INFRAESTRUTURA
Nova rodoviária impulsiona bairro de Salvador antes de inauguração
As obras do equipamento já estão impulsionando a procura por casas comerciais na região, principamente galpões

Por Joana Lopes

Embora o novo Terminal Rodoviário de Salvador ainda não tenha sido inaugurado em Águas Claras, empresas, incorporadoras e investidores se antecipam para ocupar espaços estratégicos ao redor do equipamento— que terá 41 mil m² de área construída, 230 lojas e integração com metrô, ônibus e, futuramente, VLT.
O movimento é visível sobretudo entre quem acompanha de perto o comportamento do mercado na região. Noel Silva, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci), afirma que as obras desencadearam uma procura por imóveis comerciais, especialmente galpões.
“Quando há deslocamento de um empreendimento como uma rodoviária, há concentração do mercado financeiro e comercial para essa região da cidade”, explica.
Matheus Moreira, sócio e corretor da Onix Imob, que atua em Águas Claras, também é testemunha dessa nova demanda. “Estávamos negociando com uma rede grande de academia para se instalar no complexo comercial da própria rodoviária, mas, como é um imóvel do estado, há uma grande burocracia”, conta.
Com experiência no mercado local, Moreira explica que o bairro sempre teve forte presença de galpões usados como centros de distribuição e armazenamento para diferentes empresas. Ele explica que, em um espaço de 4000 m², por exemplo, o metro quadrado custa entre R$ 12 e R$ 15. “Após a inauguração da rodoviária, a expectativa é de que, em seis meses, o metro quadrado chegue a custar entre R$ 20 e R$ 25”, diz.
Segmento residencial
Os especialistas acreditam que, após o lançamento da nova rodoviária, o bairro também atrairá novos empreendimentos residenciais. “Tenho a impressão de que as incorporadoras estão aguardando uma proximidade maior da inauguração para avaliar o que podem lançar na região. Águas Claras tem um perfil residencial dentro do segmento Minha Casa, Minha Vida. A estação de metrô integrada na rodoviária será um atrativo para novos moradores”, avalia Noel Silva.
Moreira conta, sem revelar a empresa em questão, que uma incorporadora entrou em contato com um investidor da Onix Imob com interesse em construir um empreendimento residencial de 10 andares, com apartamentos de 60 m² de um ou dois quartos. O corretor prevê que o bairro ganhará novos serviços essenciais, ampliando a atratividade para quem pensa em morar ou investir na região. “A nova rodoviária trará a valorização de imóveis do entorno e maior segurança para o bairro, que deve atrair novos negócios, como supermercados, lojas de varejo e academias, aumentando a circulação de pessoas e, consequentemente, a segurança”.
Enquanto o governo diz que 84% das obras estão concluídas, o setor privado acompanha os impactos práticos — como preço, demanda e perfil dos compradores. A previsão oficial é de que o equipamento tenha 230 lojas comerciais e estacionamento com mais de 800 vagas, além de integração com dezenas de linhas de ônibus e com a Estação Águas Claras do metrô. São números que, segundo corretores, ajudam a explicar o interesse crescente no entorno.
A movimentação atual remete a outras fases de expansão urbana da capital. Moreira lembra que fenômeno semelhante ocorreu há cerca de cinco décadas. “Vale lembrar que o bairro da Saramandaia surgiu por volta de 1975, quando a construção do antigo Terminal Rodoviário de Salvador foi iniciada, levando à ocupação por trabalhadores e suas famílias nas áreas próximas à obra”, recorda.
A expectativa é de que o mesmo aconteça com Águas Claras e o bairro passe por um processo acelerado de adensamento, com surgimento de novos eixos comerciais, oferta de serviços e mudanças no perfil socioeconômico do bairro.
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