BRASILEIRÃO
Qual a diferença entre ser SAF e ter investidor?
Saiba quais clubes brasileiros funcionam com SAF e quais recebem investidores independentes
Por Marina Branco

Hoje em dia, o crescimento, declínio e articulação entre clubes de futebol estão intimamente conectados à maneira pela qual eles são geridos - como o dinheiro que os sustenta é organizado e, principalmente, de onde ele vem. Cada vez mais, se popularizam as famosas SAFs, tão comuns que começam a se confundir com investidores de clubes.
Uma SAF (ou Sociedade Anônima do Futebol) é, em sua essência, um conglomerado empresarial. É como se uma grande organização transformasse clubes de futebol em empresas, e os tornasse parte de um só grupo, controlado por aquela sociedade.
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A estrutura jurídica visa, acima de tudo, profissionalizar a gestão, lucrar o máximo possível com cada time e atrair cada vez mais investimentos para todos eles. Assim, SAFs não são investidores - são empresas maiores que injetam dinheiro nos clubes que as integram, recebendo até mesmo investimentos externos, onde pessoas físicas ou jurídicas compram ações da SAF.
Assim, os investidores se tornam sócios dos clubes, lucrando com a valorização da SAF à qual aquele time pertence, já que os lucros são distribuídos também aos investidores.
Vale ressaltar também que é possível investir em um time que não faz parte de uma SAF, atuando como investidor independente. Enquanto a SAF é a estrutura legal que transforma clubes em empresas, os investidores são indivíduos que decidem injetar dinheiro nesses clubes, com ou sem o intermédio da SAF.
Os investimentos servem paraquitar dívidas, investir em infraestrutura, reforçar o elenco, entre outras possibilidades.
Clubes brasileiros que funcionam com SAF
Dentro do Brasileirão, alguns clubes seguem o sistema de SAF, enquanto outros recebem investidores independentes. Um dos exemplos mais famosos de clube com SAF é o próprio Bahia, que vendeu 90% de suas ações ao City Football group, SAF do Manchester City, em 2023.
Atlético‑MG – 75% das ações vendidas à Galo Holding em julho de 2023
Botafogo – 90% das ações vendidas à Eagle Football de John Textor (mesma do Lyon, da França) em 2022
Cruzeiro – Ronaldo Fenômeno comprou 90% das ações em 2021, e vendeu parte a Pedro Lourenço, atual proprietário da SAF cruzeirense
Fortaleza – Iniciada em 2023 com 100% do controle ainda do clube, sem investidores externos
Vasco – 70% das ações vendidas à 777 Partners em 2022, com o controle de volta à diretoria do clube em 2024 por disputas judiciais
Cuiabá - Clube-empresa desde a fundação, virou SAF em 2021
Coritiba - 90% vendido para a Treecorp Investimentos em 2023
Novorizontino - Primeiro clube brasileiro 100% SAF desde dezembro de 2023
Vale ressaltar que o Red Bull Bragantino é um clube-empresa (LTDA) desde antes da criação da Lei da SAF, que institucionalizou a transformação de clubes em empresas no Brasil, não sendo considerado SAF.
Clubes brasileiros que recebem investidores mas não têm SAF
Alguns clubes brasileiros recebem investimentos mas não são controlados por uma SAF. O Vitória, por exemplo, ainda não tem uma SAF definida, apesar de já ter iniciado conversas e feito até mesmo um workshop visando a implementação da SAF Qatar Sports Investments, que administra o PSG, até 2027.
Fluminense - Sem SAF, tem negociações feitas pelo Banco BTG, assessor do clube, para criar um fundo de investimento com vários acionistas
São Paulo - Funciona com um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC), sem SAF
Santos - Sem SAF, mas contratou a XP Investimentos para avaliar o clube e buscar potenciais investidores
Flamengo, Palmeiras e outros - Gestão profissional, mas sem estrutura de SAF
Corinthians, Grêmio e Internacional - Estrutura associativa tradicional, com dinheiro de patrocínios e parcerias
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