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Impasse entre conceito e comércio

Publicado sábado, 30 de abril de 2016 às 15:18 h | Autor: Luis Fernando Lisboa
Desfile na São Paulo Fashion Week
Desfile na São Paulo Fashion Week -

As redes sociais mudaram os mercados de moda ao redor do mundo e, no Brasil, não seria diferente. A 41ª edição da São Paulo Fashion Week, que aconteceu do dia 24 até ontem na capital paulista, deixou claro que as marcas nacionais estão num real conflito: as peças desfiladas devem apostar em conceito ou numa certeira repercussão de vendas?

No calendário de desfiles da SPFW, 39 marcas levaram suas propostas para o verão 2017, em que tendências parecem cada vez mais difusas numa época em que Instagram e Facebook exercem um papel fundamental para o estilo internacional. Vale ressaltar que, a partir da próxima edição, a SPFW não será mais dividida por estações do ano (inverno ou verão).

O Brasil decidiu pelo risco e saiu na frente de grandes semanas de moda, como Paris e Nova York. A partir de 2017, os desfiles nacionais acontecerão nos meses de fevereiro e julho para que as peças cheguem às lojas assim que desfiladas.

Conexão rua

As peças em jeans, as proporções mais afastadas do corpo e alfaiataria feminina ainda são boas pedidas para quem deseja adequar as propostas dos designers nacionais para o armário do cotidiano. A marca do baiano Vitorino Campos, por exemplo, levou uma proposta de estilo de rua global coberto por uma temática futurista. Os óculos da Chilli Beans e os calçados Melissa são possibilidades de aproximar as passarelas da realidade de clientes.

O efetivo modelo "veja agora, compre agora" - tão falado nos últimos tempos - foi aposta no desfile da coleção assinada pelo estilista Karl Lagerfeld para a varejista Riachuelo. O kaiser, conhecido por dirigir a criação das marcas Chanel e Fendi, apostou em referências rocker. O preto e branco dominam em peças bem básicas (t-shirts, calças skinny e minissaias).

O estilista Alexandre Herch covitch volta ao calendário assinando as peças da marca À La Garçonne. Ele propôs uma coleção sustentável na reutilização de tecidos: xadrez e jeans são elementos fortes aqui.

Folhas e artesanal

Algumas marcas nacionais investiram em referências tropicais e brasileiras. A marca PatBo, encabeçada pela mineira Patricia Bonaldi, falou de um Brasil otimista com cores abertas, temas tropicais e variadas folhagens. Em alguns dos looks, aparecia bordada a frase: "melhor quando tinha cor".

Um dos desfiles bem sucedidos da temporada foi encabeçado pela paulista quase carioca Lenny Niemeyer. Mesmo que a inspiração para sua coleção tenha vindo do Japão, as peças reforçam o trabalho artesanal nacional. O resultado é certeza de tendência: para o próximo verão, não podem faltar materiais artesanais.

Diálogos culturais

As interessantes propostas da SPFW vieram dos estilistas Ronaldo Fraga e Fause Haten. O primeiro levou seis refugiados da Síria e Haiti às passarelas. Já o segundo teatralizou a moda com bonecas que tinham o rosto da atriz Marlene Dietrich.

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