduais de futebol recebiam R$ 50 mil de salário, cada um. O valor dos vencimentos, custeados pela CBF, porém, aumentou mais de 300% durante a gestão do baiano, chegando a R$ 215 mil.
O aumento salarial dos dirigentes estaduais soa conveniente para Ednaldo, já que são os presidentes de federações os responsáveis pelos votos de maior peso na eleição para a presidência da CBF. Agradando-os, o gestor do futebol brasileiro pode ganhar aliados para a reeleição.
Sem surpresas, Ednaldo acabou reeleito presidente da CBF em abril deste ano, com o voto unânime dos 27 presidentes de federações estaduais, assim como dos 40 clubes que disputam a Série A e a Série B do Campeonato Brasileiro.
Sem preparo para a arbitragem
Enquanto derramava dinheiro para agradar amigos, familiares e aliados políticos, a gestão de Ednaldo Rodrigues economizou no preparo da arbitragem do futebol brasileiro.
Recentemente, o dirigente suspendeu todas as viagens aéreas e hospedagens pagas pela CBF a árbitros da Série A do Campeonato Brasileiro, que deveriam realizar quinzenalmente um treinamento e avaliação física em um clube privado do Rio de Janeiro.
Sob pressão por atuações polêmicas durante o Brasileirão, os árbitros têm criticado justamente a retirada das verbas para a realização das avaliações no Rio.
Milhões para ex-adversário
Ex-vice-presidente da CBF, Gustavo Feijó, acionou a Justiça do Rio de Janeiro contra Ednaldo Rodrigues. Adversário do dirigente baiano, o alagoano visava derrubar o rival da presidência da instituição, o que até conseguiu parcialmente, mas teve seus planos frustrados por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Feijó era adversário de Ednaldo, mas retirou a reclamação na Justiça, que ocorreu após o pagamento de R$ 2,5 milhões da CBF ao alagoano, no âmbito de uma outra ação do ex-vice-presidente junto à instituição.
No mesmo período, Feijó, que era candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Zveiter, também desistiu de concorrer contra Ednaldo.
Assédio moral
A arquiteta Luísa Xavier da Silveira Rosa, contratada pela CBF ainda na gestão do ex-presidente Rogério Caboclo para a construção de 14 centros de treinamento, recebeu uma proposta para trabalhar na FIFA (Federação Internacional de Futebol) e pediu demissão da instituição brasileira.
O pedido, porém, foi rejeitado por Ednaldo, que a alçou a diretora de patrimônio, a tornando a primeira mulher na diretoria da entidade.
O problema é que, segundo Luísa, a promoção dada por Ednaldo tratou-se apenas de uma “jogada de marketing”, já que sua função de diretora de patrimônio acabou sendo sabotada pelo dirigente, com um salário muito abaixo do antecessor, além de “retaliações, esvaziamento de atribuições e todo tipo de humilhação”.
O caso foi para a Justiça e a arquiteta acusou Ednaldo de assédio moral.
Assinatura falsa
Mais recentemente, surgiu a última polêmica, que resultou no afastamento de Ednaldo nesta quinta-feira: a falsificação de uma assinatura que deveria ser do ex-vice-presidente da CBF, Antonio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes.
A assinatura supostamente falsa validava o acordo que manteve Rodrigues no poder. Com base nessa acusação, o desembargador Gabriel Zefiro decretou nulo o documento, afastando assim Ednaldo da presidência da CBF.
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